O filme “Ponto de
Mutação”, de 1992, faz uma crítica precisa à sociedade ocidental contemporânea
e ao seu modo de vida. O longa-metragem aborda temas filosóficos atuais sob a
visão de um político, de uma cientista e de um poeta. O filme trabalha com as
teorias, entre outros, de alguns filósofos do século XVIII, como Descartes e
Newton, por conceberem a ciência dentro dos princípios e valores mecanicistas.
Esse tipo de pensamento racional e mecanicista foi de extrema importância para
os rumos da ciência no ocidente, e representou um grande salto para a
interpretação do mundo além dos misticismos e dogmas do passado. Contudo, o
filme sugere que essa noção de mundo já não é suficiente para explicar o
presente. Os novos problemas criados pela sociedade contemporânea exige,
segundo o longa, uma abordagem mais holística; ou seja, fundamentada na idéia
de que lidamos com uma teia de relações, e que as análises devem ser percebidas
como um “todo” complexo, e não de forma fragmentada, isolada. Entre os vários
temas abordados na trama, podemos refletir sobre a aplicação dos conhecimentos
teóricos e científicos na vida em sociedade, bem como sobre a interrogativa: a
serviço de quê e de quem esses conhecimentos são utilizados, no contexto da sociedade
moderna ocidental? Podemos afirmar que são dificuldades técnicas e práticas que
influenciam o desenvolvimento de conhecimentos teóricos. Sabemos, por exemplo,
que fora na tentativa de solucionar problemas econômicos da iluminação da
cidade de Paris que o químico Lavoisier decidiu estudar o fenômeno da
combustão. A imagem da neutralidade científica é ilusória. Verificamos
atualmente que a produção cientifica passou a fazer parte das forças produtivas
da sociedade, tornou-se agente econômico e politico. Os governos decidem quais
as ciências que serão desenvolvidas e financiadas, indicando que o grau de
neutralidade e liberdade dos cientistas é quase nulo. A comunidade científica
cria, mas não tem o domínio político e econômico da sua criação.
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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