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sábado, 5 de abril de 2025

Mundo, paz e ordem: diferentes perspectivas

     “Ordem”: o que significa essa palavra ? Alguns podem remeter a leis ou regras. Outros ao que seria certo, ao correto. Outros à estabilidade, à “paz”. Um mundo em ordem, portanto, estaria em paz, mas será que está valeria para todos ? Qual seria tal “mundo” nesse contexto?

      “O perigo de uma história única”, de Chimamanda Adichie, decorre sobre os pontos de vista relativos sob os quais analisa-se a história. Segundo ela, todo fato passado tem várias formas de ser analisado: uma guerra, por exemplo, será contada de um modo por quem ganhou, de outro por quem perdeu, de outro por quem foi mero telespectador e assim por diante. A questão é que, na realidade contemporânea, em especial nos países que já foram colônias europeias, os conhecimentos são transmitidos com base em narrativas eurocêntricas. Isso prejudica muito o ensino dos jovens e a educação da sociedade como um todo, que já cresce vendo o mundo sob a ótica do colonizador, mesmo sendo, na maioria verdade, descendente também de escravos, indígenas etc.

     Essa ótica, portanto, é branca, é machista, é xenofóbica, dentre tantos outros preconceitos enraizados nessa maneira única de ver e contar o mundo. Trata-se do homem branco colonizador ensinando aos colonizados, catequizando-os, doutrinando-os a pensarem como ele até hoje. Seguindo essa linha de raciocínio, quando nos referimos à “ordem” e ao “mundo”, é a ordem deles e ao mundo deles que estamos falando. Do mundo cristão, branco e privilegiado. Nesse sentido, quando se afirma que “o mundo está fora de ordem”, afirmação feita constantemente nos últimos anos, seria o mundo ideal branco e privilegiado se degradando. Os movimentos sociais ganharam espaço, minorias conquistaram direitos e enquanto isso muitos tentam reverter tal cenário, parar essa movimentação. O mais intrigante é que não são europeus defendendo tal conservadorismo, mas pessoas com mentes colonizadas defendendo seus colonizadores, de certo modo. Elas lutam pela paz deles, dos brancos, cristãos, homens, que foram quem chegaram aqui em 1500 e a menos que essa ideologia mude, essa situação seguirá a mesma.

     Portanto, como diz a música do Rappa “minha paz”: “é sobre a paz que eu não quero ter pra tentar ser feliz”. O mundo sem conflitos pode ser considerado ordenado e confortável para alguns, mas a luta e a desordem são necessárias para se alcançar a verdadeira paz, uma nova ordem mais usta e inclusiva em um mundo mais igualitário e estável.


Eloisa Prieto Furriel 1°ano direito matutino

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