Durkheim explicava o fato social com coisa e o definia como todo aquele que independe do indivíduo e tem como substrato o agir do homem em sociedade, de acordo com as regras sociais. Desde que nascemos, nascemos em uma sociedade e, portanto, somos ensinados a seguir as ordens desta. Quanto mais crescemos, mais recebemos responsabilidades e mais úteis devemos ser para garantir o bom funcionamento da nossa sociedade. Toda essa "cobrança" leva, muitas vezes, o homem a desistir dos seus próprios sonhos, em função de se tornar esse 'ser útil'. É exatamente essa sensação que o poeta popular português, Antonio Aleixo, expõe no seguinte poema:
"A Torpe Sociedade onde Nasci
I
Ao ver um garotito esfarrapado
Brincando numa rua da cidade,
Senti a nostalgia do passado,
Pensando que já fui daquela idade.
II
Que feliz eu era então e que alegria...
Que loucura a brincar, santo delírio!...
Embora fosse mártir, não sabia
Que o mundo me criava p'ra o martírio!
III
Já quando um homenzinho, é que senti
O dilema terrível que me impôs
A torpe sociedade onde nasci:
— De ser vítima humilde ou ser algoz...
IV
E agora é o acaso quem me guia.
Sem esperança, sem um fim, sem uma fé,
Sou tudo: mas não sou o que seria
Se o mundo fosse bom — como não é!
V
Tuberculoso!... Mas que triste sorte!
Podia suicidar-me, mas não quero
Que o mundo diga que me desespero
E que me mato por ter medo à morte..."
Nenhum comentário:
Postar um comentário