O positivismo é uma corrente que tem na ordem a progressão social, a qual entende a manutenção dessa ordem como maneira de orientar a sociedade, que está acima do indivíduo. Nesse sentido, ações fora dos padrões considerados válidos para a preservação desse arranjar do meio desafiam a tão defendida harmonia fundamental e, por isso, necessitam ser combatidas por essa filosofia da ação imediata. Posto isso, é possível fazer um paralelo com o caso de Malala, uma jovem que contestou as dinâmicas as quais ela estava inserida e sofreu consequências de razão instantânea.
Numa
sociedade positivista, o que impera é a ordem. Sendo assim, o funcionamento
dessa esfera social deve ser estático, logo mudanças são confrontadoras. A partir
disso, pode-se pensar em Malala. A garota é proveniente de uma região paquistanesa
conservadora dominada pelo Talibã em 2008, o qual exigia a interrupção das aulas
ministradas às meninas. Ao manifestar-se contra essa proibição, isto é, ao ir em
oposição à harmonia fundamental e à ordem, se observado por um olhar positivista,
ela sofreu repressão ao ser baleada na cabeça por talibãs por atentar contra a
norma moral.
Permanecendo
nesse olhar positivista, a medida adotada pelo grupo ao tentar manter a ordem
de maneira violenta demonstra essa física social da ação instantânea, a qual não
busca entender a essência desses elementos mais profundos no curso do desenvolvimento
social. Por que Malala queria estudar? Violentá-la realmente é efetivo? O que o
ato de Malala reflete? Será que essa postura adotada pela menina não expõe um
conservadorismo que inibe as mulheres? Amedrontar e ferir, utilizando da
violência, apenas tampa um buraco e não o soluciona de fato, ao passo que outras Malalas surgirão ao longo dos futuros anos e, mesmo assim, ainda não se analisa o background do
problema.
Portanto,
o positivismo apresenta lacunas ao procurar soluções rápidas e pode-se entender
que essa proteção da norma moral para o bom funcionamento social pode ser
refutada de certo modo. Por trás de toda ação existem questões profundas, sendo
que é preciso entender suas essências e enfrentar um pouco essa sociedade positivista
ideal.
Anna Beatriz Hashioka- Direito Matutino
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