A questão levantada pelo professor Agnaldo: “Um mundo fora de ordem ou uma ordem fora do mundo?” é curiosa. Em um século XXI marcado pelo genocídio palestino, pela guerra “ao terror”, pelos retrocessos e pela opressão de grupos minoritários, pode parecer fácil responder de cara: “é um mundo fora de ordem”. No entanto, ao analisarmos o contexto de fatores como as ascensões políticas contemporâneas, especialmente o retorno do fascismo, é difícil discordar da ideia de que há, sim, uma “ordem fora do mundo”.
No contexto da pergunta, podemos definir "ordem" de duas maneiras que se complementam:
-Uma ordem destinada aos oprimidos: ou seja, um sistema opressivo e alienante que esmaga os direitos, a coletividade e a autodeterminação dos indivíduos, que apenas influenciam o cenário mundial por meio de sua força de trabalho.
-Uma ordem dos opressores: não uma ordem como a representada no filme De olhos bem fechados, de Stanley Kubrick, mas uma ordem que opera com base no controle e organização das figuras que estruturam o globo para atender aos seus próprios interesses.
Quando falamos de uma ordem “fora do mundo”, essa afirmação pode ser entendida de dois modos que também se complementam:
-A ordem está fora do mundo por ser organizada por aqueles que estão fora da vivência cotidiana do ser humano comum.
-A ordem está fora do mundo porque retira a noção de importância dos oprimidos no cenário mundial, apagando suas vidas e necessidades.
Por fim, acredito que estamos, de fato, em uma ordem fora do mundo, e não em um mundo fora de ordem. Após a consolidação da burguesia industrial e dos Estados modernos, é difícil afirmar que algo em escala geopolítica esteja realmente “fora de ordem”. Se está “fora de ordem”, é porque está fora da ordem estabelecida por aqueles que impõem seus próprios padrões em escala global.
Eduardo Cavalcante Seghese Neto 1º Direito Noturno
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