domingo, 24 de junho de 2012

Ação

"Point to the sky then point to the ground/ certain things can't be defined/ Scream at the gears that turn them around/ Can't escape pass all fallen time" 
Klippa


A formação de um indivíduo em uma sociedade é um processo complexo, visto que é ele produto de múltiplos valores que são nele engendrados desde seu nascimento. Todas as suas ações seriam então resultado dos valores a sua disposição. Para chegar à objetividade social Weber então desvendará todos os fatores que implicam na ação humana.
Preocupava-se com a ascensão da ideia marxista para estudos sociais, que aplicaria pré-noções e determinismos ante a pesquisa, o dogma do econômico. Dedicou-se portanto ao estudo das diversas dimensões do pensamento social, como a religião, a cultura, o direito, a sociologia e também a economia, para poder assim entender quais os valores que movem o indivíduo e combater o dogmatismo na ciência.
Esse combate se dá pois, ao atribuir-se um dogma, uma causa única a um fato científico, elimina-se também a necessidade de sua explicação. Não cabe à ciência ditar o que os atores sociais deverão fazer, mas somente a compreender os fatos que estão sendo analisados, sem neles interferir, buscando suas raízes mais profundas.
Concluirá em seus estudos que as ações de um indivíduo poderiam então se dar por diversas razões: influenciada pelas tradições locais ou culturais; tomadas em momentos de alta emoção, onde não cabe a racionalidade; relacionadas à algum valor que se possui ou que se quer defender; ou tomadas com vistas a determinado objetivo.

Os mistérios da individualidade humana

             O ser humano, para padronizar as diversas repartições da sociedade, cria, mental e formalmente, espécies de fórmulas em que o indivíduo passa a ser analisado pelas características externas. Surgem assim, vertentes como o determinismo de raça, meio e momento histórico. Além de serem preconceituosas e taxativas, tais linhas de pensamento falham fortemente ao presumirem que, uma cicatriz, uma quantidade elevada de melanina ou o meio ambiente em questão possam revelar a complexidade e os mistérios da individualidade humana.
          Jane Austen, renomada escritora inglesa do século XIX, em seu romance "orgulho e preconceito" ilustra como as impressões iniciais e os pensamentos deterministas podem ser extremamente equivocados. Os protagonistas do romance "Elizabeth Bennet" e "Fitzwilliam Darcy" possuem, inicialmente, aversão um pelo outro: Elizabeth considera Darcy orgulhoso e o fato de o jovem possuir grande riqueza reforça as impressões de que o mesmo seja insensível e desagradável; Darcy, por sua vez, pela inferioridade social de Elizabeth e por extravagâncias cometidas pela família da moça, considera-a como uma mulher sem propriedade e simples como os demais no condado.
          O romance desenvolve-se e o contato entre tais protagonistas faz com que ambos percebam o quão tolos foram ao formularem um julgamento prévio: Darcy mostra-se leal, sensível e, inclusive, generoso; Elizabeth, revela-se determinada, inteligente e sagaz. Descobrem ,ainda, que são semelhantes em vários aspectos. A aversão inicial transforma-se em um amor mútuo.
          Nota-se ,assim, que o preconceito e a análise da vida a partir de uma visão estereotipada, jamais poderão ser considerados meios eficientes para o entendimento de algo ou de alguém. O indivíduo, ainda que sofra influências externas, não pode ser considerado resultado delas, pois, afinal, a essência humana e os sonhos e anseios individuais são únicos, não havendo método ou fórmula capaz de determiná-los.
    

O tipo Ideal


Max Weber, em sua obra “A objetividade do conhecimento social na ciência social e ciência política”, expõe um método para chegar a uma verdade científica. Tal método é o do tipo ideal.
O tipo ideal consiste numa visão totalmente idealizada do objeto a ser estudado. Por exemplo, o tipo ideal do aluno de escola pública: negro, das camadas mais baixas da população, adepto de religiões evangélicas, influenciável, etc. Weber posteriormente diz que o tipo social não existe na realidade, é apenas ferramenta para organizar-se o pensamento e chegar a verdade científica.
Para alcançar a verdade científica segundo Weber, deve-se fazer uma comparação entre os fatos e o tipo ideal. Ou seja, no exemplo dado comparar o aluno de escola pública idealizado com o real aluno de escola pública. 

