Émile Durkheim, no seu texto "Solidariedade Mecânica ou por Similitudes", fala sobre as sociedades onde as pessoas se relacionam conforme os anseios de uma autoridade superior, divina, como era o caso dos Hebreus. Nessas sociedades pré-modernas o que vigora é a consciência coletiva, ou seja, as pessoas agem conforme os preceitos que elas criam, é a ideia de solidariedade mecânica, todo mundo age mecanicamente, obedecendo e levando a risca as ideias morais. Por isso, os atos criminosos ofendem a consciência coletiva e fazem com que o direito (penal, que é o que vigora nessas sociedades) aplique penas fortes e exemplares contra os criminosos. Nas sociedades modernas, contemporâneas, a ideia não é mais de uma consciência coletiva, mas de seguir racionalmente os preceitos da máquina social, ou seja, há uma interdependência entre as pessoas, um indivíduo renuncia-se a si mesmo em prol do bem estar do todo, há uma racionalidade, não mais uma passionalidade em relação aos atos individuais. Apesar dessa diferença, as sociedades atuais agem de maneira contraditória. Em 2010, por exemplo o mundo se revoltou contra a condenação ao apedrejamento da iraniana Sakineh Mohammadí por manter relacionamento "ilícito" com dois homens, após a morte de seu marido. Essa condenação foi uma afronta aos direitos humanos. Porque essa mulher precisou ser condenada a morte por seguir seus instintos sexuais? Esse é o pensamento atual, mas é também a prova de que em certas sociedades o que prevalece são os preceitos morais e nenhum membro delas ousa ir contra a consciência coletiva que vigora. Apesar desse ato de contemporaneidade, ainda os indivíduos acreditam em certos preceitos e também nas suas consciências honestas, ou seja, vivem julgando, apesar de o direito atual ser principalmente restitutivo e não mais penal, tentando ao máximo sair do senso comum, as pessoas vivem de criticá-lo. Por exemplo, advogados são sempre vistos como mentirosos, anti-éticos, defensores de bandidos pela maioria das pessoas, simplesmente porque algumas vezes defende-se indivíduos que cometeram crimes graves ou hediondos, mas o que o senso comum não consegue enxergar é que todos os seres humanos tem direito a uma vida digna e também a defesa de seus direitos fundamentais e é pra isso que os advogados servem, para garantir a todos os direitos de defesa. É lógico que em todas as profissões existem profissionais bons e ruins, mas não é porque a pessoa matou outra que ela merece morrer, por exemplo. Enfim, apesar de considerarmo-nos modernos, os direitos humanos são amplamente criticados, ainda há a consciência coletiva que insiste em julgar rigorosamente todas as pessoas que fogem das "atitudes honestas", como é o exemplo dessa repórter:
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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