O Capital é um conjunto de livros de Karl Marx, escritos com o objetivo de criticar a economia política do sistema capitalista. É considerada por muitos a obra que marca o pensamento socialista marxista. Apesar de o “Das Kapital” tratar de vários e complexos aspectos do capitalismo, tais como mais-valia, capital constante e capital variável, acumulação primitiva, entre outros, este trabalho visa abordar apenas o Capítulo XIII do Livro I, denominado “A Maquinaria e a Indústria Moderna”.
Tal capítulo possui 10 tópicos e, já no primeiro momento, em que é esboçado o desenvolvimento da maquinaria, Marx traz a afirmação de que a maquinaria, “igual a qualquer outro desenvolvimento da força produtiva do trabalho, destina-se a baratear mercadorias e a encurtar a parte da jornada de trabalho que o trabalhador precisa para si mesmo, a fim de encompridar a outra parte da sua jornada de trabalho que ele dá de graça para o capitalista. Ela é meio de produção de mais-valia”, ficando nítida a dura e crítica mensagem do autor que se faz presente na obra inteira.
Em todo o restante do capítulo, através de uma linguagem detalhista, apresentando fortes argumentos com fartos dados, Karl percorre as entranhas do modo de produção capitalista, criando um ambiente propício para a realização de suas críticas, suas observações aterradoras. O mecanismo do capitalismo e também seus resultados são esmiuçados por Marx ao longo dos livros.
No segundo tópico do capítulo XIII, o autor afirma que, embora a ciência nada custe ao capital, ela se constitui em um poderoso meio de produção de mais-valia, do mesmo modo que a força produtiva resultante do trabalho coletivo. Assim, as forças da natureza são apropriadas com a ajuda de máquinas que, ao contrário, têm um custo, enquanto elas mesmas são produto do trabalho passado. Esses custos de produção do maquinário para exploração da ciência se transfere ao produto por ele criado.
Já o item (a) do terceiro tópico merece uma atenção especial, por tratar de um assunto muito discutido inclusive em nossa atual sociedade: o trabalho infantil. Segundo Marx, “à medida que a maquinaria torna a força muscular dispensável, ela se torna o meio de utilizar trabalhadores sem força muscular ou com desenvolvimento corporal imaturo, mas com membros de maior flexibilidade. Por isso, o trabalho de mulheres e de crianças foi a primeira palavra-de-ordem da aplicação capitalista da maquinaria!”. Ele cita um chocante anúncio de um jornal em que um inspetor de fábrica inglês pretende contratar operários com idade entre 12 e 20 anos, desde que aparentem (os de 12) possuir 13 anos (naquela época, crianças com menos de 13 anos só podiam trabalhar 6 horas por dia). Vale ressaltar que a exploração direta do trabalho familiar se constitui num poderoso meio de aumento da mais-valia, pois permite ao capital contar com vários dias simultâneos de trabalho ao invés de apenas um, e, dessa forma, romper com os limites naturais do dia de trabalho de um único indivíduo.
Karl trata de outros pontos espinhosos, como as longas jornadas de trabalho, a disputa entre trabalhador e máquina, a teoria da compensação (a qual afirma que toda maquinaria que desloca trabalhadores sempre libera, simultânea e necessariamente, capital adequado para empregar esses mesmos trabalhadores), aspectos da legislação fabril, etc.
Entre as consequências da mecanização do processo de trabalho sobre a classe trabalhadora, Marx destaca duas: o encarecimento da vida do trabalhador e de sua família e o aumento intensivo e extensivo da jornada de trabalho.
POSTADO POR ALYSSON PIMENTA RODRIGUES – 1º ANO – DIREITO NOTURNO
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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