Um autor weberiano?


            
            Era 1958 quando o autor Raymundo Faoro resolve publicar um livro, que resulta de uma extensa pesquisa referente a todo o processo evolucionário em relação a política brasileira, um livro com o nome de “Donos do Poder: A formação do Patronato politico brasileiro”. A obra analisa toda a história política do Brasil, desde a Revolução de Avis, com seu inicio em 1383 até o período pos-Vargas em 1958.
            A obra, em principio, logo após a sua publicação, provocou certo estranhamento por parte da intelectualidade da época, principalmente na Universidade de São Paulo, composta por acadêmicos como Florestan Fernandes e Francisco Weffort, pelo fato de contrariar a lógica da dialética marxista para analisar a história e ao invés de focar na infraestrutura, como propõe a teoria marxista, o autor se utilizou da analise da superestrutura, que representa o estudo do Estado, ao invés da sociedade civil.
            Além disso tudo, o autor foi um dos primeiros, e principais, intelectuais a usar as ideias de Weber em seus trabalhos. Um exemplo disso é a própria ideia de “estamento” burocrático, na qual todo o livro gira em torno, que é retirada das teses weberianas, as quais por natureza representam uma oposição a dialética marxista.
            Por fim, muito foi dito que Faoro fosse um anti marxista, mas talvez essa não fosse a questão, frente a dificuldade a definir se Marx era um historiador, um economista, um cientista político ou um sociólogo, talvez Faoro apenas fosse um Weberiano.

Método weberiano aplicado ao direito


Max Weber, em sua obra “A objetividade do conhecimento na ciência social e na ciência política” (1904), desenvolve um inovador método sociológico, propondo novas incumbências aos sociólogos. Esses, em sua concepção, devem compreender as ações sociais, que podem ser sintetizadas como toda forma de comportamento humano, buscando estabelecer nexos lógicos para compreensão dos valores que as nortearam.
A complexidade da ação social passa a ser encarada por meio do indivíduo, uma vez que ele é resultado das diversas faces que o compõem, contrapondo-se enfaticamente a vertente determinista científica. Portanto, as pessoas e as comunidades, segundo a metodologia weberiana, devem ser analisadas de acordo com sua cultura, convicções religiosas, moradia, etc. Como reverbera o autor: “E quanto mais ‘gerais’, isto é, abstratas, são as leis, tanto menos contribuem para as necessidades da imputação causal dos fenômenos individuais e, indiretamente, para a compreensão da significação dos acontecimentos culturais”.
Essas ações sociais podem ser agrupadas em quatro tipos, pautando-se por critérios racionais, emocionais e tradicionais. A ação social racional pode ser impulsionada por um objetivo, por exemplo, quando um garoto de favela esforça-se para ingressar no ensino superior, ou por um valor, presente em engajamentos de luta armada. Distanciando-se do caráter racional, nota-se ações sociais emocionais, crimes passionais ocorrem diariamente em pleno século XXI, e tradicionais, por exemplo, o carnaval ou supertições arraigadas nas raízes da sociedade.
As premissas weberianas possuem um elo intrínseco com o meio jurídico, com enorme ênfase à criminologia, pois essa terá como alicerce central a análise do perfil psicológico e social do criminoso, buscando compreender as causas e origens de determinado ato criminoso, por exemplo.  Em oposição ao caráter weberiano de combate as leis generalistas, destaca-se o determinismo criminalístico de Lombroso, preocupado em encontrar traços diferenciais que singularizassem os criminosos, criando “tipos”. Essa atitude de Lombroso perpassasse, até os dias atuais, na nossa sociedade, no qual favelados e marginalizados surgem como os potenciais sujeitos de qualquer crime, por exemplo.
Outro paralelo possível com o direito, pautado nas técnicas sociológicas de Max Weber, refere-se às sentenças do poder judiciário. Baseado no sociólogo, os juízes devem travar uma luta incessante para não permitir que seus valores sejam transpassados para seus julgamentos, no qual qualquer experiência pessoal deveria ao máximo ser distanciada, conferindo assim maior credibilidade e possibilidade de justiça mais “racional”. Obviamente, que essa atitude do judiciário parece utópica, mas deve ser buscada e praticada da melhor maneira possível.
Apesar das teorias de Max Weber datarem há mais de 100 anos, manifestam-se de modo muito presente e efetivo na nossa sociedade, com especial ênfase no cenário jurídico. 

Metodologia Weberiana
           
Ao longo da historia muitos foram os métodos usados para se desenvolver e conhecer a ciência. Como a metalinguagem de um poema, buscava-se uma ciência para se fazer ciência, ou seja uma forma de desenvolvê-la. Para isso muitos pensadores pensaram em formas para se obter resultados concisos e mais corretos. E é pensando nisto que Weber demonstra os métodos próprios da sociologia.
           
        Weber demonstra que as ciências sociais não devem ser atreladas a ideologias, a valores já embutidos, ou seja, a dogmatismos, que são comuns dentro das religiões. Dessa forma ele retoma um pensamento similar ao cartesiano, ao exigir um ceticismo de quem está buscando resultados. Alem disto se torna impossível ter um método, uma formula da qual se use sempre e obtenha os resultados esperados dentro de uma ciência puramente empírica, a chave do estudo se encontra unicamente na pratica neutra, sem a imposição de respostas prévias. Weber afirma também que leis são meios e não fins dentro da analise sociológica, ou seja, as leis que regem certos raciocínios nada mais são, do que formas já observadas de se chegar ao resultado, e não o resultado em si.
            
           Assim como Marx, Engels e Comte, Weber acredita na positividade do conhecimento, na metafísica, na busca dos objetivos.
          
            É tomando como base os pensamentos de Weber, que se busca uma interpretação mais pessoal das relações sociais, tentando entender pessoas individualmente e não usando um método único para todos, tentasse compreender os valores do outro pensando nele, pensando como ele, e dessa forma tornasse possível a ação social, ou mesmo a garantia dos direitos humanos. 

A matemática sociológica Weberiana


Ultimamente, o Brasil viveu mais um escândalo político que sobrevoou a mídia por diversos dias: o caso de Demóstenes Torres. Além de a mídia distorcer muito as informações, como dizer que Carlinhos Cachoeira é bicheiro, por exemplo, é de se levar em conta que o acontecimento tomou proporções absurdas, não faltando provas para mostrar à população a evidência dessas.

Indubitavelmente, a corrupção é elemento influenciável no retrocesso sócio-político nacional, porém não corresponde nem a 10% dos problemas brasileiros. Estes possuem raízes históricas, fazendo com que a conclusão que se tira disso é a de que nem a educação nem a corrupção são as causas, mas sim a falta de democracia histórica do país. É aí que entra Max Weber na problematização do tema proposto. O político, na maioria das vezes (sem generalizações), prefere escolher um assunto consensual – como a corrupção – para atingir a população e contaminá-la com o “denominador comum”, expressão esta utilizada por Weber.

Assim, é claramente mais fácil chegar ao eleitorado propondo uma questão que parece de simples resolução do que expor o longo processo histórico-político da sociedade e, desse modo, criar respostas para tal. Como se percebe ao longo do capítulo A ‘objetividade’ do conhecimento na ciência social e na ciência política, o “denominador comum” serve tanto para estabelecer objetivos ruins quanto para os objetivos bons.

Aprofundando ainda mais, cada um é erguido e firmado por uma verdade. Porém, se não houver uma busca ou estabilidade dessa verdade, o homem não se aquieta, buscando a resolução de seus problemas. De outro lado, percebe-se que após toda a reflexão e busca por uma verdade, não encontramos soluções, mas apenas suposições de resoluções. Não obstante, essa facilidade que os políticos chegam aos seus eleitores se deve, exclusivamente, à solidificação das perspectivas de cada um e, por isso, propostas consensuais como a reforma da educação, a erradicação da pobreza e o combate à corrupção são extremamente aceitos na sociedade.

