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sábado, 18 de julho de 2020

Ambição Incontida: Um Atentado à Coesão

   O positivismo, desenvolvido por Auguste Conte em um contexto de intensa anarquia social e intelectual, traz à ciência da sociedade métodos para que esta alcance o grau objetivo de compreensão e interpretação do qual as ciências exatas e da natureza já dispunham. Para isso, vale-se da identificação de leis invariáveis, que possibilitam à sociologia meios palpáveis para sistematizar o caminho progressivo a evolução humana. Dispondo de tal metodologia, Conte revela como lei imutável da sociedade a ordem como meio necessário para que a população exerça sua função social de forma satisfatória alcançando, assim, o progresso. As ciências humanas adquirem, a partir de então, a capacidade de transcender a identificação dos fenômenos sociais, podendo também reorganizar a sociedade de forma sistêmica. O sociólogo revela a moral como principal instrumento para a manutenção dessa dinâmica social.
   Vale destacar, no entanto, que se trata de uma moral liberta das amarras da teologia, a qual objetiva uma salvação individual, egoísta. A moral positivista, ao contrário, contempla a boa conduta do cidadão em sociedade com finalidade altruísta, de amor a estabilização social. Segundo tal perspectiva, a verdadeira felicidade provém do bem estar da totalidade humana, o qual só é possível a partir da supressão de desejos e ambições pessoais em prol do bem coletivo.
   Conduzindo a discussão desse panorama ao cenário contemporâneo, destaca-se a análise de dois autores: Antônio Gramsci - contrário a ótica positivista - e Olavo de Carvalho - alinhado à corrente sociológica em questão. Em seu discurso, Gramsci discorre sobre uma hegemonia cultural que acolhesse as diversidades, nivelando a desigualdades. Em contraponto, Olavo de Carvalho suscita, em consonância com lógica desenvolvida por Conte, que o acolhimento de classes tão individualizadas (como grupos lgbts e movimentos negros) traz tamanha complexidade e subjetividade que dificulta a formatação de uma sociedade e cultura estáveis. Ademais, a corrente considera os desníveis sociais como inerentes à humanidade, de forma que subverter a ordem dessas camadas ameaçaria seu funcionamento pleno.
   A princípio, o pensamento positivista defende que o indivíduo deve incorporar-se à existência coletiva atual e passada, de forma que haja o reconhecimento de que episódios como a escravidão foram atrocidades históricas. No entanto, tal perspectiva considera que abolição da escravatura se faz suficiente para reverter o erro passado. Assim, a discussão sobre o racismo estrutural não deve permear as preocupações do Brasil na atualidade, evidenciando a desnecessidade de medidas reparatórias como as cotas raciais, uma vez que a Constituição Cidadã de 1988 já garante a igualdade perante a lei. Infere-se, portanto, acerca das lutas sociais, que estas representam grande ameaça ao progresso, já que fomentam nesses grupos ambições não coesas às suas classes.
   Em segunda análise, consoante o mesmo panorama, Olavo de Carvalho afirma, em sua obra “O Imbecil Coletivo”, que a comunidade lgbt, por não ser discriminada perante a lei, já dispõe de todos os direitos que podem legitimamente reivindicar, sendo absurda a pretensão de direitos individualizados, referentes à sua opção sexual. Argumenta ainda ser ilógico que a opção pela homossexualidade almeje reconhecimento de valor igualitário à heterossexualidade, uma vez que a primeira consiste em um desejo individual que nada colabora para o progresso social e a segunda é necessária para a manutenção da raça humana. Assim, a supressão da heterossexualidade caracteriza-se como um comportamento disfuncional, no qual a individualidade é priorizada em detrimento da coesão da sociedade, contrariando a moral idealizada pelo positivismo. Em suma, o homossexual é tido como uma figura patológica à sociedade, visto que é privado da capacidade de reprodução e, consequentemente, não exerce a humanidade plena.

Ana Vitória Oliveira Castro – 1° ano – Noturno

Nota: O autor do texto não concorda em hipótese alguma com os argumentos acima expostos. A dissertação consiste, apenas, em um exercício de argumentação proposto pelo professor.

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