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quarta-feira, 12 de abril de 2023

SOBRE PENSAR COLETIVAMENTE: DURKHEIN E GRADA KILOMBA


 

  Emile Durkhein foi um grande filósofo francês, consolidando sua reputação ao publicar obras sobre o funcionalismo e o fato social. Assim como Auguste Comte, a sociedade era o objeto prevalente em seus âmbitos de estudo. Porém, ele discordava de Comte em muitos aspectos, escrevendo críticas que geraram muito material para a seus livros.

  Nascido à luz de uma revolução no pensamento da sociedade pelo surgimento de novas ideias sobre como guiar o funcionamento da mesma, como o capitalismo e o socialismo, Durkhein escreveu, em sua primeira obra, “Suicídio”, sobre como o individualismo estava consumindo as pessoas da época. Ele dissertou sobre a mudança de estilo de vida com a prevalência do capital, uma vez que, agora, as pessoas se importariam cada vez mais com si mesmas, colocando o bem individual acima do coletivo. Isso dava a elas o poder de decisão sobre com quem iriam casar, qual seria o seu emprego e sua religião, dentre outras opções. Caso tudo corresse bem, seria feliz; porém, se falhasse em uma coisa que escolheu para si, o indivíduo entraria em estado de depressão, se culpando por tudo de errado que aconteceu, mesmo que, por vezes, não seja dele a culpa.

  Concomitante a isso, a ideia de fato social é de algo que ocorre exteriormente ao indivíduo, ou seja, que nos molda e influencia sem que possamos ter controle. Por isso, nem tudo que prejudica um ser humano é causado por ele, mas o capitalismo e a ideia de libertação pela capacidade de decidir tudo por conta própria criam essa visão equivocada nas pessoas.

  Ademais, o francês critica seu conterrâneo, Auguste Comte, quanto à análise das coisas. O Positivismo de Comte sugeria a criação de um pré-conceito, baseado no que cada um acha de uma coisa, para depois ter contato com ela, já com ideias enraizadas. Durkhein afirma que, primeiro, é necessário conhecer, ter contato com algo, para depois depreender ideias sobre aquilo. Isso evitaria, em muitos casos, o preconceito cultural e étnico presente em nossa sociedade, o qual se limita a escutar e validar apenas as vozes dominantes, e impedir a expressão do oprimido. Tal fato é estudado e conceituado pela escritora portuguesa Grada Kilomba, em sua obra “Memórias de plantação: episódios e racismo cotidiano”. Nela, a autora conduz uma linha de pensamento que questiona: “quem pode falar?”. E, desde sempre, a resposta foi: “A subalterna não pode falar”, pois, se expressar como é a sua condição, vai reacender o debate e revoltar as pessoas, e a classe dominante não quer revolta, pois gosta de tudo como está. Os governantes romanos não criaram a política do “pão e circo” porque queriam o bem da população; eles a criaram para ocupar as pessoas com outras atividades, tirando o foco das atitudes do governo.


Matheus Barboza Galatte, 1° ano matutino

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