Marx defende que o ponto de partida da análise da realidade social e do direito pautam-se nas relações de produção desencadeadas pelas condições materiais de existência. Dessa maneira, a sociedade civil burguesa seria a que conquista o poder político e passa a apresentar os interesses individuais como interesses universais. Ademais, o fenômeno ilusório da universalidade dos interesses da coletividade, em que a vontade individual seria superada pela soberania da vontade geral, inicia os seus efeitos, quando, na verdade, o direito expressa os interesses das classes dominantes.
Esse é apenas um dos efeitos ilusórios engendrados no capitalismo. Na obra de Sennett, “A corrosão do caráter”, pela história de Rico e Enrico, é evidente a sujeição de um tempo de vida e as relações familiares em nome do trabalho, sempre pautada na busca da ascensão social. Essa busca é ilusão característica, já que o capitalismo pressupõe a manutenção das classes dominantes em alta posição social, sem abrir espaço para evolução econômico-social. Entretanto, apesar do caráter ficcional intrínseco, essa ascensão social ilusória é benéfica ao sistema capitalista e configura caráter basilar, já que faz com que as pessoas trabalhem cada vez mais em nome do objetivo e as jornadas de trabalho capitalista já contam com altas cargas horárias, normalizadas.
Além dessa problemática de submissão das classes não dominantes ao sistema de forma estrutural, o capitalismo prejudica grandemente as relações sociais e principalmente as familiares, o que é evidenciado em Sennett, em que o elo pai e filho causa grandes aflições nos pais, já que eles não conseguem exercer a figura paterna dentro das casas, tornam-se extremamente ausentes aos seus amados devido ao tempo devotado e exigido pelo sistema.
Giovana Novaski Ducia, direito 1 ano noturno
RA: 231222645
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