A obra "Manifesto do Partido Comunista" possui importância e atemporalidade notórias. A obra possui em si considerações sobre a consolidação da sociedade industrial do século XIX que se aplicam facilmente ao sistema capitalista atual. Além disso, encontramos nela conclusões como: o capitalismo é um regime historicamente singular com características próprias e definido por relações de produção, que por sua vez depende do estado das forças produtivas. Por fim, Marx ressalta a injustiça presente no capitalismo, uma vez que a classe burguesa domina os meios de produção e se apropria do trabalho operário e dos frutos gerados por este, gerando assim uma "escravização" dos operários que vivem para expandir o capital na medida em que o interesse burguês exige. E assim, Marx define essa exploração e desigualdade como os elementos responsáveis pela destruição futura do sistema capitalista, sendo a união do proletariado essencial para que o antagonismo capitalista tenha fim. No entanto, analisando a forma como o sistema econômico se transformou desde a publicação do Manifesto e a atual relação entre os exploradores e explorados, é possível afirmar que a extinção do capitalismo parece cada vez mais difícil.
Ainda no Manifesto, Marx aborda sobre a necessidade de constante mutação dos meios e das relações de produção do sistema capitalista, que consiste no caráter revolucionário do capitalismo promovido pela burguesia. Analisando as diretrizes atuais pode-se dizer que a revolução capitalista se fortifica à medida que uma revolução nos moldes comunistas se torna improvável.
Atualmente a lei de aceitação social é o consumo. É preciso ter para ser alguém relevante na sociedade.O consumo, a necessidade de ter seja lá o que for, tornou-se quase que uma necessidade "vital".Os explorados não almejam uma sociedade igualitária prezando o bem coletivo, o novo objetivo do proletariado é ser incluído na classe burguesa e assim exibir a "superioridade" que apenas os bens materiais de design moderno e preços exorbitantes proporcionam. Além disso, a revolução constante do capitalismo permite que ele se reinvente constantemente e incorpore tudo o que pode ser uma ameaça. Um exemplo disso é o movimento hippie do final dos anos 60 que pregavam a vida em uma sociedade alternativa que negava o capitalismo, a sociedade do consumo e os padrões da moda, porém, o movimento perdeu a representatividade e hoje existem lojas especializadas na "moda hippie". Marx estava certo quando dizia que o capitalismo transforma tudo em mercadoria, até mesmo a dignidade humana. E de fato, foi o que aconteceu, a honra, o altruísmo e o bem-estar coletivo foram o preço que pagamos para desfrutarmos dos tênis da Nike, dos computadores da Apple e das camisetas de marca com a foto do Che Guevara estampada.
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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