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sábado, 3 de julho de 2021

Crise de percepção. A humanidade contemporânea sob a ode metódica e mecanicista da modernidade.

"(...)

Yo no soy sino la red vacía que adelanta

ojos humanos, muertos en aquellas tinieblas,

dedos acostumbrados al triangulo, medidas

de un tímido hemisferio de naranja.

Anduve como vosotros escarbando

la estrella interminable,

y en mi red, en la noche, me desperté desnudo,

única presa, pez encerrado en el viento."

NERUDA, Pablo. Antologia Poética. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.

Ouso aqui diferente do que se vê no  filme “O ponto de mutação”, produção inspirada no livro de Fritjof Capra , onde dentre outras fontes, irei tomar como referência certos trechos e reflexões, começar pelo fim. Começo analisando a angústia do autor trazida pelo personagem Thomas Harriman; o homem de tanto subjugar a natureza a sua racionalidade vai de predador á criatura passiva, com muito tom de melancolia, torna-se presa. E se há uma presa há também um predador, que poderia ser a natureza com seus intermináveis mistérios (numa visão mais poética e metafísica), porém , o homem tornou se presa dos mecanismos da própria humanidade, que muito desumanamente, ao se ver como indivíduo além da natureza tornou-a sua escrava “A natureza devia ser caçada, posta para trabalhar, escravizada.”, um desejo baconiano tornou-se realidade.

Em ode ao ideal evolutivo que surgiu com a modernidade, teremos portanto a desenfreada exploração da Terra e seus recursos sem nenhuma perspectiva geracional. Tal problemática abordada durante o longa nos traz à atualidade caótica onde o capital, aqui numa perspectiva de mecanismo do próprio homem, subjuga os outros homens e impõe por sua vez condições que levam a ignorância da própria existência, quando não á defesa dos próprios grilhões.

A crise de percepção, vem não somente pela alienação da própria condição imposta pelo paradigma mecanicista, como também na crise da percepção do tempo histórico. Observemos por exemplo, que ali no filme, o ambiente em questão é uma ilha afastada da realidade do mundo e com todas as características medievais conservadas, tal realidade não é possível com os conhecimentos já adquiridos pelas personagens contemporâneas; então por que a insistência em manter os paradigmas da modernidade seria aceitável no mundo contemporâneo? Qual a conveniência dessa perspectiva?

Ao final, Thomas, personagem mais observador de todo o longa declama Pablo Neruda e traz a reflexão que pode ser a mais pertinente e paradoxal de todas; insistimos em tal perspectiva não por falta de conhecimento, mas por que tão metodicamente construímos uma rede da qual não conseguimos mais nos desprender. Portanto tomo a liberdade ainda de acrescentar um paralelo com Drummond que em seu poema "A maquina do mundo", talvez como anseio ou tradução de sua angústia, ao perceber a realidade na qual a humanidade se colocou nega se a desvendar os mistérios do universo, pois sabe que ao conhecer o universo jamais nos voltaríamos a um mundo fechado e controlável.

A Máquina do Mundo
Carlos Drummond de Andrade
E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco
 
se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas
 
lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,
 
a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
 
Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável
 
pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar
 
toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.
 
Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera
 
e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,
 
convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas,
 
assim me disse, embora voz alguma
ou sopro ou eco ou simples percussão
atestasse que alguém, sobre a montanha,
 
a outro alguém, noturno e miserável,
em colóquio se estava dirigindo:
“O que procuraste em ti ou fora de
 
teu ser restrito e nunca se mostrou,
mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
e a cada instante mais se retraindo,
 
olha, repara, ausculta: essa riqueza
sobrante a toda pérola, essa ciência
sublime e formidável, mas hermética,
 
essa total explicação da vida,
esse nexo primeiro e singular,
que nem concebes mais, pois tão esquivo
 
se revelou ante a pesquisa ardente
em que te consumiste… vê, contempla,
abre teu peito para agasalhá-lo.”
 
As mais soberbas pontes e edifícios,
o que nas oficinas se elabora,
o que pensado foi e logo atinge
 
distância superior ao pensamento,
os recursos da terra dominados,
e as paixões e os impulsos e os tormentos
 
e tudo que define o ser terrestre
ou se prolonga até nos animais
e chega às plantas para se embeber
 
no sono rancoroso dos minérios,
dá volta ao mundo e torna a se engolfar,
na estranha ordem geométrica de tudo,
 
e o absurdo original e seus enigmas,
suas verdades altas mais que todos
monumentos erguidos à verdade:
 
e a memória dos deuses, e o solene
sentimento de morte, que floresce
no caule da existência mais gloriosa,
 
tudo se apresentou nesse relance
e me chamou para seu reino augusto,
afinal submetido à vista humana.
 
Mas, como eu relutasse em responder
a tal apelo assim maravilhoso,
pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,
 
a esperança mais mínima — esse anelo
de ver desvanecida a treva espessa
que entre os raios do sol inda se filtra;
 
como defuntas crenças convocadas
presto e fremente não se produzissem
a de novo tingir a neutra face
 
que vou pelos caminhos demonstrando,
e como se outro ser, não mais aquele
habitante de mim há tantos anos,
 
passasse a comandar minha vontade
que, já de si volúvel, se cerrava
semelhante a essas flores reticentes
 
em si mesmas abertas e fechadas;
como se um dom tardio já não fora
apetecível, antes despiciendo,
 
baixei os olhos, incurioso, lasso,
desdenhando colher a coisa oferta
que se abria gratuita a meu engenho.
 
