A discussão sobre hierarquias e relações de dominação e
subordinação talvez seja uma das mais antigas pautas desde a ascensão do
capitalismo. A divisão entre norte e sul – no quesito socioeconômico – a “modernização”
das formas de exploração, os recursos utilizados para reafirmar a cortina de
ferro entre trabalhadores e possuidores dos meios de produção e o fantasma que
se figura para demonizar essa questão são elementos típicos dos males do
capitalismo.
As
relações trabalhistas de fato passaram por notáveis transformações. Entretanto,
essas mudanças não significaram a solução para as problemáticas supracitadas. No
sistema capitalista, um dos pontos alvos de maior preocupação trata-se da
normalização das desigualdades, o que pode ser observado, no plano maior,
quando a análise aborda o norte social em oposição ao sul social, em que, ter o
norte como alvo de maiores investimentos, como possuidor de praticamente todas
as potências econômicas no âmbito mundial, como responsável pelas decisões internacionais
de maior relevância e como detentor da grande parte de toda a riqueza mundial, tornou-se
simplesmente aceitável, enquanto a situação questionável de vários países
presentes no hemisfério sul, sendo dependentes dos países do norte, é vista
como inevitável.
No pequeno
plano, mas sob essa mesma perspectiva, a normalização também ocorre dentro das
fábricas de sapato, nas plantações de arroz, na confecção de roupas vendidas na
internet e na própria uberização. A normalização dos subordinados não é uma
questão passível de resolução apenas através de uma legislação eficiente –
embora esta também seja necessária. Essa normalização deve ser quebrantada por
meio de conscientizações de ambos os lados. É necessário que os indivíduos saibam
que podem lutar pelos próprios direitos, é necessário que entendam que a
desigualdade social não é o estado normal – ou ao menos não deveria ser.
Assim, as relações futuras tendem a desviar dessas transformações tão necessárias se essa conscientização não ocorrer. A verdadeira modernização das relações trabalhistas está guardada na mudança social, na pressão por parte do povo, no entendimento dos próprios direitos. Se essa mudança não for visada no presente é impossível esperar (ou esperançar) por um cenário futuro repleto de igualdades e justiça. No fim, sempre será uma luta do povo e para o povo.
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