Imagine um mundo voltado não para a busca incessante pela riqueza econômica, mas para a máxima evolução do conforto e do intelecto humanos. Nesse cenário “idealizado”, o trabalho seria uma vertente da arte, pois sua prática objetivaria o exercício das potencialidades criativas de cada um, não apenas o lucro. A produção, por sua vez, de forma autossustentável e com o uso universalizado da tecnologia, seria apenas dos recursos necessários a uma vida digna e ao progresso desta, exigindo menos horas de labor. Assim, sucumbida a necessidade de produzir capital a todo instante, os sujeitos poderiam usufruir do próprio tempo de vida. Desse modo, além do tempo necessário à manutenção da própria moradia e saúde, garantindo a sobrevivência mínima, seria possível desfrutar do lazer, do esporte e até do ócio, cuja importância é salientada pelo filósofo Byung-Chul Han. Ainda, as relações interpessoais se dariam com maior frequência, estreitando os laços afetivos familiares e fraternos, porquanto, além do tempo, dispor-se-ia de mais energia para investir em atividades comunitárias, as quais resultam na socialização. Já no âmbito educacional, o letramento crítico no ensino básico seria ampliado, enquanto no superior, a formação e a pesquisa se ocupariam com a resolução de questões a fim de aprimorar a vida social e a experiência humana no planeta. Esse último, por fim, expurgada a lógica exploratória de seus recursos, seria preservado por nossa raça, cuja perpetuação resultaria da harmonia com o meio ambiente.
É coerente concluir que vislumbrar dias melhores não é apenas justo, mas também possível. Exemplo concreto disso é a tradição originária, do Brasil e do mundo, a qual, insubordinada à arrolação do tempo e ao estilo de vida capitalistas, sobreviveu ao genocídio a à pressão civilizatória, vivendo em conjunto e em harmonia com a natureza.
Texto extra (Palestra do Afronte): Um mundo fora da ordem ou uma ordem fora do mundo?
Laura Xavier de Oliveira - 1º ano - Direito (matutino)
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