A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,
 
se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mãos pensas.
 (Folha de São Paulo, 2002, p.20)

Stephani E. C. Luz

O Brasil pandêmico e a ciência moderna

     Por muito tempo o ser humano foi um mero espectador do mundo, um ser passivo que apenas contemplava a natureza, o seu conhecimento estéril não modificava o mundo que estava ao seu redor. A ciência moderna aparece para intervir no mundo em benefício do homem utilizando o conhecimento adquirido como uma ferramenta de mudança.

    Na idade moderna, pensadores como Francis Bacon e René Descartes mudaram definitivamente o conceito de “fazer” ciência. Anteriormente, a ciência guiava-se apenas pela contemplação da natureza e sem nenhuma proposta de mudança. As maiores fontes de conhecimento eram provenientes da religião e de costumes locais. Esse modelo de saber caracteriza-se como dogmático pois reconhece-se como uma verdade absoluta, dessa forma, impossibilitaria a sua reformulação e reprodução - essa seria a esterilidade do saber criticada por Descartes. 

    A ciência moderna, principiada por Bacon e Descartes, defende a intervenção no mundo por meio do conhecimento, ou seja, é necessário que o conhecimento se manifeste como uma ferramenta de mudança em benefício do homem. Outro ponto muito abordado dentro das bases epistemológicas da ciência moderna é a de dominação da natureza e, consequentemente, do mundo. Nota-se que a centralidade do homem é um fator extremamente importante pois o coloca como dominador e detentor do próprio meio.

    A partir dessas bases epistemológicas desenvolveu-se o conhecimento científico moderno que, basicamente, se estabelece a partir de uma razão concreta reconhecida por meio de experiências que levam em conta muito mais do que apenas eventos pessoais e individuais. A ciência questiona, põe à prova sua própria verdade, estabelece relações que possibilitem o desenvolvimento pleno de sua razão e assim, produz-se um conhecimento que, apesar de não representar uma verdade absoluta, representa uma fonte mais segura e eficaz para a humanidade.

    Apesar da ciência moderna manifestar-se como uma fonte de conhecimento de produção rigorosa e sistemática, o cenário mundial vem substituindo as evidências científicas por verdades não comprovadas, muitas vezes provenientes de opiniões, crenças e convicções baseadas em experiências pessoais. Os ídolos de Francis Bacon invadem a cena e entram em atrito com a razão científica.

    Desde o início da pandemia de Covid-19 no Brasil, o governo brasileiro tem sustentado afirmações e teses negacionistas à ciência. Estão entre elas a difusão de tratamentos sem eficácia comprovada, o rebaixamento de uma doença - que até o presente momento matou mais de 500 mil pessoas - à uma “gripezinha”, incentivo ao não cumprimento das medidas preventivas orientadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o atraso na compra de vacinas com eficácia comprovada.

    Em meio ao caos sanitário, os discursos proferidos pelo governo à nação brasileira, geralmente, eram sustentados pela proteção à economia. O país não poderia “parar” por causa de uma pandemia pois precisava gerar lucro, gerar dinheiro, girar a roda da economia. A superação do capitalismo acima da própria humanidade é a representação perfeita da visualização do homem como uma máquina e não mais como um ser.

    Existe aqui um grande impasse: a negação da ciência moderna para sustentar o seu próprio produto. No filme “O Ponto de Mutação” - dirigido por Bernt Amadeus Capra - ressalta-se a questão da dominação da natureza tanto externa quanto interna do homem. O ser humano passa a visualizar-se como uma máquina e não se reconhece como um ser propriamente dito. Essa visão moderna do homem corrobora para a lógica capitalista de gerar lucro a todo custo, independente dos fatores externos.

    Se a mecanização do ser é um produto da ciência moderna, a negação dela, no momento atual, visa mecanizar ainda mais o homem. Em meio a uma pandemia, utilizar-se de métodos sem comprovação de eficácia para manter a economia em ascensão é não reconhecer a necessidade humana de proteger sua saúde. 

    A mecanização do homem é um ato violento de restringir suas necessidades humanas a fim de gerar riqueza para o sistema, é capitalizar a vivência do ser. Se durante uma crise sanitária global a prioridade não for salvar vidas, e sim, salvar a economia, não há mais humanidade no sistema. Negar a ciência, nesse aspecto, é negar a saúde ao povo.   

    É negando a pandemia, negando as medidas de restrição e negando as formas eficazes de controle ao vírus que se domina a natureza humana e a transforma em uma mera peça do grande tabuleiro capitalista da economia.  Luísa Sasaki - Direito Diurno - Turma XXXVIII


 

Conhecer é mais perfeito do que duvidar?

