Augusto
Comte, o pai do Positivismo e sistematizador da sociologia, foi responsável
pela proposta de planejamento do desenvolvimento humano pautado em critérios
das ciências exatas e biológicas. Comte viveu um contexto turbulento no
território francês, no final do século XVIII e primeira metade do século XIX,
no qual a França convivia com a alteração de regimes despóticos e revoluções, o
que acarretou uma crise de valores na sociedade francesa. A máquina passava a
ditar o ritmo de vida dos trabalhadores, o mercado regulava as relações sociais
e a crescente crise social contrastava com o efervescente capitalismo. Tais
mudanças acarretaram novos pensamentos, insatisfação e revolta social. Foi
nessa perspectiva histórica que Comte desenvolveu a corrente filosófica
Positivista, a qual propunha uma ruptura com o mero conhecimento dedutivo e uma
ciência útil à sociedade. Tais preceitos foram muito importantes e exercem
influência ainda no mundo hodierno.
O
Positivismo seria o ápice do conhecimento humano e posterior ao conhecimento Teológico
e Metafísico, os quais seriam primitivos, porém necessários para o progresso
até o Positivismo. Comte baseou-se em Galileu, Descartes e Bacon para a
elaboração de uma ciência que seria efetiva para a compreensão da sociedade a
partir de sua dinâmica real. Segundo o Positivismo, a sociedade estaria pautada em
instituições imutáveis- como a Família, o Estado e a organização social- e o
desvio de tais seria responsável por convulsões sociais que ameaçariam o
equilíbrio e o progresso e, por isso, deveriam ser solucionados para a “cura”
social. Assim, Comte propôs um novo ramo científico, a Física Social, a qual
analisaria os problemas sociais e proporia resoluções efetivas e seria pautada na
exatidão e na neutralidade científica. A ciência seria a resposta para tudo.
A Ordem
seria instrumento fundamental para a garantia do Progresso e sua manutenção
dependeria do cumprimento, por cada indivíduo, de seu papel social sem
reclamações ou alterações. Essa visão tornou-se a base para o lema da bandeira
brasileira: “Ordem e Progreso”, para a Revolução de 1930 no Brasil- “Façamos a revolução
antes que o povo a faça.” - e, atualmente, para a instalação de UPPs nas
favelas brasileiras- eliminação de uma ordem paralela. É perceptível, assim, o
quão influente é o Positivismo até hoje, e o Direito é exemplo disso. A
positivação das leis é o esteio da ordem e a garantia de uma segurança pautada
na estagnação social.
Não
obstante, a crença cega em uma ciência neutra e capaz de solucionar toda e
qualquer convulsão social é ilusória. Além disso, a proposta de que a ordem
social deve ser mantida a qualquer custo e de que a dinâmica social não deve
ocorrer é opressora e imprópria perante a crescente evolução tecnocientífica.
Assim, é inegável a grande influência exercida pela corrente positivista, mas
sua aplicação deve ser submetida a uma análise crítica para a não
arbitrariedade e efetivo progresso social.
Nicole Bueno Almeida
1º ano, Direito Noturno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário