No que diz respeito ao saber e conhecimento científico na concepção de Descartes, a elaboração de seu método não só revolucionou a ciência moderna em sua totalidade, mas também consagra a razão como principal instrumento ideológico de uma época em constante mudança e avanço.
A crença perde seu espaço para a indagação e o estudo prático da natureza intima e pessoal, na qual o ser humano se insere e vive, fazendo e criando história, no mais importante, pensando, o ato de pensar efetiva a própria existência, e é nesse contexto que Descartes formula, analisa e elabora seu método.
Método este que, busca a melhor compreensão do que está ao redor, e principalmente no que está além do que os próprios olhos enxergam, além de qualquer sentido do homem. É valido ressaltar que em nenhum momento há a imposição de seu conhecimento, Descartes mesmo afirma que sua elaboração não busca oprimir outros artifícios, pelo contrário, tem como verdadeiro objetivo firmar uma forma mais coesa, singular e compartimentada da pesquisa, tornando mais fácil o estudo de um determinado objeto.
Fica-se clara essa afirmação no trecho de sua obra a seguir:
"Os viajantes que, estando perdidos numa floresta, não devem
ficar dando voltas, ora para um lado, ora para outro, menos ainda permanecer
num local, mas caminhar sempre o mais reto possível para um mesmo lado, e
não mudá-lo por quaisquer motivos, ainda que no início só o acaso talvez haja
definido sua escolha: pois, por este método, se não vão exatamente aonde
desejam, ao menos chegarão a algum lugar onde provavelmente estarão melhor
do que no meio de uma floresta."
E no mais que se refere a atemporalidade, a conclusão é simples, já que a didática vista nas atuais escolas e universidades segue os preceitos desse grande pensador, dividindo-se as várias áreas do conhecimento e compartimentando esse saber, tornando-o mais fácil de se compreender e absorver. Mesmo que haja um considerável período de tempo separando esse idealizador do presente(aproximadamente quatro séculos), é quase que impossível não notar o quão atual este mesmo é, visto que há a herança de um contexto histórico tomado por expectativas, transformações e avanços sociais e tecnológicas.
Herança essa que ainda se estende e se renova cada vez mais nessa geração contemporânea, situação propícia a novas indagações, dúvidas e conflitos que já foram confrontados, analisados e problematizados por Descartes a quase quatro séculos atrás.
Caio Turco 1° Ano
Direito - Matutino
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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