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sábado, 5 de abril de 2025

O Positivismo e o Ensaio Sobre a Coesão Social

                               O positivismo e o ensaio sobre a coesão social

 Após a superação do Antigo Regime, a Europa viveu um momento de consolidação do capitalismo, da industrialização acelerada e da urbanização pulsante. Em meio à Belle Époque, o otimismo quanto aos avanços da ciência tomou conta da burguesia, a qual era dominante enquanto classe social. Nesse contexto, no qual tudo era relativamente recente, uma nova ciência foi exigida para explicar os problemas e as questões emergidas. Surge, então, a sociologia e a sua primeira corrente: o positivismo. Seu autor, Augusto Comte, influenciado pelo cientificismo da época, defendia uma física social caracterizada pela objetividade e pela exatidão, tal como os fenômenos naturais, para estudar e compreender a comunidade, buscando sempre um padrão para a realidade social.

  Tal tese se mostrou problemática ainda na época em que foi elaborada e difundida, visto que, como partia do pressuposto de que as sociedades deveriam atingir determinados estágios, os quais eram baseados em concepções europeias e estabelecidos de maneira semelhante a regras físicas precisas, para serem consideradas dignas do progresso; compreendia tudo o que se distanciava da Europa como atrasado e distante da evolução. Dessa forma, construiu um raciocínio no qual a história seria concebida linearmente, sendo que aquilo que se classificava como diferente dos padrões europeus era inferiorizado. Assim, a ideia de um darwinismo social foi solidificada e sequestrada para justificar o imperialismo das potências e aniquilar as diferenças socioculturais e, consequentemente, manter a uniformidade e a coesão entre os povos.

  Contudo, é preciso ressaltar que o positivismo não ficou preso ao século XIX, uma vez que, na contemporaneidade, se observa a ascensão de pensamentos que incitam a estandardização conservadora. A fim de se alcançar um modelo ideal de sociedade, segundo o qual se obedece a um padrão e a uma moral superiores, exclui-se, das mais diversas maneiras, todos que defendem ideais que vão ao sentido diametralmente oposto ao do sugerido pelo tradicionalismo. Prova de tal questão é o aumento considerável de discursos xenofóbicos e anti-imigração na Alemanha e na França, por exemplo. Diante de um cenário de crises e de instabilidades internas, os países aproveitaram-se de atentados cometidos por pessoas com histórico migratório, para formular narrativas extremistas que condenassem, em especial, pessoas do Oriente Médio e para endurecer as políticas de imigração. Tudo isso para garantir a coesão entre essas culturas e para afirmar a reorganização do que estaria desregulado.

  Conclui-se, pois, que o positivismo, outrora empregado para embasar o fardo do homem branco, na atualidade, é operado com outros fins, mas a base e o âmago de seu raciocínio – a ordem e o progresso - ainda permanecem. Independentemente da finalidade com a qual é empregado, um grupo sempre buscará a coesão para preservar a sua hegemonia.

 

Isadora Cardoso Peres -  1º Noturno

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