Um dos pontos mais interessantes
no filme Ponto de Mutação é a
abordagem do pensamento holístico contrapondo-se ao pensamento mecanicista e ao
racionalismo exacerbado preconizados por René Descartes e Francis Bacon.
Descarte defende a fragmentação
de cada dimensão daquilo que se quer conhecer e já Bacon é contra a ciência
como mero exercício da mente, segundo ele a ciência deve conhecer a natureza
para posterior dominação da mesma.
Decorrente do pensamento desses
filósofos houve uma supervalorização da ciência que perdura até os dias de
hoje. É óbvio que ela nos da muitas, mas não todas, respostas "concretas", apesar de sempre
superar essas mesmas, isto é, algo que era a verdade absoluta ontem pode ter
sido contestada e desvalidada por uma descoberta ou por um novo estudo. Mas
tomar a ciência como senhora de tudo e de todos é demasiadamente perigoso.
Afinal ao mesmo tempo em que ela cria remédios, cria armas de destruição em
massa. Ou seja, ela tem limites e limitações. Seu principal objetivo é sempre
buscar a verdade e não procurar
utilidade ou a felicidade dos homens.
Por isso, em minha opinião, o
pensamento holístico pode ser mais acertado e adequado, pois ele permite relações,
estabelece pontes entre Ciência, religião, filosofia e arte, o que retira um
pouco dessa soberania da ciência. Esse pensamento não vê o ser humano como uma
unidade, mas sim como parte de um todo que é a natureza em si. Isso se confirma
nas consequências desastrosas que o ideal de tratar a natureza como escrava das
vontades humanas tem trazido, como por exemplo, o aquecimento global que
interfere na vida cotidiana do próprio homem.
Tomar a ciência como base e fonte
de tudo tem transformado o ser humano no pior dos parasitas, não só parasita da
natureza através da destruição de florestas, poluição de rios e
esgotamento de solos e bens naturais, mas também um parasita de sua própria
espécie, pois, tendo a tal ciência como aliada, mata várias pessoas de fome, de
sede, por guerras e de doenças cuja cura ou tratamento já foram descobertos.
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