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quinta-feira, 10 de abril de 2025

Desinformação e Crise Social à Luz do Positivismo de Comte

No contexto atual em que vivemos, marcado pela propagação de discursos extremistas em redes sociais, a negação dos conhecimentos científicos e os ataques às instituições democráticas, tem gerado uma instabilidade social crescente. Afinal, os conflitos ocasionados devido a polarização política e a disseminação de desinformação, através das “fake news” têm colocado em risco os princípios que sustentam a coesão social. De acordo com o filósofo francês Augusto Comte, a ordem é um requisito indispensável ao progresso e quando pensamos nos impactos da polarização ideológica e da propagação de fake news, vemos como a ausência de coesão social compromete as conexões e a razão para com as decisões públicas.
Dessa maneira, torna-se de grande relevância recordar os fundamentos do Positivismo de Comte, que defende a necessidade de uma ordem racional e científica para garantir o progresso humano, esse pensamento é moldado na ideia de que para que ocorra progresso faz-se necessário resolver a desorganização social. Entretanto, compreendendo que a disseminação de fake news mostra que o comportamento coletivo nem sempre se baseia em fatos, mas em emoções, crenças e interesses políticos, ou seja não tendo uma base racional. Vemos a linha tênue que limita a teoria de Comte, porque a mesma desconsidera a influência dos afetos, das disputas ideológicas e das relações de poder na definição do que é aceito como verdade.
Um ponto importante nesse debate é o papel que as redes sociais possuem na divulgação de informações falsas, essas plataformas priorizam em grande parte conteúdos que geram mais curtidas e compartilhamentos, mesmo que não sejam verdadeiros. Isso reforça ideias distorcidas e prende as pessoas em bolhas de opinião, dificultando o diálogo democrático e a convivência entre diferentes grupos. Mesmo que Comte defendesse uma sociedade guiada por fatos e pela razão, hoje é preciso reconhecer que a forma como as informações circulam também influencia muito o que as pessoas acreditam. Por isso, combater a desinformação passa também por repensar como nos informamos e nos comunicamos nas redes.
Portanto, é possível perceber que os desafios enfrentados atualmente — como a desinformação, os discursos extremistas e a crise de confiança nas instituições — pedem por uma reconstrução dos laços sociais e uma nova forma de lidar com a produção e o compartilhamento de conhecimento. A teoria positivista de Comte, embora marcada por limitações diante da complexidade do mundo atual, ainda contribui como referência para pensarmos a importância da ordem, da ética coletiva e da valorização do saber fundamentado. No entanto, é preciso ir além: compreender que a razão, por si só, não basta para garantir o equilíbrio social. Em um cenário onde emoções, interesses e disputas simbólicas moldam a verdade, o combate à desinformação passa, sobretudo, por uma educação crítica, por políticas de regulação da informação e pela reconstrução da confiança mútua.

Laysa Pereira de Araújo - 1° ano (Matutino) 

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