Émile Durkheim foi um sociólogo francês que, em sua teoria, definiu que a sociedade era um corpo sistematizado em que imperativos sociais condicionavam ações individuais. Essa individualidade era algo irrelevante no contexto social pois ela seria, de certa forma, conduzida por uma consciência coletiva. Ele acreditava o caminho para se entender o funcionamento desse corpo social era dirigir o foco para aquilo que ele definiu como fato social, que consistia em instrumentos sociais coletivos e generalizados que definiam o comportamentos e as normas da sociedade.
Entretanto, essas particularidades dos seres humanos que Durkheim considerou dispensáveis quando analisou suas relações não podem ser definidas como subordinadas à uma suposta consciência coletiva padronizadora. Tal visão funcionalista que buscava sistematizar o mundo de forma objetiva mostra-se um tanto quanto contestável quando se analisa a realidade.
Partindo dessa análise, entende-se que estabelecer essa visão determinista não é o suficiente. É necessário compreender que cada ação e pensamento humano possui seus significados caraterísticos. Essa consciência individual não só existe como também desempenha um papel tão importante quanto o da coletiva defendida por Durkheim. O ser humano desenvolve-se através de experiências ao longo de sua vidas particulares, o resultado disso é a existência de indivíduos únicos com experiências e motivações próprias, rompendo com a ideia de que a vida em sociedade padroniza-os.
Dessa forma, conclui-se que a filosofia de Durkheim pode ter sido eficaz como precursora de um estudo inovador sobre a sociedade em sua época, entretanto, na atualidade ela mostra-se insuficiente. A sociedade contemporânea é repleta de particularidades que a torna plural e rica, desconsiderar esse aspecto importante dela em nome de uma sistematização funcionalista é algo que, quando posto em prática, não se sustenta.
Victor A. Lopes de Menezes (Direito Noturno - 1° Ano)
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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