A ética da igualdade e o espírito do capital
Foi-se o tempo em que possuir terras significava ter riqueza. Com o advento do capitalismo, toda e qualquer forma de riqueza passou a ser medida por meio do capital, do acúmulo de moedas, do dinheiro. Neste sentido, temos Marx e Engels tentando discutir a respeito dessa mudança substancial em relação a forma de riqueza e consequentemente, a forma de trabalho.
Tudo teve início com a ascensão da burguesia, que como não possuía terras, buscava o reconhecimento de sua batalha por meio de seu acúmulo de capital. Com o passar do tempo houve a concretização da burguesia como uma das classes mais influentes na sociedade e, portanto, o comércio e o acúmulo de riqueza por meio do dinheiro se tornaram imprescindíveis. Além dessa mudança no modo de riqueza, a burguesia também trouxe à tona a luta de classes para a melhoria da sociedade como um todo. No entanto, percebeu-se que a burguesia queria esse conflito apenas para conquistar seus objetivos individuais, pois não estavam nem um pouco preocupados com o bem-estar geral das massas.
Os burgueses, juntamente com as ideias de Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen, passaram a cada vez mais explorar e alienar as massas. Esses pensadores acreditavam que os governos deveriam estar nas mãos dos industriais pois eles detinham todo o conhecimento, já que os proletariados não conseguiriam mover-se por si mesmos por serem alheios ao saber.
Encontra-se aí a chamada contradição burguesa. Inicialmente eles almejavam o poder para deixarem de ser oprimidos pelos nobres e quando se concretizam como classe dominante passam a sufocar os proletariados. Caberia aqui, portanto, qualificar o poder como algo que corrompe, pois quem não o tem o quer e quem o tem não quer perder.
É nessa transição também que surge a apropriação do trabalho dos operários como forma de enriquecimento, a tão comentada mais-valia. Além da mais-valia, o advento da máquina e da sociedade burguesa ainda trouxe para os trabalhadores a alienação a respeito do produto final produzido. O trabalho passou a ser algo mecânico, destituído de consciência e sem uma racionalidade definida.
Nessa sociedade surge também o alto padrão competitivo, em que impera o constante aperfeiçoamento das máquinas, a busca pelo alto grau de especificação dos trabalhadores e a grande contradição entre a abundância da produção capitalista e a miséria de seus trabalhadores.
Marx quis, portanto, cada vez mais estudar e entender essa sociedade tão desigual em que sempre haverá antíteses que se contrapõem às teses e que nunca chegarão a uma síntese absoluta. Ou seja, sempre haverá uma classe oprimida contrária à classe dominante vigente que buscará por reformas. Essas reformas, no marxismo chamadas de sínteses, nunca teriam fim e a sociedade viveria em uma constante fase de transição.
Ana Carolina Alberganti Zanquetta, 1º ano Direito Noturno.
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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