   Na infância, tudo é novidade na vida das pessoas. O mundo é uma grande experiência de descoberta e é comum a postura curiosa perante a natureza. “Por que o céu é azul?” “Porque o Sol brilha?” “Porque camaleões mudam de cor?” e outras muitas perguntas do gênero são frequentes na infância. Contudo, à medida que envelhecemos, essa visão investigativa do mundo geralmente se dilui e passamos a absorver informações de forma passiva e até mesmo desinteressada. Constatada essa mudança de mentalidade, faz-se relevante uma análise, com um viés filosófico, sobre os perigos velados desse fenômeno que se apresenta de forma tão natural na vida humana.

   Em uma primeira perspectiva, tal postura acrítica e irreflexiva não é tão inofensiva quanto pode parecer de início, pois além de favorecer a dominação intelectual das pessoas, está relacionada a uma cultura nociva que percebe o “conhecer” como mais nobre do que o “duvidar” ou o “questionar” e que leva os indivíduos – seja por vergonha ou prepotência – à presunção do conhecimento. Esse cenário é preocupante porque constitui um dos pilares psicológicos das “fake news”, tão disseminadas atualmente, em especial nas mídias digitais. Ademais, não é adequado ao profissional do século XXI essa comodidade em relação à aprendizagem. Depois do advento da Terceira Revolução Industrial, o profissional valorizado não é somente aquele que tem o conhecimento ou boas ideias prontas (pois essas agora são frequentemente oferecidas por computadores ou por algoritmo) mas o indivíduo em constante aprendizado e que sabe fazer boas perguntas, e, para isso, é necessária a genuína curiosidade.

   Sob uma ótica diferente, também é possível traçar um paralelo interessante entre essa questão do conhecimento na sociedade contemporânea e filósofos até hoje lembrados quando o objeto de estudo é o próprio conhecimento. René Descartes, por exemplo, em “O Discurso do Método”, constrói um raciocínio baseado na ideia de que conhecer é mais perfeito do que duvidar e constata sua evidente imperfeição, já que sua mente estava repleta de dúvidas acerca da realidade. Ademais, apesar de ter chegado a uma conclusão, se posiciona coerentemente com o princípio básico de refutabilidade da Ciência, e, antes mesmo de começar a exposição de suas divagações, equipara a sua obra a uma fábula, no sentido de que não tem a pretensão de elucidar respostas definitivas (se é que essas existem). A postura do filósofo de valorização do aperfeiçoamento do espírito em detrimento da posse do conhecimento absoluto é, mais do que nunca, um atributo positivo. Já Francis Bacon, tem uma contribuição diferente, pois identifica os Ídolos, empecilhos para a obtenção do conhecimento, e por meio dessa observação infere a dificuldade do processo de conhecimento. Tal lição é muito válida no contexto atual, no qual muitas pessoas, imbuídas em sua própria comodidade, nem sequer concebem o conhecimento como um processo, mas como um conjunto de informações avulsas, não raro, adquiridas por veículos não confiáveis.

   Por fim, é possível apreender que a postura investigativa infantil, exatamente por se assemelhar a de um cientista, é mais necessária do que nunca, em tempos tomados pela desinformação quase generalizada.  Sua importância está não somente na necessidade de se adequar ao mercado do futuro, mas fundamentalmente no exercício pleno da cidadania. Assim, tem-se que conhecer é mais perfeito do que duvidar, mas duvidar sempre será mais perfeito do que presumir conhecer. 

Isabela Mansi Damiski Teixeira de Castro - Primeiro ano Diurno


A sociedade carrega as consequências do negacionismo

  ciência e o método científico proposto por Francis Bacon, surgiu da necessidade de compreender o tipo de relação que se estabelece entre os fenômenos e assim, usar dessas ferramentas para dominar a natureza, trazendo benefícios para a sociedade. No entanto, existem obstáculos, os chamados ídolos, que prendem os homens a preconceitos, crenças e falsas percepções de mundo, e deste modo, impedem o pensamento crítico e a construção do verdadeiro conhecimento, abrindo espaço para teorias que refutam a ciência.


Nesse contexto, destaca-se o negacionismo que não é apenas algo pontual e passageiro, mas sim, um sistema de crenças que nega o conhecimento objetivo, a crítica, as evidências empíricas e o argumento lógico. As “verdades” defendidas pelos negacionistas vão contra conceitos provados, comprovados e aceitos pela comunidade científica há anos, se tornando crendices sem fundamentos. Bacon nomeia tal fenômeno de ídolos, essas falsas noções de realidade que atrapalham no avanço da racionalidade humana e na busca pelo conhecimento verdadeiro.


O negacionismo não é tão recente, na Idade Moderna as autoridades religiosas negavam os avanços científicos por entrarem em choque com os seus valores e as suas crenças subjetivas. Para lidar com essa situação, cria-se uma explicação alternativa da realidade, muitas vezes sem levar em consideração a sociedade e as suas necessidades. A partir disto, exemplifica-se o negacionismo que tomou grandes proporções durante a pandemia do coronavírus e colocou a população em risco de saúde, através da negação da gravidade da doença, do boicote às medidas preventivas, da tentativa de descredibilização da vacina e do incentivo a tratamentos comprovadamente ineficazes. 


Em conclusão, o negacionismo apenas nega evidências e simula controvérsias científicas, mesmo que já exista consenso, atrapalhando no progresso e no avanço da ciência. Rejeitar os métodos científicos empregados é ignorar a realidade, permitindo que a subjetividade e as crenças na análise dos fatos prevaleça, e assim, a maior prejudicada é a sociedade. 


Luisa K. Herzberg 

1°  semestre Direito matutino 

Turma XXXVIII

A Divina Inutilidade

 



            Farto da antiga filosofia que se resumia a discursos para convencimento, Renee Descartes mostra-se em uma profunda crise existencial no primeiro capítulo do "Método da Razão". Buscando novas formas de entendimento e da compreensão do mundo ele resolveu abandonar a letras e ir atrás do conhecimento.

                Mas o que seria o verdadeiro conhecimento?! Antes de responder esta pergunta vamos voltar para a época mitológica, em que deuses eram portadores deste título. Athenas era considerada a deusa da sabedoria devido a suas estratégias de guerra, mas Apolo sendo o deus da cultura também não deveria dividir deste título? E Hefestos com suas habilidades de forja também não é digno?!

                O conhecimento é muito mais do que podemos descrever com palavras simples, ele é a reflexão, o fluxo de pensamentos que também é a única certeza que temos da existência, pois, com o pensamento vem o existir e o existir permite a produção de novos conhecimentos. É um paradoxo interminável, pois o mais profundo conhecimento vem do divino e humanos não tem como entender tamanha perfeição, é claro, se ela realmente existir.

                Explorando outros ares; Novum Organum de Francis Bacon -semelhante ao  Descarte- vai em contraposto a antiga filosofia (aliás, sua obra é uma 'crítica' a Organum de Aristóteles) que buscava a causa dos acontecimentos, ignorando complemente seus resultados. Nesta nova etapa da filosofia o pensador iluminista quer explorar os efeitos a utilidade pratica das ações, usando da experiência para o saber.

                Devido a isto foi criado uma formula para o conhecimento, juntando a racionalidade que poderia ser experiências, processos e o entendimento com a observação dos fatos tem-se o resultado, o método científico.

                No entanto, o filme: Ponto de Mutação veio para reabrir a discussão. Será que é inútil a causa dos acontecimentos?! Analisando o problema separado de um todo pode-se soluciona-lo momentaneamente, mas ignora a sua causa fazendo com que ele se repita inúmeras vezes. Num exemplo prático, você pegar um aluno com dificuldades de aprendizado e ensina-lo com os melhores professores irá resolver o problema do aluno, porém, ignora todo o sistema educacional e os outros que também tem e virão a ter dificuldades futuramente.

                 Infelizmente no longa, há uma denuncia de que o método de resolver apenas o problema é o mais empregado na política atualmente. Em suma, finalizo este trecho relacionando com o meme abaixo, será que todas as ações dos homens ainda continuam como inúteis mesmo após tanto tempo?

 

Carlos Gabriel Pagliuzo – Primeiro Direito Diurno.


 ****O presente texto irá correlacionar alguns assuntos abordados em sala de aula ( textos referentes a pensamentos de Francis Bacon e René Descartes ) com o filme Ponto de Mutação, de Bernt Amadeus Capra. 




Descortinando as névoas do desconhecido!!




     Quantos de nós, em alguma fase da nossa vida, já não nos deparamos com momentos estranhos, em que não conseguimos enxergar os cenários que nos cercam com as riquezas de detalhes e contornos presentes em cada um deles? Quantos de nós, por uma infinidade de motivos, já não tomamos como certo aquilo que é errado e como errado aquilo que seria o certo?


     Francis Bacon e René Descartes, e alguns outros pensadores anteriores a eles, dedicaram parte de suas existências na tentativa de criar um método que fosse capaz de evitar que a humanidade incorresse em situações como as duas perguntas formuladas no parágrafo acima. Ambos almejavam que as pessoas fossem capazes de vislumbrar as riquezas de detalhes e contornos dos objetos em sua plenitude. Ambos sonhavam com a possibilidade de que as pessoas não mais confundissem o certo com o errado, e vice-versa! É com esse escopo que se fortalece a ideia da criação de um Método Científico que fosse eficiente o bastante para o real entendimento do mundo que nos cerca. Porém, antes de falar sobre o Método Científico em si, é interessante pontuar o contexto no qual ele estava inserido. 


     O período classificado como Idade Média europeia compreende o arco de tempo que vai da derrocada do Império Romano do ocidente ( século V ) até a tomada de Constantinopla pelo Império Turco Otomano ( século XV ). De maneira genérica, o modo de produção era do tipo feudal, no qual formava-se uma teia de ligações entre senhores feudais, vassalos e servos. Pairando sobre todos estava a Igreja Católica, a Senhora Feudal por excelência,  detentora do maior poder religioso, político, econômico, cultural, científico e militar da época. Quase sem exceção, os comportamentos e relações entre indivíduos e entre estes e as instituições eram tutelados pela igreja. A explicação para praticamente todos os fenômenos naturais e sociais se baseavam em dogmas religiosos. Desde coisas simples, práticas, com aplicação no dia a dia das pessoas, até pensamentos mais elaborados e de cunho pré-científicos, enfim, tudo estava atrelado ao mundo religioso e sobrenatural monopolizado pela igreja. Opor-se a essa realidade era uma atitude perigosa. Muitos que se opuseram, inclusive, foram excluídos do seu meio, foram ridicularizados ou até mesmo mortos. Ainda assim, mesmo com todo o risco envolvido, uma onda de contestação começa a ganhar força, materializando o que ficaria conhecido como Renascimento, um resgate e posterior aperfeiçoamento do conhecimento produzido na antiguidade clássica, mais precisamente a antiguidade greco-romana. 


