Nos tempos em que nos encontramos, a influência
da sociedade Ocidental é tamanha, que mesmo aqueles de culturas diferentes se adéquam
às necessidades do capitalismo criado por aquela. O que fez com que a cultura
Ocidental se espalhasse de forma tão brutal, dilacerando as outras encontradas
em seu caminho foi seu avanço científico. Seria tolice crer que os orientais,
os nativo-americanos, os africanos e indianos não tivessem grande conhecimento,
seja filosófico, científico ou o chamado Folklore(Sabedoria
do Povo).
O que deve ser compreendido é que o
avanço do povo europeu deve-se a um homem chamado René Descartes. Homem de
gênio impressionante, e que concebeu um método para validação do conhecimento
útil para a humanidade, que segundo esse método, deveria ser fragmentado e
estudado a fundo para que se juntassem as partes e o todo ficasse por assim
conhecido. Descartes torna-se assim o pai da metodologia científica, pois crê
que o conhecimento também deve se embasar na razão e possuir prova irrefutável
de sua validade, razão pela qual ele se distanciou dos eruditos filósofos, que
segundo ele apenas pregavam suas opiniões, sem buscar testá-las e conhecer-lhes
a utilidade mais a fundo.
Graças ao referido método, a Europa viu
nos séculos seguintes uma gigantesca melhora no conhecimento científico, que
possibilitou também o desenvolvimento da indústria bélica como consequência.
Esse desenvolvimento bélico girou em torno da pólvora, de origem chinesa, daí
lembrar que os povos fora da Europa não eram ignorantes, só não possuíam
interesse em desenvolver seus conhecimentos, por estarem intimamente ligados
com a moral e tradição formal e religiosa de suas culturas.
Mas o europeu não era tradicional, antes
destruía tudo por mais dinheiro e, em vez de utilizar os conhecimentos para
extirpar as diferenças sociais, as intensificou, além é claro de levá-la aos
lugares que colonizou. Descartes e Bacon foram ases na manga europeia porque
possibilitaram uma análise mais a fundo do conhecimento e da razão, que se
estivesse disponível aos outros povos dificilmente o mundo seria tão deturpado
ao eurocentrismo. Uma das reflexões que Descartes fez sobre a própria razão foi
a respeito da natureza humana e de Deus: se ele como homem sabia não ser
perfeito, porque não podia fazer tudo aquilo que desejava, sabia que tinha uma
ideia inata de perfeição e que esta é atribuída ao princípio inteligente do
universo, que é Deus. Essa reflexão pode ser analisada com todo o rigor que
ainda assim cairá na dúvida entre a fé de Descartes e o medo da rejeição social
da época, cuja sociedade se encontrava vinculada com a Igreja Católica.
Justamente esse homem genial que propôs
um sistema de verificação que poderia enfim trazer ao mundo uma face melhor e
transformá-lo(mesmo que não fosse essa sua vontade) em algo novo, que propôs
uma neutralidade de análise racional que sabemos ser difícil de atingir, devido
às nossas paixões e vicissitudes humanas e ideologias que carregamos, foi ser
pilar fundamental de uma sociedade destrutiva e que ignora a existência de
outras culturas e formas de governo e economia que não a sua. A sociedade Ocidental
só se lembra dele desse modo, e não como base fundamental para o patamar que
atingiu hoje e sequer honra tal gênio com um simples feriado, mas faz presente
inúmeros de cunho religioso. Se minha opinião como ser existente tem algum
valor, então eu agradeço do fundo do meu espírito a você René Descartes, que
forneceu um meio de os cegos abrirem os olhos, mesmo que continuem com eles
fechados por lhes ser mais conveniente.
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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