Já nos séculos XVI e XVII, se encontrava em pauta a busca pelo conhecimento intrínseco, o que levou a várias teses desenvolvidas, mesmo com os recursos limitados da época, as quais dividem opiniões até a atualidade. São exemplos de teóricos que se embasaram na realidade em si e sua funcionalidade René Descartes e Francis Bacon, indivíduos que tiveram um ponto de partida bem semelhante, mas que tomaram direções extremamente distintas no que concerne às conclusões obtidas.
Atualmente, no século XXI, a realidade não é muito distinta. Apesar dos avanços tecnológicos e científicos, que proporcionaram um solo mais firme para aquilo em que se crê majoritariamente, devido às experiências realizadas e à valorização do senso crítico, muitas pessoas ainda situam-se nas sombras da irracionalidade e das aparências.
Um exemplo disso é a criação e a disseminação de boatos e notícias sem veracidade alguma, e que podem trazer consequências graves. Pode ser citado o movimento antivacinas, que tem feito doenças consideradas até então erradicadas voltarem à tona, o que é um caso de calamidade na saúde pública.
Apesar de todo o estudo realizado e dos altos investimentos para a criação de medicamentos e das próprias vacinas, muitas pessoas não acreditam na sua eficácia, inclusive, algumas vezes, pensam que estes podem, na verdade, ser prejudiciais a quem os consumir. Isso deixa claro como, mesmo depois de cerca de 400 anos, os atores sociais ainda são movidos por crenças, sentimentos e tradições mais que pela racionalidade e pela ciência, o que é um problema, visto que tais pessoas não têm interesse em adquirir conhecimento e, na maioria das vezes, entram em conflito com aquelas que tentam esclarecer suas ideias.
Outra questão bastante problemática nos últimos anos é a disseminação de "fake news" no que se refere à política, notícias desprovidas e veracidade, compartilhadas principalmente pelas redes sociais, e que manipulam aqueles que se encontram alienados, de acordo com os interesses do poder, o que faz com que este se perpetue nas mãos dos mesmos indivíduos, e que o engajamento não seja alcançado.
Esses exemplos servem para deixar claro como nossa sociedade ainda é dependente do senso comum, e como o saber verdadeiro deve ser almejado como forma de superar tal adversidade. É importante ensinar e aprender sobre pensadores como Descartes e Bacon por isso: mais que saber os fundamentos de suas teses, despertar a curiosidade que os moveu, e buscar sempre utilizar os meios corretos para chegar a uma conclusão, além de ter em mente que é sempre necessário buscar conhecimento e atualizar-se, racionalmente e empiricamente. Assim, torna-se mais fácil a criação de uma sociedade consciente e não manipulável, o que pode ser uma solução para vários problemas que encontramos no mundo moderno como a desigualdade, as enfermidades, a manipulação e as diversas barreiras que encontramos na busca pelo conhecimento em si.
Maria Paula Castro Gonzaga- Direito Matutino- 1 Ano
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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