"... já não se tratava de abolir os privilégios de classe, mas de
destruir as próprias diferenças de classe."
(Engels, Friedrich)
Apesar de todas as grandes mudanças sociais da história terem sido
baseadas no discurso do "melhor para todos", toda e qualquer forma
estabelecida de sociedade conhecida pela história se fez de forma a privilegiar
certos indivíduos, enquanto, para isso, outros sofriam uma silenciosa - e
dissimulada - privação de gozos. Dessa forma, o grupo oprimido, em geral, ao
perceber as injustiças da hierarquia social instaurada, punha-se em lutas para
reverter tais quadros através de Revolução (as chamadas "Revoluções
Burguesas" do século XVII, por exemplo).
Entretanto, as novas sociedades estabelecidas também trouxeram sempre
roupagens novas para repassar a já tradicional opressão a outros grupos.
Tomando-se o exemplo da Revolução Francesa, esta transformou uma parte do
terceiro estado em grupo dominante (burguesia), enquanto o resto desse terceiro
estado (povo) continuava a ser indiscriminadamente explorado, como se nada
tivesse mudado. Isso mostra que se faz inerente a qualquer sociedade com
divisão de classes a opressão de uns em favor de outros.
Nota-se, ao decorrer do texto "Do Socialismo Utópico Ao Socialismo
Científico" de Friedrich Engels, que a elaboração teórica do socialismo se
iniciou - mesmo que de forma ingênua com o socialismo utópico - graças às
óbvias injustiças que o sistema capitalista estabelecia. Porém, os teóricos
socialistas perceberam, para formular suas propostas ideológicas, que todas as
sociedades com classes estão fadadas ao fracasso. Nisso está o ponto mais
revolucionário e diferencial do socialismo: a proposição da busca por uma
sociedade em que não haja qualquer tipo de separação de indivíduos por classes
e, com isso, não haja a exploração de uns por outrem.
Posto isso, fica evidente o fato de que o molde capitalista de sociedade
(o qual, aliás, se faz completamente ultrapassado, tendo que, muitas vezes, se
manter às custas de argumentos moralistas e religiosos, assim como era feito
para a manutenção das Monarquias Absolutistas na Idade Média) se instalou
através de uma "revolução" que apenas mudou o nome dos opressores e
oprimidos, mas com a manutenção do sistema de exploração incessante.
Conclui-se, portanto, que apenas se atingirá um real avanço na sociedade quando
as tais estruturas opressoras forem suprimidas através de uma Revolução
realmente transformadora e, assim, todos finalmente poderão ser considerados iguais.
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