No dia 8 de janeiro de 2023 o Brasil enfrentou uma brusca e
repentina tentativa de golpe, também conhecida como Intentona Bolsonarista. Nesta
data, indivíduos influenciados pelo movimento iminente da extrema direita se
juntaram em Brasília e vandalizaram parte do patrimônio público, como o Palácio
do Planalto. Não é surpresa que o Brasil seja um país que flerte com iniciativas
e regimes autoritários, logo, não podemos reduzir este acontecimento como um fato
isolado ou uma mentalidade bolsonarista.
Segundo Charles Mills, devemos desenvolver uma imaginação sociológica
– conceito que defende que é necessário que relacionemos problemas ditos como
pessoais de uma perspectiva mais ampla, observando a influência de forças
históricas e das estruturas que moldaram nossa sociedade. A partir disso, podemos
compreender que essa tentativa de golpe definitivamente não foi algo repentino,
mas sim calculado e desenvolvido com a ajuda das redes sociais e de
uma mentalidade coletiva.
Durante o período anterior à tentativa de golpe, houve a
disseminação em massa de teorias conspiratórias, as quais acarretaram o surgimento
de fake news nas redes sociais de que as eleições haviam sido fraudadas. Tais inverdades
foram tomadas como realidade por parte dos ditos “cidadãos de bem”, que desenvolveram
uma mentalidade de justiceiros e foram atrás da “verdade concreta”. Portanto, julgando
que faziam parte de “algo maior”, um movimento coletivo, resolveram vandalizar
as sedes do governo nacional como forma de “protesto” para alcançarem a almejada
justiça – mudar o resultado das eleições e trazer Jair Bolsonaro de volta ao
poder.
Em síntese, é possível concluirmos que o movimento do 8 de
janeiro não foi uma ação realizada por movimentos individuais e motivações próprias,
mas sim uma trama complexa de interações sociais e políticas, influenciadas
diretamente pelas redes socias, disseminação de inverdades e manipulação das
emoções pessoais dos indivíduos. Nesse sentido, a imaginação sociológica
mostra-se como uma ferramenta imprescindível para a reflexão e criticidade dos
cidadãos, assim como para compreender fenômenos que podem soar à primeira vista
como ações individuais, mas são movimentos coletivos liderados pelo contexto
histórico, tecnológico e político de uma nação.
GEOVANA MARTINS DE MORI - 1º ANO - DIREITO - MATUTINO
Texto muito bem escrito, Geovana, com uma visão à esquerda sobre o que se verificou em 08 de janeiro de 2023, com um juízo, repetido por mais de vez, de que teria havido um golpe. De fato, muito do que disse é possível ser constatado, objetivamente (manipulação de coletivos, vandalismos, desejo de se fazer justiça com as próprias mãos etc.). O que me parece bem estranho, e também detectei objetivamente, foi a publicação de um decreto de intervenção no Distrito Federal, em articulado cuidadosamente redigido, lido a partir de Araraquara, onde estava o Presidente da República, tudo de forma tão rápida, e antes, por assim dizer, do término daquilo tudo. No contexto dos propalados extremos (à direita e à esquerda), difícil saber o que de fato hoje, bem assim o que é mentira e o que é verdade nisso tudo. Estamos, como disse um professor certa vez, "encalacrados". Bem por isso precisamos continuar analisando tudo, sem precipitações, e com base nos registros históricos, científicos. Imagino que teremos ainda uma resposta mais próxima da verdade. Um abraço, Alexandre.
ResponderExcluir