O positivismo, desenvolvido por Auguste Conte em um
contexto de intensa anarquia social e intelectual, traz à ciência da sociedade métodos
para que esta alcance o grau objetivo de compreensão e interpretação do qual as
ciências exatas e da natureza já dispunham. Para isso, vale-se da identificação
de leis invariáveis, que possibilitam à sociologia meios palpáveis para sistematizar
o caminho progressivo a evolução humana. Dispondo de tal metodologia, Conte
revela como lei imutável da sociedade a ordem como meio necessário para que a
população exerça sua função social de forma satisfatória alcançando, assim, o
progresso. As ciências humanas adquirem, a partir de então, a capacidade de
transcender a identificação dos fenômenos sociais, podendo também reorganizar a
sociedade de forma sistêmica. O sociólogo revela a moral como principal
instrumento para a manutenção dessa dinâmica social.
Vale destacar, no
entanto, que se trata de uma moral liberta das amarras da teologia, a qual
objetiva uma salvação individual, egoísta. A moral positivista, ao contrário, contempla
a boa conduta do cidadão em sociedade com finalidade altruísta, de amor a
estabilização social. Segundo tal perspectiva, a verdadeira felicidade provém
do bem estar da totalidade humana, o qual só é possível a partir da supressão
de desejos e ambições pessoais em prol do bem coletivo.
Conduzindo a discussão desse panorama ao cenário
contemporâneo, destaca-se a análise de dois autores: Antônio Gramsci - contrário
a ótica positivista - e Olavo de Carvalho - alinhado à corrente sociológica em
questão. Em seu discurso, Gramsci discorre sobre uma hegemonia cultural que
acolhesse as diversidades, nivelando a desigualdades. Em contraponto, Olavo de
Carvalho suscita, em consonância com lógica desenvolvida por Conte, que o
acolhimento de classes tão individualizadas (como grupos lgbts e movimentos
negros) traz tamanha complexidade e subjetividade que dificulta a formatação de
uma sociedade e cultura estáveis. Ademais, a corrente considera os desníveis sociais
como inerentes à humanidade, de forma que subverter a ordem dessas camadas
ameaçaria seu funcionamento pleno.
A princípio, o pensamento positivista defende que o
indivíduo deve incorporar-se à existência coletiva atual e passada, de forma
que haja o reconhecimento de que episódios como a escravidão foram atrocidades históricas.
No entanto, tal perspectiva considera que abolição da escravatura se faz
suficiente para reverter o erro passado. Assim, a discussão sobre o racismo
estrutural não deve permear as preocupações do Brasil na atualidade, evidenciando
a desnecessidade de medidas reparatórias como as cotas raciais, uma vez que a
Constituição Cidadã de 1988 já garante a igualdade perante a lei. Infere-se,
portanto, acerca das lutas sociais, que estas representam grande ameaça ao
progresso, já que fomentam nesses grupos ambições não coesas às suas classes.
Em segunda análise, consoante o mesmo panorama, Olavo de
Carvalho afirma, em sua obra “O Imbecil Coletivo”, que a comunidade lgbt, por
não ser discriminada perante a lei, já dispõe de todos os direitos que podem
legitimamente reivindicar, sendo absurda a pretensão de direitos
individualizados, referentes à sua opção sexual. Argumenta ainda ser ilógico que
a opção pela homossexualidade almeje reconhecimento de valor igualitário à heterossexualidade,
uma vez que a primeira consiste em um desejo individual que nada colabora para o
progresso social e a segunda é necessária para a manutenção da raça humana.
Assim, a supressão da heterossexualidade caracteriza-se como um comportamento
disfuncional, no qual a individualidade é priorizada em detrimento da coesão da
sociedade, contrariando a moral idealizada pelo positivismo. Em suma, o
homossexual é tido como uma figura patológica à sociedade, visto que é privado
da capacidade de reprodução e, consequentemente, não exerce a humanidade plena.
Ana Vitória Oliveira Castro – 1° ano – Noturno
Nota: O autor do texto não concorda em hipótese alguma com os argumentos acima expostos. A dissertação consiste, apenas, em um exercício de argumentação proposto pelo professor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário