Somos seres dotados de valores e certas convicções e estes são elementos indispensáveis para a nossa formação enquanto humanos dotados de opiniões e de capacidade crítica. Nossa personalidade é arraigada em nossas convicções, o que inevitavelmente influencia em nossas análises sobre os outros e sobre as situações cotidianas. Por isso, se torna tão complicado afirmar que realmente exista alguém que faça uma análise da sociedade com total neutralidade. Max Weber afirmava que não existe neutralidade, e essa afirmação por diversas vezes tem uma forte carga de veracidade.
Segunda a análise weberiana a ação social possui uma complexidade, uma vez que esta é determinada por um sentido e movida por valores. Essa combinação de sentido e valores torna a ação social um objeto de estudo complexo, pois a sua análise deverá ser feita com os valores que orientaram tal ação e excluindo os valores de quem está a analisando. No entanto, essa regra da análise social pregada por Weber possui uma grande dificuldade em ser seguida. Nós procuramos sempre adequar, ou no mínimo comparar, tudo com as nossas definições de certo e errado e desconsideramos as percepções alheias que não nos agradam, e assim, nos julgamos os donos da verdade desconsiderando o fato de que a sociedade é formada por uma pluralidade da qual fazemos parte. Sendo assim, somos incapazes de promover uma verdadeira análise social, pois não nos desprendemos de nossos valores. Tal fato, possui diversas outras consequências. É possível afirmar que a grande intolerância que possuímos ao que é diferente do que julgamos como bom tem uma relação intrínseca com a dificuldade que temos em compreender e aplicar o método de análise weberiano.
Incapazes de compreender os valores de outrem, acabamos por generalizar as diferentes opiniões e as diferentes maneiras de agir. Se alguém contesta alguma situação que julga estar errada, logo vem a "parcela generalizante" para classificá-lo como "revoltado". O mesmo acontece quando vemos alguém escutando uma música relacionada com a vida nas favelas, e essa mesma "parcela generalizante" vem taxá-lo de "bandido favelado". A generalização é um dos grandes obstáculos para uma melhor compreensão da sociedade e das diferenças; para Weber a generalização destroí as características singulares do objeto.
Ao comparar alguns de nossos comportamentos com algumas análises weberianas, é perceptível que tais análises funcionam como críticas ao comportamento contemporâneo. Cabe a nós, após estudar a ideologia de Weber mudarmos a nossa maneira de analisar o mundo e parar de procurar sempre um "tipo ideal" em tudo, uma vez que este não existe na realidade, ou seja, precisamos nos desapegar do objetivamente possível e aceitarmos a realidade, que também pode ser agradável, se pararmos de tentar enquadrar tudo na nossa concepção de perfeito.
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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