A minha sociedade é quase a mesma de minha avó.
O medo do estranho, do homem que te vê como um
objeto que “deve” satisfazer todas as necessidades, que deve apenas esperar em
casa enquanto o mundo acontece lá fora. Para muitos, sou somente um ser que
existe para completar alguém, para reproduzir em meu útero um mundo.
Não, eu não concordo com essa visão.
Muitas mulheres estão mudando essa concepção machista
de mundo que impera e eu sinto as raízes dessa concepção afrouxando-se, sinto
menor o peso de todas as minhas ações, sinto-me única e menos obrigada a fazer
aquilo que eu não desejo, mas eu ainda sinto os olhos dos outros observando-me
quando faço algo que corrompe as entranhas machistas. Meu destino não está
completamente definido, então não irei anular-me em prol dos outros como
Durkheim disse, eu possuo um "leque" de opções, um caleidoscópio de escolhas. Eu
quero minha vida aberta, como Weber considera aberta a sociologia, livre para
qualquer influência, adentrando em setores antes nunca adentrados. Cito então meu
autor favorito, Charles Bukowski, “Eu quero o mundo inteiro ou nada”. Eu tenho
capacidade de escolher e agir de acordo com meu juízo de valor, este que
permite-me desenvolver a ação social, visando meu objetivo que é possível de
ser realizado: uma igualdade de gênero.
De acordo com a concepção weberiana, o problema do
machismo não é meramente causado por fatores econômicos, o problema vai além
disso, pois é causado principalmente por uma concepção cultural que permeia gerações
e nos faz cansadas de todo esse abuso físico e psicológico. A sociologia compreensiva, então,
analisa a percepção do indivíduo, sendo este o foco de estudo de Weber. A partir disso, conclui-se necessário analisar os fatores que ainda geram o
machismo na sociedade. É preciso mudar este quadro e é preciso o feminismo como
um “tipo ideal” para alterar esta situação. O feminismo seria como um "Bolero de
Ravel" que vem crescendo e depois encontra-se presente em toda a parte, e com
isso, acredito que o feminismo elevará a situação atual das mulheres. Isso não é
utopia, isso irá se realizar e será universal. Eu não legitimo a concepção
paternalista e acredito que ainda vivemos no passado, mesmo com os esforços
feministas – incluindo os meus - que fizeram e ainda fazem muito para que a
situação da mulher melhore. A dinâmica precisa alterar essa situação e tornar
efetiva a participação da mulher na sociedade, seja através da igualdade
salarial, ou até mesmo por um mínimo respeito que no dia a dia a mulher não
usufrui.
O meu problema como mulher acaba sendo o problema de
todas as mulheres, é uma luta constante, pois praticamente a maioria das
questões sociais envolve influências machistas, como o uso de palavrões, de
piadas e de referências, por exemplo. A mulher sempre é a atingida e a prejudicada mesmo
sendo ela quem carrega e nutre toda a vida do individuo.
Utilizando a visão weberiana, irei moldar meu futuro
tomando por referência o passado que nós, mulheres, tivemos e o futuro que
queremos como um ser humano igual a todos os outros, fazendo uso de um “tipo
ideal”, sendo este um instrumento que me guiará em tais análises. Acredito que
um dia chegaremos a uma igualdade de fato. É preciso acreditar nisso, pois desejo vivenciar uma sociedade que não seja igual a
sociedade de minha avó.
Lara Costa Andrade – 1º ano de Direito Diurno
Introdução à Sociologia – Aula 9
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