O
trabalho do sociólogo francês Émile Durkheim ampliou significativamente o
arsenal teórico das Ciências Sociais, sendo considerado, juntamente com Max
Weber e Karl Marx, um dos pais da Sociologia. Uma das grandes contribuições de
Durkheim foi teorizar fato social como as normas culturais, valores ou
estruturas sociais que transcendem o individuo e exercem coerção sobre o mesmo,
mantendo a coesão social e o equilíbrio da sociedade que os concebe. Nessa
ótica, as mudanças ou questionamentos aos fatos sociais podem perturbar estrutura
social, despertando a surpresa ou repressão por parte de instituições estatais
ou sociais. É nesse contexto que se destaca o machismo como fato social e o
feminismo como reação a tais valores.
A
ordem patriarcal está presente na sociedade ocidental há séculos e adaptou
conceitos religiosos e até mesmo manipulações de dados biológicos para formar
um aparato “teórico” que legitimasse a superioridade masculina. Em todas as
épocas, as mulheres que se levantaram contra a ordem vigente foram criticadas,
atacadas e tiveram suas ideias desmerecidas pelo fato de serem mulheres. Nos últimos
anos, presenciamos a ascensão da consciência feminista e seus princípios
divulgados, ainda que superficialmente, em campanhas publicitarias e meios de
comunicação em massa, popularizando o “girl power”.
Mesmo
com tal ascensão, o caráter normativo do machismo como fato social persiste. Setores
da sociedade reagem aos ideais feministas, taxando o movimento como apenas uma massa
de mulheres que não se depilam e são pró-aborto. Se valendo desses preconceitos
e numa tentativa de manter o status quo, políticos como Eduardo Bolsonaro pedem
que o feminismo não seja abordado nas escolas. Enquanto isso, a estrutura
patriarcal continua deixando seu rastro de feminicídio, agressões psicológicas
e estupro.
O objetivo
dessa breve análise é ilustrar como atua um fato social e a dificuldade encontrada
ao tentar mudar uma norma cultural tão arraigada na sociedade. Vale lembrar que
o Direito exerce uma importante função ao acolher novos pensamentos para manter
a coesão social. Dessa forma, leis que combatam o machismo em suas mais violentas
expressões, como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, são aliadas
fundamentais para a mudança de um cruel fato social.
Fontes:
Eduardo
Bolsonaro orienta professores a evitar falar sobre feminismo. Poder 360,
2020. Disponível em: < https://www.poder360.com.br/congresso/eduardo-bolsonaro-orienta-professores-a-evitarem-falar-sobre-feminismo/
>. Acesso em 06/08/2020.
RUZON,
Marcio. O machismo como fato social em Émile Durkheim. A Pátria, 2020.
Disponível em: < https://apatria.org/cultura/o-machismo-como-fato-social-em-emile-durkheim/
>. Acesso em 06/08/2020.
Livia
Mayara de Souza Rocha – 1º ano de Direito - Matutino
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