Em 1877, a partir do livro “Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico”, Friedrich Engels colabora com novas bases de estruturação da sociedade, diferenciando as duas formas de socialismo até então preceituadas: o Utópico (Thomas Morus e Campanella) e o Científico (Karl Marx e si próprio).
Como método filosófico, há a restauração da dialética (retomada por Hegel na Modernidade, após a sua utilização na Antiguidade) em contraposição à chamada “maneira metafísica de pensar”. A diferença básica entre as duas é que, enquanto a primeira reúne em si os pontos de tese, antítese e síntese, a segunda preocupa-se apenas com os fatores tese e antítese. Essa realidade da metafísica limita sua investigação dos fenômenos, porquanto não permite a concatenação dos fatos, isto é, cerca-se apenas de dissoluções, mesmo quando a situação exige uma união de sentidos.
Ao se comparar a dialética hegeliana com a marxista (ou materialista), depreende-se que aquela possui caráter idealista, pois a ideia acaba materializada no real, enquanto esta tem como essência a concretude, já que é o contrário, ou seja, o homem elaborará seu pensamento a partir do materializado.
Sob uma perspectiva socioeconômica, a produção constitui a base de toda a ordem social. Assim, as transformações não ocorrem por causa do raciocínio dos seres ou do ideário sobre verdade e justiça eternas, mas pelo modo de produção e de troca. Nesse sentido, a luta de classes é o motor da história, uma vez que é o conflito entre elas quem vai gerar novas situações completamente inauditas, reestruturando a organização coletiva a ponto de provocar revoluções.
À época de Engels, o capitalismo havia propiciado enorme riqueza aos burgueses, os quais utilizavam a mão de obra dos proletários como sustentáculo. Tal relação chegou ao ápice de revolta da classe trabalhadora após tanta exploração, pois além de ser obrigada ao labor em ambientes insalubres, durante dezenas de horas, subjugando, inclusive, seus filhos às mesmas tarefas degradantes, ainda era responsabilizada e punida com a demissão em presença de crises econômicas.
Diante desse quadro, as revoltas sociais tornaram-se inevitáveis e permitiram, concomitantemente, o surgimento de teorias com vistas à derrubada do sistema vigente. Entre as quais, cita-se o próprio Socialismo, que tinha como prerrogativa a tomada do poder político pelos proletários, convertendo os meios de produção em propriedade pública. Como conseqüência, não haveria mais a divisão em classes sociais, pois todos seriam iguais e teriam os mesmos direitos e deveres.
Portanto, a obra de Engels representa grande valor ao estudo das ciências sociais por vislumbrar uma realidade extremamente inovadora que influencia, até hoje, muitos passos no mundo inteiro.
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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