Percebe-se, no século XXI, um aumento significativo nas taxas de suicídio entre os jovens, sendo hoje a segunda maior causa de morte na faixa etária de 15 a 29 anos, um problema sempre tratado a partir de pontos de vista individuais, os quais colocam a questão unicamente na esfera privada da vida do suicida, esquecendo-se dos problemas que permeiam a contemporaneidade em geral e que atingem a juventude de forma a levá-los a desistir dessa vida tão complexa que é cobrada nos tempos atuais.
Charles Wright Mills, sociólogo americano do século XX, publicou em 1959 seu livro A imaginação sociológica, no qual trata da necessidade de se produzir um pensamento mais amplo sobre os problemas, ou seja, observar os fatores culturais, sociais e econômicos para criar, parafraseando o autor, uma fusão de biografia e história na percepção dos problemas.
O suicídio de um jovem é uma tragédia imensurável, o de milhares de jovens é um indício de um problema em escala global.
A imaginação sociológica aplicada no conceito deste ensaio se mostra fundamental, pois esse aumento de casos provavelmente decorre das condições do mundo onde os jovens estão expostos, com as redes sociais podendo ser um dos principais fatores, com "pessoas perfeitas" mostrando apenas o lado bom de suas vidas e demonstrando que "conquistaram tudo por mérito", gerando uma autocobrança e uma autossabotagem imensa na maioria dos jovens, que se sentem frustrados por não possuírem o mesmo padrão de vida e acreditam ser desprovidos dessas vivências devido ao próprio ócio frente às "oportunidades".
Portanto, é de suma importância o estudo sociológico no combate ao triste aumento do suicídio juvenil, trazendo à tona fatores além da bolha social e familiar do indivíduo, como a desigualdade social, a alienação e a massificação do conteúdo digital, mostrando à juventude brasileira que grande parte de seus problemas decorre do impacto de desigualdades estruturais em nível coletivo no nosso país, e que a noção popular sobre a força motriz de suas ações pode, sim, em conjunto, mudar o curso de nossa sociedade.
Eduardo Cavalcante Seghese Neto - 1º Direito noturno
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