Por fim, chega-se à conclusão de que transformações drásticas na política brasileira serão improváveis, pelo menos nas próximas décadas, pois a aceitação de um consenso de promoção de respostas é inegável. Tal conclusão pode estar equivocada, levando em conta que a França é um exemplo atual de transformação política. Porém, o que se seguem são as tendências, as quais dificilmente alguém é capaz de refutar. 

Crítica ao materialismo Histórico

             Weber um dos autores que constitui o suporte da construção da sociologia como ciência, explora conhecimento em áreas pouco mencionada nas ciências sociais, como por exemplo, no campo da economia e religião. Sua observação busca entender os valores que engendram o cenário social, desta forma a sociologia deve “compreender” a partir de múltiplos focos de estudo, os valores dos indivíduos de uma determinada sociedade, não se atendo unicamente a sua classe social como fator determinante. 


 Visto isso podemos afirmar que Weber é um sociólogo da complexidade, por isso  a sociologia deve ser ciência empírica, que visa desnudar a sociedade, que estuda a concretude da vida e não apenas traça conjecturas abstratas sobre o que se passa. Desta forma para chegar a uma explicação minimamente objetiva sobre o cenário social, deve-se buscar desnudar todos os fatores que implicam nas ações humanas, para tal Weber utiliza-se do “Individualismo Metodológico”, um método que visa analisar a ação do individuo e não da classe, para ele cada individuo não importando que classe seja, escolhe dentre seus valores o modo de agir.

Por isso o sociólogo critica o fato de que na analise social ao potencializar as características econômicas rebaixa as demais condições, por vezes o próprio conceito de economia o desfigura, pois  dogmatismo socialista do Materialismo dialético se mostra como um perigo, pois coloca os determinantes econômicos afrente de quaisquer outros, eliminando a possibilidade da cultura das tradições e tudo aquilo que não faz parte da economia.

  Dessa forma a critica Weberiana tem como alvo os denominadores comuns dos outros métodos científicos e busca uma maior objetividade através da complexidade. A compreensão social deve se dar por meio dos valores do objeto de estudo e não do cientista, ao segundo cabe compreender e entender os valores de seu fato de estudo.
 

  
  
    
   
   

Do tipo ideal para o indivíduo


     Uma mulher de classe alta, loira, branca, cristã, casada com um empresário de sucesso. Um tipo ideal que a sociedade logo julgaria sob estereótipos dos mais variados. Se olharmos a fundo, vemos que ela é uma médica, proveniente de uma classe trabalhadora, torce para o São Paulo e gosta de ópera tanto quanto de micaretas.  
     O que podemos tirar dessa análise? Que o individuo é único. Ele possui uma pluralidade de valores que o condicionam e determinam suas atitudes. Olhar apenas o que é determinado pela sociedade, que a moça rica e loira não deve ter cultura ou não ter inteligência, vai de encontro com a crítica de Max Webber ao determinismo, aquilo que “deve ser”.
     Segundo Webber, devemos combater esse tipo de olhar o mundo. O dogmatismo, leis que podem ser falsas, mas são aceitas incondicionalmente, deve ser evitado e permanecer apenas no campo da religião, não da ciência. O olhar da ciência deve voltar-se para a sociedade, numa análise do indivíduo na sua singularidade de valores, não generalizar.
     Não podemos criar leis universais para uma análise sociológica, pois quanto mais gerais elas são, mais distantes da realidade se tornam. Elas devem ser apenas um ponto de partida, de onde começaremos uma análise mais profunda daquilo que ocorre no real. E esse ponto de partida utiliza de um recurso, o tipo ideal, um projeto daquilo que pode ser observado ao primeiro contato. Ele é abstrato, uma construção metodológica e não deve ser levado como verdade.
     Partindo do tipo ideal para o individuo, poderemos entender mais a fundo o que ocorre de verdade, deixando para trás presunções e afirmações sem veracidade. Torna-se assim, mais fácil enxergar a médica que escuta Beethoven e lvete Sangalo, vê filmes franceses e novelas mexicanas. O que não podemos deixar ocorrer é que os tipos ideias ofusquem a nossa visão.


