A relação entre a produtividade do trabalho e a condição humana é algo extremamente debatido atualmente, já que existe uma onda intelectual que visa levar os direitos humanos a todos extremos do planeta. Entretanto, nem sempre esse tema foi levado a sério. Na época em que Marx desenvolve sua obra "O Capital", a sociedade está a beira de um caos no que se diz respeito a essa relação.
A condição humana trabalhista durante o século XIX é algo que fugiu do controle e atingiu níveis críticos, eram homens, mulheres e crianças, que, em massa, preenchiam as fábricas para obter o lucro de se chefe. A situação claramente chegou a esse ponto devido a um fato, a máquina. Sua introdução nas fábricas após a I Revolução Industrial permitiu que parte da mão de obra humana se tornasse desnecessária em contraste com o aumento da produtividade, desencadeando uma onda de puro capitalismo nos donos de fábricas, que fechavam os olhos para as condições desumanas em suas fábricas pois visavam apenas o seu lucro pessoal.
Como a elite da sociedade controlava as fábricas a seu bel prazer, estipulavam as condições mais precárias, cortando gastos com salários e qualquer medida que beneficiasse o trabalhador. Este, por outro lado, não tinha outra opção, necessitava do dinheiro, mesmo que escasso, para sustentar a si a e a sua família. Tudo girava em torno das máquinas, eram elas que garantiam o lucro absurdo de ínfima parcela da sociedade e garantiam a pauperização de grande parte da mesma.
Engana-se, contanto, que essa situação morreu com Marx, atualmente mesmo com tantas campanhas em prol dos direitos humanos e de direitos trabalhistas, existe em muitos lugares situação extremamente semelhantes a essa descrita acima. Como por exemplo o trabalho infantil desenfreado na China, fábricas de grandes e poderosas multinacionais aproveitam brechas na leis para poder utilizar tal mão de obra. E assim continua em países asiáticos como Cambodja e Vietnã. Claramente percebe-se que aliado à necessidade de alguém para manusear a máquina e garantir o interesse dessas grandes coorporações, está a péssima condição social da sociedade, que não tem outra alternativa a não ser trabalhar sujeita a essa situação no trabalho.
A lei não garantiu que a situação do trabalho x produção x máquina tivesse uma real mudança desde o tempo de Marx. Obviamente muito foi feito, e em muitos lugares muito mudou. Mas há ainda uma mentalidade doentia em torno da necessidade do lucro. O capitalismo está entranhado nos grandes empresários que, em pleno século XXI, sujeitam crianças a trabalhos exaustivos em nome de seu interesse.
Tema 5: A máquina, a produtividade e a condição humana
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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