“O fascismo não é um
regime politico, mas sim um regime social e civilizacional.”
(SANTOS, Boaventura de Sousa. P 19-20)
Boaventura de Sousa Santos inicia
seu artigo dizendo que atualmente as pessoas estão muito ocupadas para se
questionarem o que está acontecendo no mundo, em suas próprias vidas e em si
mesmas. Boaventura explica que os demo-liberais e os demo-socialistas lutavam
contra o avanço do conservadorismo e a manutenção de um estado democrático. Ele fala como esse cenário mudou radicalmente
nos últimos 20 anos. Ocorreu uma crise do reformismo, que causou um ressurgimento
do conservadorismo e maré ideológica. O que era comum ao demo liberalismo e
demo socialismo foi pouco a pouco contestado, logo o direito se viu preso a
essa maré e a via legal bloqueada. O neoliberalismo é uma versão “velha” do
conservadorismo. Problemas modernos, soluções antigas.
Nisso
se encontra um dos maiores problemas da atualidade: a consolidação de um novo
tipo de fascismo. O fascismo presente no texto não se trata de um fascismo
estatal, de uma imposição que “vem de cima”, se trata de um fascismo produzido
socialmente. É um período da humanidade em que os “estados democráticos coexistem
com sociedades fascizantes”. O fascismo existe em qualquer relação de poder e
em troca extremamente desiguais e se consolida no quotidiano da sociedade contemporânea.
Nesse
contexto, se entende a correlação com a discussão das cotas raciais no Brasil. O
direito como movimento emancipador tem a capacidade de modificar a situação da
divida histórica racial.
No
Brasil, existe um pensamento forte contra as cotas raciais, com a justificativa
de que estas acentuam o preconceito e “colocam que existe certa distinção entre
as capacidades de negros e brancos”. Grande parte da população se baseia na
meritocracia como parâmetro de vida, que é fortemente apoiada pelo próprio
sistema capitalista para a manutenção das desigualdades sociais. Esses argumentos, porém, carecem de dados e de
cunho histórico, sendo forjados por uma direita cada vez mais conservadora e
menos estudada.
Atualmente,
no Brasil, os dados demonstram que existe uma disparidade muito grande entre o
número de pretos e pardos presentes no país e o número destes em universidades,
assim como os pretos e pardos são maioria nas prisões, nas comunidades etc.
Tudo isso se baseia na divida histórica com os negros. Após a Lei Aurea, não
houveram politicas de reparação dos danos aos ex-escravos ou quaisquer
politicas assistencialistas, foi somente concedido a eles a liberdade, que veio
acompanhada de trabalho degradantes por salários minúsculos, falta de moradia,
falta de estudos etc.
Conforme
o passar do tempo, esse cenário continuou, afinal, não existe ponte para subir
na vida, somente as oportunidades lhe conferem esse caminho. Os negros nunca
tiveram essas oportunidades, até a inserção das politicas assistencialistas no Brasil.
Isso é um fato muito recente ainda e tem gerado um impacto positivo. Conforme
essas politicas foram inseridas – e ainda estão sendo – de forma mais ampla,
foi provado que negros e brancos tem sim a mesma capacidade, já que as notas na
própria faculdade são semelhantes a ambos, o que falta aos negros são as mesmas
oportunidades que os brancos tem de estudar, viver em condições dignas etc.
Nenhum comentário:
Postar um comentário