     Antigos estudos filosóficos são retomados, grandes tratados de medicina, anatomia e ciências naturais são elaborados, o comércio e a vida urbana ganham intensidade ao ocuparem as novas rotas comerciais, surgem as corporações de ofício, atividades bancárias florescem ofertando créditos e tantos outros agentes surgem em cena. Se outrora o pensamento oficial eclesiástico era repassado lentamente por obra dos monges copistas, com o advento da Imprensa de Gutenberg o pensamento não oficial passa a circular de maneira mais rápida e mais abrangente. Conceitos como teocentrismo e geocentrismo começam a ser abalados e surgem em números cada vez maiores defensores do humanismo, do antropocentrismo e do heliocentrismo. A igreja passa a ser questionada até mesmo internamente, culminando com o movimento da Reforma Protestante. Contudo, mesmo diante de toda essa nova realidade, é impossível afirmar que a Igreja Católica deixou de ser a instituição mais forte da idade média. Certo é que o Renascimento ladrilhou um caminho através do qual as pessoas daquele tempo percorreriam rumo a um mundo que nunca mais seria o mesmo. 


     Bacon e Descartes são frutos desse período. Ambos preconizavam a necessidade da ciência estar a serviço do ser humano, ou seja, ela deveria ser um instrumento de cunho prático e o seu fim maior seria proporcionar o bem estar geral da humanidade. Cada qual a sua maneira, procuraram lançar as bases de um pensamento mais estruturado e formal, que desse conta de interpretar e conhecer o funcionamento dos fenômenos naturais, possibilitando uma intervenção e até mesmo uma alteração na natureza em benefício próprio. O Método Científico ideal deveria sobrepor-se ao senso comum e não deveria valer-se de explicações religiosas. 


     Sem entrar nos pormenores a respeito do método adotado por cada um, vale ressaltar algumas diferenças entre eles. Francis Bacon guiava-se pelo método indutivo, ou seja, partia da análise individual de um determinado fato e dependendo das respostas obtidas, ele formulava uma lei geral. Por basear-se nos sentidos, ele ficou conhecido como empirista, pensamento que se baseia nos sentidos e nas experiências vividas para fazer uma leitura mais acurada do mundo. Renè Descartes, por outro lado, utilizava o método dedutivo para interpretar o mundo que o cercava. Ele partia de uma lei geral, ampla, e a pormenorizava. Não negava a importância do uso dos sentidos e das experiências, contudo dizia que o verdadeiro conhecimento só brotaria com o uso da razão pura, preferencialmente expressa em conceitos matemáticos. 


     Naquele contexto específico, munidos do conhecimento que dispunham na época, ambos ousaram romper com uma série de paradigmas vigentes. De maneira mais ou menos intensa, abalaram convicções e escancararam a limitação do pensamento baseado no senso comum. Foram admirados por alguns, questionados por outros tantos e certamente ganharam muitos desafetos. 


     Daquela época até os dias atuais, muita coisa mudou com relação a estrutura e a aplicação do Método Científico. A ciência de fato altera, interfere e muitas vezes transforma a natureza a seu bel prazer. É inegável que em muitos aspectos a vida humana melhorou consideravelmente, porém será que os resultados da atividade científica são distribuídos de maneira equilibrada ao redor do globo? Seria o método científico infalível na obtenção de respostas para as perguntas que os fenômenos naturais ensejam? Quais os reais interesses da ciência? Quem detém o poder e o direito de ditar os rumos de uma pesquisa científica em escala global? Até que ponto o planeta aguentaria ser explorado e depredado pelas atividades humanas decorrentes da tecnologia aplicada? Até onde vai nossa ânsia por recursos naturais?

     Questionamentos como esses e tantos outros são levantados ao longo do filme O Ponto de Mutação. Na obra cinematográfica de Bernt Amadeus Capra, três personagens de origens distintas se reúnem quase de maneira fortuita e trocam opiniões relacionadas a vários assuntos, dentre os quais política, ciência, artes, desenvolvimento tecnológico, economia, etc. Com suas experiências de vida, suas profissões, anseios e desilusões, cada um deles traz suas imagens particulares do mundo, ideias pré-concebidas da realidade.


     Na leitura que faço ao assistir o vídeo, percebo que em muitos momentos ele dialoga com o que foi abordado em sala de aula. O atual estágio de desenvolvimento da sociedade, fruto também da evolução tecnológica proporcionada pela ciência, talvez estaria exigindo dos indivíduos e dos relacionamentos um alto grau de mecanicismo. Utiliza-se cada vez mais recursos naturais para a manufatura de produtos e serviços que serão vorazmente utilizados por uma população cada vez mais ávida e imersa no consumismo. A produção de lixo aumenta em escala global, contaminando terras agricultáveis, rios, lençóis freáticos, oceanos, etc. Em muitas situações, comunidades inteiras são prejudicadas por conta de interesses particulares, países são invadidos, fronteiras são traçadas arbitrariamente entre povos, modos de produção artesanais e milenares dão lugar a massificação industrial. Há ponderações muito pertinentes sobre o uso da ciência com fins bélicos, meramente geopolíticos. O diálogo com Bacon e Descartes torna-se ainda mais forte ao trazer a dúvida se realmente o pensamento científico ( ciência ) estaria sendo usado em prol da sociedade, desejo manifesto de ambos. 