Murilo Martins

Legado weberiano


Ao se deparar com o trabalho realizado por Max Weber (1864 -1920) deve-se lembrar, antes de tudo, que foi um homem que vivenciou momentos muito atribulados da história europeia: da unificação alemã até a 1ª Guerra Mundial e é claro que esses fatos influenciaram nos escritos de suas obras.

Interessante lembrar que Weber faz várias rupturas com alguns autores anteriores, a exemplo de Comte e Durkheim. Durkheim, por exemplo, queria equiparar a sociologia às ciências naturais como a biologia, buscando uma total objetividade. Weber, ao contrário, afirma que a ciência humana trabalha com uma OBJETIVIDADE POSSÍVEL, ou seja, ele acredita que o sociólogo deve buscar o máximo de objetividade, mas pondera, proferindo que é impossível não ter um mínimo de subjetividade na produção do conhecimento humano. Além do que, Max supera a visão evolucionista/teleológica/determinista presente na teoria de Comte e Durkheim, ou seja, Weber não prega a existência de uma linha evolutiva para o desenvolvimento da sociedade. Isso porque Weber acredita que a sociedade é um feixe inesgotável de fatos, ou seja, um certo contexto social possui infinitas possibilidades de análises e que a realidade se baseia na AÇÃO SOCIAL.

A ação social, por sua vez, parte de um indivíduo em direção a uma outra pessoa e possui um fim que está relacionado em como o outro indivíduo se comportará, esperando um resultado “X”. No entanto, numa sociedade composta por tantas pessoas é impossível adivinhar a resposta exata de toda a sociedade. Weber classifica a ação social em quatro tipos: a) ação racional com relação a um objeto; b) ação social com relação a um valor; c) ação afetiva ou emocional; d)ação tradicional.

Um outro conceito importante desenvolvido no trabalho de Weber é o TIPO IDEAL. Max afirma que o sociólogo exagera a realidade, ou seja, pega um determinado contexto social e transforma em um conceito. É um recorte exagerado de um determinado aspecto social para facilitar o estudo e a compreensão de como a sociedade é composta.

A sociologia composta por Weber tem caráter compreensivo e não determinista. Weber acredita que a economia, a política, a religião, a cultura, por exemplo, existem ao mesmo tempo e estão interagindo entre si e influenciando a formação da sociedade. Desse modo, Weber critica o “denominador comum” do marxismo que seria a economia.  No entanto, será mesmo que a teoria marxista é determinista? O socialismo científico prega que a análise da sociedade tem início com a infraestrutura, que seria um primeiro contanto com a realidade, a partir disso, o homem conseguiria desenvolver uma série de pensamentos formulando, assim, a ideologia, a superestrutura. A partir dessa análise, muitos afirmam que Marx e Engels são autores deterministas, no entanto, muitos defendem que há um equívoco nessa conclusão: com a formação da superestrutura haveria uma ligação e uma troca de influências entre a superestrutura e a infraestrutura, uma modificaria a outra e serviria de base à outra. Desse modo, seria errado afirmar que a teoria marxista é de fato determinista.

Embates e polêmicas à parte, Max Weber foi um grande homem de seu tempo, deixando um legado imprescindível para a construção de uma sociologia mais crítica e construtiva.

