No livro “A ética protestante e o “espírito” do capitalismo”, Max Weber busca explicar o fenômeno do capitalismo através do ponto de vista religioso, tendo foco na análise do protestantismo.
A escolha dessa religião não é aleatória. Historicamente, o capital encontrou sua máxima expressão em países cuja população é puritana, isto é, Estados Unidos e Inglaterra, principalmente.
Tal realidade se dá por causa dos princípios que regem seus dogmas, os quais diferem-se muito, em alguns sentidos, daqueles defendidos pelo catolicismo.
A Igreja Católica sempre condenou a obtenção de lucro, enquanto os protestantes viam na acumulação financeira um dos resultados das dádivas divinas. Dessa forma, estes aproximariam-se do céu à medida que mais riqueza tivessem, e aqueles afastariam-se do aconchego sobrenatural quanto mais apegados aos seus bens materiais fossem.
Na verdade, é preciso ressaltar que os ideais puritanos não consistiam num apego ao materialismo, mas ao trabalho árduo e à vida asceta, os quais, somados ao racionalismo do reinvestimento em lugar do consumo pessoal, levariam ao enriquecimento.
Do lado católico, o dinheiro representava apenas um modo de sobrevivência, então não havia necessidade de se buscar indeterminadamente a posse da riqueza. Tanto é que os mais abastados, mesmo não tão seguidores da doutrina da Igreja, acabavam por doar expressivos quinhões de suas fortunas como indulgência e como forma de remissão de seus pecados demonstrados pela própria realidade do patrimônio material.
Ademais, a importância da racionalidade capitalista apregoada pelos protestantes encontra lugar além da economia. A própria ciência se viu imbuída desses valores, bem como o direito, a administração e todas as outras áreas do conhecimento humano e das práticas sociais. Houve uma certa adoção de princípios “neutros” de análise, algo que muitas vezes ficava atravancado em culturas católicas, influenciadas pela estagnação de seu pensamento meramente religioso.
Assim, o atual paradigma econômico-social possui enorme contribuição da ética puritana, mormente em países cuja economia se baseia em um certo liberalismo. Aliás, este sistema foi muito bem aplicado nas nações de origem protestante.
Portanto, a importância da obra de Max Weber é imensurável e muito atual, pois explica toda a origem da atual conjuntura mundial.
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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