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quarta-feira, 19 de março de 2025

Escala 6x1 e a Saúde do Trabalhador através da Imaginação Sociológica

    No cenário atual do trabalho, a discussão acerca da escala 6x1 e a jornada do trabalhador brasileiro, tem se tornado uma pauta de grande presença na mídia e na mesa daqueles que fazem parte desse sistema. Sob este prisma, vemos uma parcela significativa da sociedade presa à rotina de laborar seis dias consecutivos para ter direito a apenas um dia de descanso, dessa forma ficando claro os impactos à saúde mental e à qualidade de vida desses trabalhadores. 

     De acordo com o pensamento de Charles W. Mills em “A Imaginação Sociológica” faz-se necessário a compreensão tanto das problemáticas as quais estamos inseridos, quanto das conexões sociais e experiências pessoais que participamos. Ou seja, é necessário analisar os problemas que a sociedade nos apresenta de uma forma ampla, utilizando da imaginação sociológica para entender a realidade. A partir deste conceito, enquadra-se a compreensão da problemática do adoecimento dos trabalhadores, ocasionada em grande parte pelo sistema a qual estão submetidos.

      Através do desenvolvimento dessa imaginação sociológica a jornada 6x1 não pode ser vista apenas como um problema individual, pois ilustra uma estrutura econômica que favorece a produtividade e a eficiência econômica em detrimento do bem estar humano. E a recente Proposta de emenda à Constituição (PEC) do 6×1, assim denominada, traz uma regulamentação necessária para essa jornada danosa que afeta coletivamente a sociedade, afinal não é possível para o trabalhador atingir o lucro almejado pela estrutura econômica, com a exaustão que essa jornada proporciona. 

      Desse modo, a escala 6×1 não passa de um microcosmo das tensões entre o âmbito individual e o coletivo, tratada na temática principal da obra de Mills. A rotina exaustiva, que prende o trabalhador num ciclo de produção e consumo, é uma forma das estruturas econômicas da sociedade moldarem uma experiência individual, limitando o acesso ao lazer, à cultura e ao bem-estar. Nesse prisma, a imaginação sociológica desafia a todos a abandonar a perspectiva individualista e visualizar a jornada de trabalho mais humanizada e elevando a problemática para um contexto coletivo, ou seja como uma batalha por justiça social.

Laysa Pereira de Araújo - 1° Ano Direito - Matutino 



Um comentário:

  1. Oi, Laysa. Sabe, esta questão da jornada 6 X 1 não está, parece-me, muito bem explicada, nem juridicamente nem socialmente. Fico a pensar em um fato notório (que temos seis dias úteis, segunda a sábado, e um tradicionalmente de descanso, o domingo, primeiro dia da semana) e a raciocinar aqui comigo. Onde é que está a novidade desta polêmica toda? Será que não é apenas cenário ou palco para políticos fazerem suas cenas? Um abraço, Alliprandino.

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