Um mundo fora de ordem ou uma ordem fora de mundo?
Pedro Duarte Silva Sinicio Abib - Direito Noturno
A palestra “Estamos no fim do mundo?”, trouxe importantes reflexões acerca da ordem imposta sobre nossas vidas, e a esperança de mudanças mas também de existência no futuro, principalmente ao tratar com uma geração que começa a construir seus passos e lutas sobre a ameaça da catástrofe climática, cada dia mais real. Em meio a debates sobre genocídios, golpes, reivindicações e questionamentos sobre conquistas e esperanças, um termo me chamou atenção, o Ecossocialismo, enquanto mecanismo de transformação e principalmente de esperança.
Em um mundo em emergência climática e simultaneamente experienciando a ascensão da extrema direita, as possibilidades de futuros vão se esvaziando e a luta por dias melhores enfraquece. Donald Trump em seus discurso de posse, ao tratar sobre exploração de combustíveis fósseis durante seu mandato, disse: “we are gonna drill, baby, drill” (Nós vamos perfurar, baby, perfurar), evidenciando um negacionismo completo em relação ao aquecimento do globo e confirmando a incapacidade do atual sistema posto, o capitalismo, de lidar e oferecer soluções reais para o problema.
Outro exemplo foi o do Ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro, Ricardo Salles, que disse em entrevista que iria aproveitar a pandemia de COVID para “ir passando a boiada”, uma vez que o agronegócio estava sofrendo com problemas de produção. Ou seja, o sistema é tão ineficiente em relação ao tratamento da crise climática, que ao perceber suas consequências, a queda na produção devido a mudanças no clima, decide que não só não irá tratar do problema, como na verdade irá se certificar de trabalhar em sua intensificação, visando continuar com a lógica destrutiva que nos trouxe até aqui. A ordem ignora qualquer ciência e continua com o desmatamento e a exploração em busca de um lucro nunca suficiente. Seria como se um médico, recomendasse a um paciente com câncer no pulmão que continuasse a fumar, uma vez que o estrago já está feito e deve se tirar o “melhor proveito” da situação.
Sob tal contexto, percebi que o problema é na verdade a ordem, o sistema, o capitalismo, porque essa exploração destrutiva não pode ser separada dele, faz parte de seu cerne. A verdade é que a ordem que nos trouxe até aqui, está caminhando para o precipício, está ruindo e mesmo assim, tentando nos manter sobre seus princípios, dizendo que tudo ficará bem, quando na verdade, já falhou. Nós, então, nos encontraremos, em um tempo nada distante, diante de uma escolha, o fim deste sistema, ou o fim de nosso mundo. É neste dilema que enxergo o Ecossocialismo, uma nova ordem, uma nova oportunidade, enquanto um coletivo, de apresentar uma solução viável e principalmente justa, para um futuro ecológico e de justiça social, associando as lutas dos trabalhadores, à essencial luta ecológica, aos saberes ancestrais indígenas e as práticas coletivas. Somente assim poderemos instaurar um futuro possível e existente, é a tarefa da nossa geração. A geração que vive com a incerteza sobre ter um futuro, deverá ser a geração que transformará e possibilitará, um justo e sustentável, em um processo de convencimento de toda a população global, de que apenas com a mobilização contra o sistema posto, poderemos existir e compartilhar de um futuro, e que caso o contrário, estaremos todos enquanto espécie, em ameaça de extinção, tornando óbvia e única a escolha pela mudança. Precisamos mobilizar nossa luta ao redor do clima, para permitir que exista um mundo pelo qual possamos lutar.
Muito bom !! esse termo ''ecossocialismo'' é muito recente imagino eu, explicação muito concreta me fez compreender qual é sua proposta!!
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