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sexta-feira, 15 de março de 2013

Muros da idolatria



A nova forma de ver o conhecimento e a vontade de transformar o mundo levou Bacon a ter um pensamento diferente de muitos de sua época. Além de afirmar que gregos são tagarelas estéreis e a descoberta de um átomo não leva a nada se não entender o seu funcionamento, Francis também tentou explicar a preguiça intelectual das pessoas através de ídolos. Adequando suas pesquisas ao mundo contemporâneo, é possível trazer para o presente os mesmos ídolos de séculos atrás e provar que, ainda hoje, a preguiça intelectual continua.
Ao ver uma pessoa bem vestida andando em uma calçada e um indivíduo mal vestido em outra calçada, muitos optariam pela primeira para transitar pela rua. Isso acontece porque nossos sentidos distorcem a mente, criando tabus. Dessa mesma forma, a incompetência mental atua no julgamento das pessoas pela beleza, deixando os valores intelectuais em segundo plano e assim, formando os inúmeros ídolos da tribo.
Concomitantemente aos ídolos da tribo estão os ídolos da caverna. Estes são capazes de convencer uma grande massa que um telejornal diário de pouco mais de vinte minutos pode transmitir todo o conhecimento de mundo necessário, fazendo com que todos continuem em sua caverna mental  alheios a qualquer tipo de reflexão mais profunda sobre os problemas a sua volta.
É indubitável que em lugares como: fila de bancos, bares, calçadas e centros comerciais, as relações interpessoais aconteçam com frequência e inúmeras experiências sejam trocadas, desde receita de bolo até ideologias políticas. A grande questão está na forma como as pessoas recebem essas informações, ou seja, como verdades absolutas. Bacon já dizia que o conhecimento é infinito e todas as verdades são passíveis de mudança, porém, dispensando este pensamento e a dúvida cartesiana, formam-se os ídolos do foro.
Por fim, o tipo de ídolo mais convincente e predominante na história da humanidade é o ídolo do teatro. A partir da fé humana, esses ídolos conseguem promover inquisições, queimar livros, negar pesquisas e claro, ganhar dinheiro. O poder da palavra dado a alguns indivíduos é capaz de calar a mente de tantos outros, os quais deixam de contribuir para a tão sonhada transformação e evolução do homem.
Assim, os quatro muros da ignorância fecham a mente humana deixando passar apenas falsas percepções do mundo baseadas no senso comum. A formação de noções e axiomas pela verdadeira indução repele e afasta os ídolos, afirmando assim o que Bacon dizia: ”saber é poder".

Giovanna Gomes de Paula - Direito noturno

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