Há muito tempo a sombra do positivismo influencia os diversos aspectos da nossa vida, desde a bandeira nacional que carrega o mantra comteano em seu centro, passando pela escola que dispõe os alunos em fileiras como elementos passivos a serem formados, até a família, instituição nuclear que, dentre outras funções, molda o individuo como elemento constitutivo de uma sociedade, uma engrenagem de uma máquina que necessita funcionar ordenadamente em busca do progresso.
Quem ousa romper com essa ordem é adjetivado de inúmeras formas, como, por exemplo, “vagabundo”, “subversivo”, “baderneiro”. São todos ameaças, “antígenos” a serem combatidas por um organismo. Todavia, no século passado, as manifestações contrárias a uma sociedade de inspiração positivista ganhavam corpo gradualmente. Anarquistas, socialistas, todos que manifestavam a contracultura e contestavam a sociedade como um todo pareciam ganhar pelo menos um pouco de voz. E apesar de todas as adversidades que o século XX trouxe, junto com a terceira revolução industrial e consolidação de muitas idéias que remetem ao positivismo, vimos nele a Tropicália e Woodstock. Tivemos anos que escutaram Janis Joplin e leram Paulo Freire.
Porém, nos últimos anos, a sociedade, ou pelo menos as classes dominantes, parecem ter avançado no seu projeto de metabolizar as expressões que vão contra à idéia de ordem e progresso. Tal avanço é nítido no plano da educação. No Brasil, com a reforma do ensino médio, pretende-se retirar matérias como filosofia e sociologia do currículo obrigatório do ensino médio a fim de valorizar a formação profissional, enquanto no Japão, os cursos superiores de ciências humanas são fechados sob o argumento de que os mesmos não atendem as demandas da sociedade, sintetizadas no progresso científico e econômico.
No século XXI a ideologia positivista parece estar prevalecendo nas disputas sociais, políticas e econômicas, sendo assim esperado uma postura crítica semelhante à do século XX, por parte daqueles que não se contentam em apenas se adequar e produzir.
Eduardo Augusto de Moura Souza
1° Ano Noturno
(Obs. Devido a problemas técnicos tive que postar pelo telefone celular, e não consegui uma diagramação melhor do texto. Vou edita-lo de outro PC, mas provavelmente posteriormente após o prazo de postagem)
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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