As teorias de Karl Marx são consideradas atuais, já que apesar de elaboradas no século XIX, ainda servem para explicar fenômenos do século XXI. Posto isso, Richard Sennett em sua obra “A corrosão do caráter”, aborda essencialmente o capitalismo vigente e sua relação com o tempo, enfatizando que “não há mais longo prazo", posto que a classe dominante visa reproduzir empregos que mudam constantemente para promover benefícios próprios. Esse comportamento, aliado ao uso das novas tecnologias, permite ampliar a jornada de trabalho até mesmo para o ambiente familiar, o que evidencia o quão nocivo é o sistema capitalista.
A priori, salienta-se que a sociedade busca incessantemente fazer parte da burguesia, mantendo assim uma estrutura segregacionista e desigual. Isso pois, as pessoas são coagidas dada a naturalização desse pensamento, em virtude dessa classe dominar como dizia Marx, não somente as relações de produção, mas os comportamentos, por exemplo as tendências de moda ditadas pela Fashion Week. Dessa maneira, as relações de produção são condicionadas por esse sistema, que visa acima de tudo acumulação de capital.
Nesse viés, há uma naturalização da produtividade com a ideia de que “Tempo é dinheiro”, no qual a todo momento temos que produzir para acumular capital. A produtividade encontra seu extremo na era da globalização, visto que com a evolução tecnológica há a precarização do trabalho e adoção de empregos temporários. Com isso, a experiência a longo prazo em uma estrutura empregatícia rígida tornou-se disfuncional, levando os trabalhadores a se adaptarem a uma nova forma de produção.
Na obra de Sennett, é possível perceber essa questão, quando o personagem Rico muda de emprego diversas vezes, tentando se adequar às novas relações de trabalho. Em decorrência, há prejuízos à sua vida pessoal e familiar, porque existe uma dificuldade em conciliar horas de trabalho e de lazer. Sendo assim, a ideia “não há mais longo prazo” de Sennett, ressalta o imediatismo das relações sociais e de produção, respaldadas pelo uso dos meios tecnológicos atuais, como o celular.
Portanto, a estrutura domina o pensamento do trabalhador a ponto de ele se responsabilizar por ações das quais não tem culpa, mas que são impostas. Por sua vez, o conjunto de valores disseminados pela burguesia fortalece o capitalismo vigente, deslegitimando discursos das classes subalternas para fortalecer o comportamento e as condições materiais de existência que beneficiem a classe dominante.
Larissa Melone Esquetini
RA: 231222751
1 ano Direito Matutino
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