Vivemos em uma época de falsas certezas. Muitos acreditam que o ser humano, com todas as tecnologias desenvolvidas até então, finalmente conseguira controlar a natureza e que agora a humanidade cria as melhores condições para a sua sobrevivência sem precisar se submeter as condições naturais. No entanto, o dominação humana sobre o mundo se mostra como algo impossível. Um grande exemplo disso são as mudanças climáticas em decorrência da interferência antrópica na natureza, conseguimos modificar o relevo e o clima tornando a ambiente natural habitável,mas não conseguimos impedir que as consequências dessas interferências nos afetasse. Frente a tudo isso a grande questão é : o homem é capaz de controlar a natureza e assim dominar o mundo?
Analisando tal questão baseando-se no pensamento de Francis Bacon, a sociedade contemporânea deve mudar em muitos aspectos para que ocorra a superação das condições impostas pela natureza. Primeiramente, Bacon afirma que não se vence a natureza enquanto não obedecemos suas "regras", logo a conduta humana dominante ao longo de todos os séculos não obedece a tal premissa, uma vez que a maioria dos homens é constantemente dominada por uma mentalidade de embate com a natureza e não de obediência. E esse princípio baconiano de obediência as condições naturais tem sua aplicação prática, por exemplo na tecnologia empregada no Japão para atenuar o impacto dos terremotos, tais recursos tecnológicos não tentam impedir a ocorrência dos tremores, apenas primam pela segurança da população, o que fica garantido com o uso dos mesmos.
No entanto, a grande disparidade entre a filosofia de Bacon e a conduta humana contemporânea é o cultivo das falsas percepções do mundo feito pelos homens. Chamados por Bacon de ídolos, essas distorções da realidade se vinculam com a interferência de nossos sentimentos, das nossas relações estabelecidas com o mundo e com as várias representações do mundo que associamos. Atualmente, somos induzidos a todo momento para formar falsas percepções, a mídia e o marketing, por exemplo, nada mais são do que precursores para interpretações equivocadas do mundo e das nossas reais necessidades.
Se formos analisar a situação contemporânea e os pensamentos de Francis Bacon, a humanidade ainda está longe de dominar a natureza. Ainda somos muito influenciados por equívocos ou por visões pré-concebidas, logo não nos livramos das essências que , segundo Bacon, impedem que o conhecimento seja claro. Mas nessa situação o mais importante não é definir a parte que está certa e a que está errada, o que importa é questionarmos se se impor sobre o espaço natural é realmente necessário. Se mesmo com todas as especulações de Bacon e os avanços tecnológicos atuais ainda não foi possível se impor aos obstáculos da natureza de forma plena, não seria o papel do homem se harmonizar com todo o ecossistema ao invés de tentar dominá-lo a todo instante?
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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