Judiciário:
caminho, verdade e a vida
Uma
tendência existente há décadas, mas que está a ganhar notoriedade nos últimos
anos é a judicialização. Essa representa
o “avanço da justiça constitucional sobre o espaço da política majoritária”,
como esclarecido pelo ministro Luís Roberto Barroso. Desse modo, o judiciário
passa a ser visto como um oráculo, o qual tudo sabe e tudo consegue resolver,
transformando-se em um superego social.
Por
um lado, essa tomada de frente do judiciário é de suma importância social, uma
vez que discute questões que os demais poderes se eximiram sobre. Por exemplo,
a questão sobre as cotas raciais, a qual traz consigo uma grande população
contrária e que por isso afetaria o eleitorado se os outros poderes a tivessem
levantado. Logo, sendo o terceiro poder não elegível, não lhe traz implicações
nesse quesito agir contra a parcela majoritária da nação. Sendo assim, cabe a
eles assegurar os direitos fundamentais e foi por meio das cotas raciais que
entenderam ser possível, para que assim visa-se o estabelecimento da isonomia
não apenas formal, mas também a material.
Enquanto
isso, por outro viés, e segundo Ingeborg Maus, esse fenômeno – a judicialização
– faz com que a justiça ascenda a mais alta moral da sociedade, escapando de
qualquer mecanismo de controle social, o qual as demais instituições do Estado
deveriam se subordinar em uma democracia.
Logo, nessa corrente e levantando a mesma questão das cotas raciais,
essa decisão do judiciário levaria a institucionalização do preconceito sofrido
pelos negros e também uma espécie de crença em sua inferioridade, visto que
precisariam de cotas para entrar na universidade pública.
Entretanto,
como dito por Rui Barbosa tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com
igualdade, é desigualdade flagrante, e não igualdade real, sendo assim as cotas
raciais é um instrumento que traz a desigualdade, mas almejando alcançar a
equidade entre os povos. Dessa forma, a judicialização traz consigo diversos
benefícios, principalmente o de enfatizar questões deixadas de lado pelos
demais, ademais é a partir do empoderamento desse poder que surgem chances de
uma igualdade que não fique apenas na lei, mas que forneça mecanismos para essa
ser conquistada de fato.
Kenia Saraiva Ribeiro - Direito (Noturno)
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