     Outro ponto importante abordado no filme é a apresentação da Teoria Geral dos Sistemas. Nesta concepção de conhecimento, todos os seres vivos estariam conectados e fariam parte de um todo maior, um organismo ecossistêmico. As partes que formam o todo se interrelacionam e modificam um ao outro. A essência estaria nas conexões, nas relações, na sinergia entre as partes orgânicas e não orgânicas que estruturam o ecossistema. Enquanto o racionalismo desenfreado do mundo moderno decompõe a natureza para compreendê-la, a visão ecossistêmica aborda a questão de maneira holística, buscando sempre a homeostase, o equilíbrio do todo. 


     Retornando à época de Bacon e Descartes, é fácil perceber que os dois tentaram mudar a perspectiva que tinham da realidade. Tanto é verdade que seus nomes constam como personalidades que participaram do que viria a ficar conhecida como Revolução Científica. Para o bem e para o mal, o resultado dessa Revolução perdura até hoje. Contudo, não seria esse o momento ideal da nossa geração fazer uma mudança de perspectiva? Vivemos em um mundo doente, com excesso de consumo, intolerante, desigual, individualista, frenético, injusto. Até que ponto aguentaremos ser uma humanidade desumana? Creio sinceramente que uma mudança de perspectiva seria um bom ponto de partida para corrigirmos o que está errado. 


     Interessante notar que no início da interação entre os personagens do filme cada um demonstrava ter certeza de suas opiniões, defendendo-as de maneira intransigente. À medida que a conversa avança, porém, surgem incertezas, dúvidas, velhas visões de mundo são abaladas por pensamentos diferentes, por interesses antagônicos. Aquele que era uma ilha, transforma-se em um arquipélago na medida em que passa a absorver o conhecimento do outro, e de outro, e de tantos outros que virão. Essa troca é de uma riqueza ímpar. Essa conexão de pensamentos, essa fusão de ideias são o substrato do real entendimento do mundo. Sozinho eu me limito, com os outros eu me liberto.


     Para finalizar, gostaria de mencionar dois trechos do filme que me marcaram muito e foram responsáveis pelo título desse trabalho. São dois momentos antagônicos, porém interrelacionados. 


     Na chegada à ilha, o filme mostra o ambiente envolto em muita névoa e muita neblina, impossibilitando o reconhecimento dos detalhes do local, suas formas, texturas, etc. Ficam apenas sugestões. É o conhecimento aparente, superficial, o senso comum. É o conhecimento individual, aprisionado e limitado.


     Na partida de cada um deles, na parte final, a câmera focaliza justamente o que inicialmente estava envolto em névoas. Agora, porém, a cena descortina-se por inteiro: não há mais névoas, não há mais neblina. É possível observar a ilha medieval por inteira, suas cores, seus contornos, a textura dos tijolos, fauna e flora que a cercam, suas escadarias, o movimento de pessoas, o badalar dos sinos das igrejas, etc. É a mais pura metáfora para a transformação pela qual os personagens passaram após a longa discussão, a troca de ideias, o compartilhamento de conhecimento e experiências. Já não carregam certezas absolutas e já não se consideram paladinos da verdade. Compreenderam que cada indivíduo tem uma visão relativa e somente com a pluralidade de pensamento chegarão ao real entendimento do mundo.   


     É o conhecimento, sob uma nova perspectiva de vida, descortinando as névoas do desconhecido... 


    



Andre’ Michielli ( 1° ano - Direito/Noturno )


Reflexões sobre as falsas observações da realidade

René Descartes diz que não devemos confiar nos sentidos e na percepção, por outro  lado os números e expressões numerológicas são muito mais confiáveis em nos colocar no  real caminho da realidade, todavia existe uma certa crença, que cada vez mais a pobreza, a  desigualdade e o mundo pioram. No filme “O ponto de mutação” baseado em um livro do  mesmo nome de autoria do físico e ambientalista Frijot Capra há uma defesa dessa crença. 

O filme critica a atual sociedade consumista colocando toda a culpa da maioria dos  problemas mundiais no modo de produção expansionista e descontrolado chamado;  capitalismo. O longa cai como uma luva para os que tem a percepção de como o modo  operante mundial é maléfico, ineficaz e gerador de pobreza e desigualdade. Algum  “seguidor” de tal crença pode lhe fazer uma pergunta; “vá ao centro da sua cidade, olhe como  existem miseráveis, desempregados e mendigos na rua, isso é culpa do capitalismo”, ou  coisas como “se o capitalismo funcionasse porque existe pobreza? Moradores de rua? O  capital sobrevive nas costas dos explorados”. Com certeza você já ouviu isso, mas será que  essa visão analítica e sensorial da realidade está correta? Voltemos a Descartes. 

