Uma das coisas que mais me chama atenção em Durkheim é quando ele defende que a realidade social ultrapassa o individuo. A primeira vista é uma ideia muito interessante, no entanto percebemos que a realidade é assustadora.
O que consigo comprender disso é que há uma ditadura social que me impõe o que eu devo ou não falar , o que eu posso ou não fazer. Todavia, por mais que queira me libertar desse padrão eu não consigo, não posso, não devo ( mesmo que esse sentimento de liberdade não seja meu). Por exemplo, o que ocorre com o ensino público no país, onde desde o os primeiros anos até a formação superior, o seus pensamentos são moldados de acordo com a lógica do Estado e , não menos importante, da Economia. A história dos livros didádicos é a história que o governo quer contar. Nessas instituições, independentemente do grau, você encontra vários tipos de adversidades e injustiças, desde a falta de merenda e transporte adequados até problemas com a formação e o salário de professores. Contudo, não pode lutar contra elas pois já existiam antes de você( ja estão enraizadas) e se insistir em confrontá-las, as retaliações podem por em risco a sua formação. Os conselhos que mais recebe é "conforme-se", "acostume-se", seus pais te dizem: Faça o que eles mandam e sem reclamar.
Então você percebe que por mais que os modelos de ensino prezem pela criticidade, esta é apenas uma falácia e que aquele âmbito é apenas uma parte do todo.É o mesmo funcionamento.Durkheim ainda acerta ,mais uma vez, quando diz que o papel da educação é formar as peças da sociedade . Completo ,ainda, dizendo que formando os consumidores dessa economia capitalista. A corrupção se alastra por toda a sociedade dando suporte as mazelas socias, tais como a fome, a violência, a segurança e saúde pública entre muitas outras. E o que você pode fazer a respeito? Reclamar, criticar e revoltar-se?Nada disso adianta, pois nesse momento você já é uma peça moldada,um alguem alienado que certamente não vai querer mover-se, sua vida está boa desse jeito, sente pelos mais oprimidos mas não há o que fazer. Você até identifica o problema, mas isso não te diz respeito. É mais fácil acostumar-se quando se tem o que comer, o que vestir e alguma perspectiva de futuro. Isso até parece individualismo, mas não é. Isso é a sociedade impedindo que você tome atitudes, deixando-a seguir seu rumo sem intervenções, para que possa continuar oprimindo, marginalizando, roubando e matando. Isso é a tal solidariedade: contentar-se com sua vidinha, desempenhar seu papel sem revoltas. Você é uma celulazinha, se começar a tornar-se cancerígena vai logo ser eliminada em benefício do todo.
(Cap V)
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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