Família: núcleo de
convivência, unidade afetiva pautada nas relações entre seus membros,
interligados por sentimentos. Contudo, essa definição vem sendo deturpada desde
a Revolução Industrial, período em que a demanda do mercado de trabalho
capitalista se estendeu a todos os integrantes da família. Afinal, quais os
motivos que desencadearam o processo de desestruturação familiar e como isso se
refletiu na sociedade?
Com a introdução das máquinas
nas linhas de produção, eliminou-se a necessidade de uma força física e,
consequentemente, a força de trabalho foi desvalorizada. A partir de então, a
remuneração do proletariado diminuiu à medida que seu papel no ambiente fabril
perdeu a relevância. Para suprir a queda do rendimento econômico familiar,
mulheres e crianças foram inseridas no explorador mercado de trabalho e
submetidas a péssimas condições de vida.
Como observado por Marx em
seus estudos, essa mudança econômico-social modificou brutalmente a estrutura
das famílias operárias, uma vez que os laços afetivos foram substituídos por
laços materiais e econômicos. A mulher, então, deixou de exercer seu papel
tradicional – como cuidar dos filhos e do lar – para complementar a deficiente renda
familiar. As crianças, por sua vez, quando não abandonadas, eram forçadas a
trabalhar (sempre sob condições absurdas de insalubridade e insegurança).
Em decorrência da
desestruturação da família enquanto unidade de afeto, os índices de abandono
infantil aumentaram, bem como a taxa de mortalidade: narcóticos eram utilizados
para condicionar as crianças ao trabalho. Marx ressalta que, ao passar longas
jornadas no ambiente fabril, as mães tornaram-se estranhas a seus filhos e, por
muitas vezes, os envenenavam para que se livrassem do ônus de criar um ser
humano dentro daquele ambiente hostil.
Para o capitalista, o uso da
mão de obra familiar era mais do que vantajoso: gastava-se pouco a mais que
para contratar o chefe da família (pai), mas lucrava-se consideravelmente mais.
Dessa forma, a força de trabalho do adulto foi desvalorizada, e como num ciclo,
o emprego de todos os membros se tornava cada vez mais necessário para garantir
as mínimas condições de sustento.
É importante analisar a
conjectura atual e obter um paralelo entre a família do período da Revolução
Tecnológica e a família de hoje. As condições dos trabalhadores atualmente,
embora ainda não sejam perfeitas, melhoraram muito, principalmente quanto à
garantia de direitos que proporcionam uma melhor qualidade de vida (se é
possível chamar as antigas condições de “qualidade de vida”). Nota-se, porém,
que mesmo sendo superadas as patologias, as relações fundamentais entre os
familiares ainda permanecem como relações econômicas, uma vez que a família tem
a necessidade de se manter. Esse quadro é consequência do capitalismo que
invade o ambiente familiar e rege as necessidades e as satisfações das pessoas,
formulando uma imagem meramente materialista da felicidade: o carro da família,
os eletrodomésticos, os presentes de Natal ou dia das mães ou dos pais, etc.
O trabalho infantil hoje é
proibido, mas é inegável que esse problema ainda existe na sociedade. Acontece,
porém, que as crianças hoje submetidas à exploração são geralmente as das
camadas mais pobres e as péssimas condições são mascaradas ou tratadas às
vistas grossas por quem não considera aquilo um problema seu. As mulheres
conquistaram sua independência e, também por questões de necessidade, para
manter-se no mercado de trabalho deixam seus filhos em casa. É de suma
importância ressaltar que a família moderna sofreu modificações: há famílias em
que o único provedor da casa ainda é o pai, mas existem outras em que só a mãe
exerce esse papel; há também as mães solteiras, viúvas, etc., e para garantir a
boa criação de seus filhos, se entregam à luta diária na busca de melhores
condições.
Ao longo da história os
trabalhadores obtiveram muitas conquistas. Mudanças ocorreram sim, mas a luta
diária pela sobrevivência, explícita no período das Revoluções, ainda existe.
Mesmo que em diferentes graus, a família está envolvida nessa luta desde a
substituição da força de trabalho pela máquina e, se não houver um tempo para
conversas e carinho, as relações familiares vão continuar sendo contaminadas
pelo espírito do consumo e as famílias vão se construir sobre frágeis alicerces
financeiros, abandonando seu caráter fundamental de afeto para adquirir um
caráter imposto: a família como unidade econômica.
GRUPO 4 - Diurno: Ana Caroline Borges, Fernanda Keri, Isabela Risso, Lívia Sbroggio, Maria Cláudia Cardin.
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