Total de visualizações de página (desde out/2009)

sábado, 2 de junho de 2012

O emprego da mão de obra familiar: da unidade afetiva à unidade econômica


Família: núcleo de convivência, unidade afetiva pautada nas relações entre seus membros, interligados por sentimentos. Contudo, essa definição vem sendo deturpada desde a Revolução Industrial, período em que a demanda do mercado de trabalho capitalista se estendeu a todos os integrantes da família. Afinal, quais os motivos que desencadearam o processo de desestruturação familiar e como isso se refletiu na sociedade?
Com a introdução das máquinas nas linhas de produção, eliminou-se a necessidade de uma força física e, consequentemente, a força de trabalho foi desvalorizada. A partir de então, a remuneração do proletariado diminuiu à medida que seu papel no ambiente fabril perdeu a relevância. Para suprir a queda do rendimento econômico familiar, mulheres e crianças foram inseridas no explorador mercado de trabalho e submetidas a péssimas condições de vida.
Como observado por Marx em seus estudos, essa mudança econômico-social modificou brutalmente a estrutura das famílias operárias, uma vez que os laços afetivos foram substituídos por laços materiais e econômicos. A mulher, então, deixou de exercer seu papel tradicional – como cuidar dos filhos e do lar – para complementar a deficiente renda familiar. As crianças, por sua vez, quando não abandonadas, eram forçadas a trabalhar (sempre sob condições absurdas de insalubridade e insegurança).
Em decorrência da desestruturação da família enquanto unidade de afeto, os índices de abandono infantil aumentaram, bem como a taxa de mortalidade: narcóticos eram utilizados para condicionar as crianças ao trabalho. Marx ressalta que, ao passar longas jornadas no ambiente fabril, as mães tornaram-se estranhas a seus filhos e, por muitas vezes, os envenenavam para que se livrassem do ônus de criar um ser humano dentro daquele ambiente hostil.
Para o capitalista, o uso da mão de obra familiar era mais do que vantajoso: gastava-se pouco a mais que para contratar o chefe da família (pai), mas lucrava-se consideravelmente mais. Dessa forma, a força de trabalho do adulto foi desvalorizada, e como num ciclo, o emprego de todos os membros se tornava cada vez mais necessário para garantir as mínimas condições de sustento.
É importante analisar a conjectura atual e obter um paralelo entre a família do período da Revolução Tecnológica e a família de hoje. As condições dos trabalhadores atualmente, embora ainda não sejam perfeitas, melhoraram muito, principalmente quanto à garantia de direitos que proporcionam uma melhor qualidade de vida (se é possível chamar as antigas condições de “qualidade de vida”). Nota-se, porém, que mesmo sendo superadas as patologias, as relações fundamentais entre os familiares ainda permanecem como relações econômicas, uma vez que a família tem a necessidade de se manter. Esse quadro é consequência do capitalismo que invade o ambiente familiar e rege as necessidades e as satisfações das pessoas, formulando uma imagem meramente materialista da felicidade: o carro da família, os eletrodomésticos, os presentes de Natal ou dia das mães ou dos pais, etc.
O trabalho infantil hoje é proibido, mas é inegável que esse problema ainda existe na sociedade. Acontece, porém, que as crianças hoje submetidas à exploração são geralmente as das camadas mais pobres e as péssimas condições são mascaradas ou tratadas às vistas grossas por quem não considera aquilo um problema seu. As mulheres conquistaram sua independência e, também por questões de necessidade, para manter-se no mercado de trabalho deixam seus filhos em casa. É de suma importância ressaltar que a família moderna sofreu modificações: há famílias em que o único provedor da casa ainda é o pai, mas existem outras em que só a mãe exerce esse papel; há também as mães solteiras, viúvas, etc., e para garantir a boa criação de seus filhos, se entregam à luta diária na busca de melhores condições.
Ao longo da história os trabalhadores obtiveram muitas conquistas. Mudanças ocorreram sim, mas a luta diária pela sobrevivência, explícita no período das Revoluções, ainda existe. Mesmo que em diferentes graus, a família está envolvida nessa luta desde a substituição da força de trabalho pela máquina e, se não houver um tempo para conversas e carinho, as relações familiares vão continuar sendo contaminadas pelo espírito do consumo e as famílias vão se construir sobre frágeis alicerces financeiros, abandonando seu caráter fundamental de afeto para adquirir um caráter imposto: a família como unidade econômica.

GRUPO 4 - Diurno: Ana Caroline Borges, Fernanda Keri, Isabela Risso, Lívia Sbroggio, Maria Cláudia Cardin.

Nenhum comentário:

Postar um comentário