A
palavra “burguesia” é derivada e encontra suas raízes em uma expressão um tanto
quanto menos conhecida e menos familiarizada aos conceitos contemporâneos: “burgos”.
Os burgos eram pequenas aglomerações que, gradativamente, foram surgindo ao
redor dos antigos castelos feudais à medida que as trocas comerciais e o ciclo
de capital ressurgiam na Idade Média. A
grande peculiaridade dessas instituições consiste no fato de que elas foram
fundamentais para o recuo das relações servis do feudalismo e para a
consolidação de um sistema econômico que, cada vez mais, almeja obter de uma
maneira única e exclusiva o lucro.
Contudo,
para abolir de forma efetiva o feudalismo e atingir a solidificação de um
capitalismo pleno, foi imprescindível que as pessoas que conviviam nos burgos,
os até então denominados burgueses, intensificassem suas pequenas trocas, seus
comércios locais e com isso, aos poucos no decorrer da história, conseguissem
autonomia política e econômica para passarem de meras aglomerações do sistema
feudal para a poderosa classe dominante que pendura até os dias atuais.
Dessa
forma, a burguesia, assim como explicita Marx e Engels no “Manifesto
Comunista”, foi durante um significante período da história pertencente ao lado
dos oprimidos. Todavia, ela foi capaz, nos embalos de uma luta de classes, de
efetivar seus objetivos e legitimar a formação de um capitalismo industrial
extraordinariamente expansionista. O capitalismo fortaleceu-se tanto que todos
os setores ao seu redor – o de comunicação, transporte, as relações sociais, a
estrutura da família – sofreram nítidas transformações e estabeleceram novos
padrões. Eram como poderes de um bruxo que não conseguia mais controlar o
efeito de seus feitiços.
O
mais descontrolado efeito desse bruxo, que analogicamente pode ser reconhecido
como a burguesia, é a opressão e a exploração das classes operárias. O
proletariado era escravo da máquina e servo da burguesia. Trabalhava
incessantemente para aumentar a produção e recebia uma quantia ínfima para
sobreviver. Essa é a lógica do capitalismo industrial que garante uma
superprodução e, por conseguinte, o lucro exacerbado da classe burguesa.
É
em virtude dessa situação de extrema precariedade que Marx e Engels convocam
com euforia e entusiasmo a união global de todos os operários para fazerem o
mesmo que a burguesia fez com o feudalismo, e assim, após lutas e embates entre
a classe opressora e a classe oprimida garantir que o comunismo se consolide,
eliminando as desigualdades sociais advindas com a propriedade privada
assegurada pelo liberalismo econômico.
Juliana
Galina Soares – Direito diurno. Texto referente à aula 10.