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sábado, 26 de março de 2022

Quem busca sempre alcança?

        A busca pelo conhecimento, pela verdade, pela felicidade, por respostas em geral é o que move e sempre moveu o desenvolvimento da sociedade. O questionar, o querer saber é a engrenagem do mundo, o que nos faz sair em busca pelo novo.  

         Com o advento de diversos dos maiores pensadores que a humanidade já viu, vieram algumas respostas juntamente com outras questões. A busca pelo verdadeiro com Descartes e Bacon vêm com uma certeza: a razão. A racionalidade tem papel central no que difere o homem do animal, o pensamento é o que os torna animais políticos e sociais.  

        A ruptura com os autores clássicos tem fundamento no desenvolvimento da ciência não pela especulação e observação somente, mas pela transformação da realidade em busca do "bem estar do homem", sendo isso possível somente com o instrumento da produção de conhecimento.  

        Em relação à isso, René Descartes coloca a dúvida, o ceticismo como ponto central pela busca do conhecimento. "Penso, logo existo" é uma de suas célebres frases, mas não tira de perspectiva o outro, externo ao indivíduo. Não ter a certeza de que o outro existe ou que qualquer coisa além da própria mente e Deus fazem parte da realidade verdadeira é ponto de partida pela busca da verdade. A própria existência é um ato de dúvida, e duvidar é necessidade inexorável a humanidade. 

        Francis Bacon, por outro lado, expõe que as antecipações da mente são base para o senso comum, o familiar leva o humano a parar de racionalizar e deixar as coisas serem datadas por verdade. Os ídolos tem papel fundamental nas falsas percepções do mundo, sendo eles por exemplo, a própria condição humana (mente produzindo interferências), a própria formação como indivíduo, as relações sociais, os sentimentos e as superstições são fontes do falso, artifícios para a enganação. Dessa forma, é perceptível que mesmo a razão tem patologias, e por vezes não é fonte de verdade.  

        Dessa forma, a busca pelo real, pelo verdadeiro, pela fonte da razão ainda está em desenvolvimento. O progresso têm diferentes dimensões em diferentes realidades, e nem sempre o moderno se faz certeiro.  

        O que nos leva a pensar até que ponto o desenvolvimento da ciência melhorou a vida humana nesse últimos 300 anos, com o advento da indústria, de tecnologias antes impensáveis, ao mesmo tempo em que trouxe pandemias e epidemias, desastres globais e naturais, a destruição da natureza em larga escala e com a perda de biomas e ecossistemas por vezes inteiros. Qual o objetivo desse desenvolvimento e onde o mesmo vai ter fim é o que faz continuarmos questionando. Ou seja, a humanidade se encontra bem longe do fim da linha, tem muito a que se perguntar e trabalhar em prol do bem comum. 


Helena Motta

Direito noturno- turma XXXIX 

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