Ao analisar números, dados e índices de diferentes instituições reconhecidas pelo  mundo podemos ter uma diferente impressão dos temas e um real entendimento sobre os  fatos observáveis, exatamente como René disse. Dados da our world in data mostra que em  1820 aproximadamente 90% da população vivia em extrema pobreza, em 2015 apenas 10%  da população mundial vivia em condições extremadas de pobreza (extrema pobreza é viver  com $1,90 dólar por dia ou menos) detalhe que de 1820 a 2015 o número de habitantes no  mundo multiplicou mais de sete vezes, enquanto a extrema pobreza caiu 80%, dados do  banco mundial revelam que em 1990 35% da população mundial vivia em miséria, esse  número caiu para 10,7% em 2013.  

O que esses dados históricos e analíticos nos mostram? Não é mera coincidência que a  quantidade de paupérrimos no mundo começa a declinar exatamente no momento em que o  capitalismo industrial está em expansão, através da vontade de aumentar o capital e da  tecnologia fabril a vida das pessoas começaram a melhorar rapidamente, seja pela  democratização das tecnologias para as massas ou pela mão invisível espalhando a riqueza de  cima para baixo. Os dados são claros e os fatos são observáveis, a questão aqui é qual  pergunta você quer fazer? A pergunta errada ou a pergunta certa? Quem cria a pobreza? Ou  como a riqueza é gerada? Frijot Capra e a falsa percepção de que a pobreza está aumentando  por conta da propriedade privada, lucro e expansão está errada. Certo é Descartes que desde o  século XVI nos manda olhar os dados...

João Vitor Pereira de Oliveira- diurno 

Em nome das subjetividades

Nasço e venho ao mundo

Como contemporânea.

Sucessora da Modernidade

E antecessora de não sei o quê.


Difícil conflitar em simultâneo

Com as dúvidas que persistem

Há séculos e outras que foram

Traçadas nas últimas décadas.


Mas não fujo dos percursos:

Questiono-me à moda baconiana,

Existiria um instrumento capaz

De me aproximar da verdade?


Ah, Novum Organum…

Há muito em ti que me cativa

E outros tantos que me retraem

Para um plano de mais dúvidas ainda.


Apetece-me pensar na superação

Da esterilidade da filosofia e do saber.

Viemos ao mundo para transformá-lo,

Não como quem domina, como quem desperta.


Desperta novos pensamentos acerca da

Justiça, Dignidade, Diversidade e tantas

Outras necessidades humanas que há tempos

Vem sendo renegadas para parte dos seres.


Eu vim ao mundo para despertar.

E um saber que transforma, que é ativo,

Faz exatamente isso. Quero menos do que se prende

À racionalidade, quero o materialismo do agora.


Ah, Novum Organum…

Há muito em ti que me cativa

E outros tantos que me retraem

Para um plano de mais dúvidas ainda.


Quando dizes que somente a experiência

Nos aproximará dessa tão almejada verdade,

Meu coração palpita e, imediatamente, penso:

“Sim, precisamos das vozes da experiência!”.


Mas não era exatamente ao que te referias.

Tratava-se de experimentalismo, não é mesmo?

Ah, Novum Organum...E quanto aos sentimentos?

Em que plano fica a subjetividade nesse caminho?


Ouso pensar que devemos incluir sua contribuição.

O subjetivo não colabora para nos aproximar da sabedoria?

Falo sobre as vivências que se traçam na realidade.

Essas, Novum Organum, fazem parte da experiência social.


Eu, estudante de ciências que na sociedade se aplicam,

Não poderia negar em mim a subjetividade que existe

E, nas pessoas, os sentimentos que também habitam,

Porque ambos nos demonstram efeitos da (muitas vezes, dura) realidade.


A paixão é o que nos move, Novum Organum,

O que faz cada ser se debruçar sobre um estudo.

O motor que nos propulsiona a vontade de conhecer.

A paixão é subjetividade, é o começo do caminho para a pesquisa.


Ouso dizer, os sentimentos são o princípio da ciência,

São o sentir de inconformidade com ídolos que ainda persistem,

A sensação de dúvida e de não contentamento com o que se possui.

A subjetividade é o princípio da aproximação do saber, mas não o fim.


Ah, Novum Organum…

Há muito em ti que me cativa

E outros tantos que me retraem

Para um plano de mais dúvidas ainda.


Preciso terminar dizendo-te,

Quantas verdades existem no mundo que habitamos?

Talvez muitos retalhos de verdades que se somam

Em uma malha de realidade material.


Lembremos, Novum Organum,

Nem sempre a verdade é fatídica.

Por vezes, torna-se fragmentada,

Em processo de construção ou costura.


Letícia Magalhães, Noturno

CPI DA PANDEMIA: FRANCIS BACON E GOVERNO FEDERAL, RACIONALIDADES EM DISPUTAS.

 

É de conhecimento popular o que ocorre no Brasil durante a pandemia, um governo pautado no negacionismo e na descrença nas ciências, calcado na religião, no senso comum e na falsa sensação de perseguição, ou seja, a política adotada para o combate a covid-19 é justamente a da morte, a necropolítica. Então foi instaurada uma comissão parlamentar de inquérito do senado, com a finalidade de apurar as ações e omissões do Governo Federal no combate da pandemia da Covid-19 no Brasil, como destaque no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a falta de oxigênio para pacientes internado que resultou na morte de muitos; e as possíveis irregularidades com contratos, fraudes em licitações, superfaturamentos, como exemplo a compra de vacinas da farmacêutica indiana covaxin, da assinaturas de contratos com empresas de fachada para prestações de serviços.

