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sexta-feira, 3 de maio de 2019

Contemporaneidade e resistência

A contemporaneidade é, no mínimo, interessante. Nos orgulhamos de ser diferentes, de quebrar padrões diariamente. No entanto, sair sem roupa na rua? Nunca! Falar de uma maneira que difere de meus conterrâneos? Jamais! Quebrar padrões atualmente é, no máximo, um corte de cabelo e estilo de roupa que se difere do absolutamente "padrão". A sociedade nos condiciona a acreditar que, assim, estamos fugindo do fato social estabelecido há séculos, estamos deixando nossa própria marca no mundo. Mero engano. A coerção de tais regras sociais só se torna mais evidente quando tentamos fugir a estas, que deixam marcada a impossibilidade da fuga. Durkheim já discutia sobre a anatomia social, teoria na qual a sociedade se enquadra em determinados padrões de cultura e comportamento e discrimina quem, em vão, tenta fugir minimamente destes. É engraçado (levemente triste, na verdade) constatar que os indivíduos que tentam ardentemente escapar do fato social e das regras levam o mesmo fim dos que permanecem a vida toda acomodados: com a percepção de que não se pode fugir do sistema. No entanto, essa tentativa de resistência não deixa de ter grande impacto, pois sem nenhum tipo de resistência, cessa a própria individualidade da população e a motivação de viver em sociedade. Em síntese, a vida em sociedade, condicionada ao fato social, é uma faca de dois gumes: não sobrevive sem a resistência, mas a aniquila continuamente. A resistência é o que move a sociedade. Temo o dia em que esta, por força maior, poderá ser exterminada. Até lá, resistiremos.
Letícia Killer Tomazela
Direito Noturno

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