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sábado, 19 de novembro de 2016

O cárcere de Dona Elvira

Sebastião! Sebastião! bravejava Dona Elvira aflita
onde estaria esse menino que sumira junto ao pôr do sol?
ele se foi pra nunca mais voltar - pensava, sentido-se perdida...
por influência de sua cultura católica, contudo, lembrava de seu messias e tornava a sonhar

decidiu-se, então, por esperar três dias
ora, tal como Jesus, certeza que o menino retornaria!
e quando voltasse, a felicidade iluminaria sua vida
Sebastião resolveria seus problemas, desde a corrupção à maçonaria

às 6:40 do primeiro dia já se encontrava acordada esperando-o na calçada
contudo, ainda sonolenta, confundiu-o com um soldado que então passava
sem perceber seu engano, logo a emoção invadiu-a por inteiro
mas após vinte e um piparotes num mendigo adormecido, percebeu seu erro

no segundo dia, o engano foi demasiadamente menor
contudo, a demora para despertar do sono levou-a  a errar por muitas vezes
a cada criança que passava enganava-se pensando ser seu Sebastião
e a cada instante a esperança era arrancada de seu peito como se feito por um cirurgião

no último dia a esperança já iludia-lhe os olhos
ao ver um magistrado valente, lutando por oprimidos e inocentes,
vislumbrou novamente seu amado salvador
conformada, entregou-se a essa nova ilusão e seguiu a vida

contente por sua volta, esqueceu dos problemas que vivia
sabia que qualquer coisa que a incomodasse Sebastiãozinho resolveria,
ignorando que um dia, de novo, o menino levado sumiria
triste ver que Dona Elvira prendeu-se outra vez no mito Sebastianista,
do qual dificilmente se libertaria!

Gabriel Henrique Bina da Silva, 1º ano - período diurno

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