Por outro lado, há pensadores como Francis Bacon, que buscavam incessantemente a verdade, e para isso, se apoiavam na base das ciências, para além das crendices e das falsas noções do intelecto humano. Para o Francis Bacon, as falsas noções de verdade, ou definido por Bacon como ídolos, se implantam no intelecto humanos de tal modo que dificulta, que obstrui o caminho na direção da verdade, quer dizer que, essas inverdades atuam como obstáculos para a própria instauração das ciências, já que o senso comum é um conhecimento limitado e fundamentado nas tradições, com caráter utilitarista e imediatista, colocando o individuo em uma relação superficial com a verdade. Bacon propõe a cura da mente como um novo método, que seria regulação da mente humana por mecanismos da experiência.

Daí vem a seguinte pergunta: qual a relação da postura tomado pelo Governo Federal diante da pandemia em comparação com o pensamento de Francis Bacon, pois bem, eu lhes respondo, deu um lado temos o Governo Federal, com o Ministério da Saúde, que representa, e incorpora o significado de ídolos, com sua postura baseado na descrença as ciências, como a negação de que a vacina não surtiria efeito para controle e inibir as mortes, além de promover o usos de medicamentos sem nenhuma eficácia comprovada para tratamento de pacientes com covid-19. Em contrapartida, temos Senadores, tomara uma postura mais apegada nas ciências, no conhecimento científico, como referência, como meio mais seguro de buscar a verdade. Além de Governadores que se opuseram a política tomado pelo Governo Federal frente ao avanço das mortes ocasionadas pelo SARS-COV-2.

Por essa razão, a comissão parlamentar de inquérito foi instaurada, com finalidade de investigar as omissões do Governo Federal no combate a pandemia, e com isso, foi se levantando diversos outros crimes, até chegar ao escândalo de corrupção envolvendo a Bharat Biotech e o Ministério da Saúde, que seria o órgão responsável pela manutenção da saúde pública no Brasil, e que se mostrou na direção contrária da saúde.

Fica evidente, portanto, a postura defendida pelo Governo Federal, sobretudo pelo Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, ou melhor Jair “Asmodeus” Bolsonaro, de negação ao conhecimento científico, sempre baseando-se nas suas falsas verdades, no seu pequeno intelecto, com seu ideal primitivo de que a ciência é estritamente falha, e prefere se apegar ao seu pequeno mundo. Paradoxalmente, maioria dos Senadores que compõe a CPI se apegaram ao ideal de Francis Bacon, baseando nas ciências, na experimentação, como maneira de mais genuína de buscar a verdade, se contrapondo a necropolítica, defendida pelo Governo Federal.

Cássio E. Goulart - 1º Semestre DIREITO/Diurno

Não penso, logo existo.

   Eu estava sentada olhando o Instagram, quando me deparo com diversas postagens sobre o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro quanto as vacinas contra o coronavírus. O seu discurso, um tanto quanto negacionista, novamente me surpreendeu pela tamanha bestialidade proferida, sua fala foi: “Lá no contrato da Pfizer, está bem claro nós (a Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema seu”. Devido a urgência de medidas capazes de retardar e, até mesmo, mitigar a propagação da agente etiológico, os brasileiros se encontram na luta em também reconhecer e desmistificar dizeres do próprio chefe de Estado, quão preocupante é viver em um país em que o governo Federal invalida e espalha mentiras sobre a ciência, mesmo após anos de pesquisas e consolidação de pensamentos científicos. Foi com essa indagação que fui levada as aulas de filosofia e sociologia que tive o prazer de participar no ensino médio, pensadores como Descartes e Francis Bacon retornaram em minha mente e pude, por meio de seus pensamentos, perceber quanto a sociedade contemporânea retrocedeu na habilidade de criticar o que nos é apresentado. Pela ótica cartesiana, devemos duvidar sempre do que nos é imposto, uma vez que os sentidos nos enganam, assim como assistir ao pronunciamento de Bolsonaro e não se perguntar se sua fala carrega ao mínimo embasado em algum estudo. Ser apenas receptáculo de conhecimento nos impede de investigar a veracidade do que é dito, sendo esse um projeto de alienação das massas, para que estas não criem consciência. Além disso, a tese de Bacon em desenvolver ídolos presentes na sociedade, os quais deturpam a percepção do mundo, está cada vez mais presente no cotidiano da nação, dado que o ídolo do foro e do teatro são expressões mais evidentes. Isto é, devido a ascendência de negacionistas no ambiente político há a ocultação de informações verdadeiras e o bombardeio de notícias falsas, sem que o público, em decorrência dos ídolos, ''cure a mente'', ou seja, desvencilhe-se do senso comum. Dessa maneira, a eleição do ''mito'' trouxe o retrocesso para a valorização da ciência, estar diante de uma rede social e ler este absurdo me fez duvidar até quando não pensar por si será sinônimo de existir.

Bruna Soares Teixeira - Noturno