A racionalidade weberiana


Max Weber, famoso sociólogo alemão, baseia suas análises na chamada ciência empírica, isto é, ele analisa as concretudes da vida e não suas abstrações. Dessa forma, ele comprova o seu racionalismo, pois analisa somente os casos que podem ser explicados pela razão. Consequentemente ele é contrário aos dogmatismos presentes na ciência, dizendo que isso pode estar presente apenas na religião.
            Outro aspecto fundamental para o estudo de weber é entender o seu compreensivismo, ou seja, compreender o sentido da ação social, que é determinada por um sentido e movida por certos valores. Nesse sentido ele afirma que é preciso ‘’compreender  a ação do outro a partir da compreensão do mesmo’’, não permitindo que o cientista, dessa forma, transborde seus valores para as suas análises.
            A partir desses conceitos ele elabora passos para a compreensão dos fatos científicos. São eles: a análise dos objetos, seguida da análise das combinações de fatores, da procura por conexões anteriores e, por último, do estabelecimento das chamadas ‘’constelações de possibilidades’’ para o futuro. Finalmente ele estabelece a forma de se atingir a verdade científica, a qual advém da comparação entre os fatos e o que ele denomina tipo ideal, isto é, aquilo que é objetivamente possível, mesmo que por vezes seja considerado utópico.
            Por essas e outras considerações tão pertinentes, Weber atingiu tamanho reconhecimento mundial. E mesmo que por muitas vezes criticado, seu estudo se mostra indispensável.

Dinamica social

Diante de propostas metodologicas muito simplistas, que so determinam os fatos sociais por uma unica razao, como por exemplo o materilaismo historico, que ,considera apenas o aspecto economico em sua analise; Max weber propoe uma analise atraves de uma combinacao de multiplos fatores.Mostrando  os fatos sociais de maneira mais profunda e complexa,e comtempla uma melhor explicacao ou solucao para estes. Dentro de sua metodologia, cria  o tipo ideal , uma tipologia indutiva, servindo como um referencial de analise. Importante destacar que Weber deixa claro que o ipo ideal nao existe, e imaginado, e o ponto de partida para compreensao da realidade.

Pensando o aspecto juridico dessa proposta, talvez teriamos nos tribunias decisoes mais justas e menos pessimistas positivistas, porque se entenderia a dinamica social a fundo e nao apenas uma unica  visao do real. Talvez conseguissemos concretizar a visao de direito como justica social. Porem a implementacao de tal metododo parece bem complicada, pois a sociedade cobra uma rapidez na resolucao das decisoes judiciais e,   tambem ha essa cobranca por parte dos empregadores , dificultando o carater pratico, mas vala a pena implementa-lo , pois seus beneficios serao muitos. Assim o direito, na modernidade, se tornou a valvula de escape das tensoes sociais, recorre-se sempre  a justica para efetivar certos direitos fundamentais,  para cobrar a incorporacao de novos , criando leis para todas as situacoes e assim, um “fetiche” pelas normas (e talvez esse seja um dos problemas modernos no direito).O direito tem que acompanhar, num ritmo acelerado, a dinamica da sociedade ,ja que o sistema  social como um todo nao tem funcionado em sua plenitude, assim sobrecarrega-se uma das partes, trazendo um peso  excessivo sobre o funcionamento juridico,sobre os  juristas e o direito , porem nao e so essa area que deve cooperar para a plenitude da sociedade, mas todas as demais.

Jessica Duquini

O valor da sua ação


Quais valores influenciam as suas ações? Weber define seu objeto de estudo como sendo a ação social, a qual é formada por uma rede muito complexa de valores, ou seja, que não é causada por apenas um elemento, mas que existe o peso da cultura e dos valores das pessoas nas suas ações; seria uma ação que é orientada pela ação dos outros, portanto, toda ação social é determinada por outra ação social, e ela só tem significado se existir o envolvimento de outra pessoa. Diferente de Durkheim, que acredita que a sociedade sobrepõe-se ao indivíduo, ao dizer que os fatos sociais são exteriores, Weber acredita que o indivíduo sobrepõe-se à sociedade, e, diferentemente de Marx, acredita que o econômico nem sempre é o determinante.
Weber utiliza uma sociologia compreensivista para entender a realidade social, tendo como metodologia a neutralidade das coisas, a partir do momento em que foi escolhido o que será estudado você dever buscar uma explicação objetiva, já que os valores contaminam a ciência. Para analisar essa realidade, Weber constrói tipos ideais para a orientação da referida análise, separando-as em quatro ações sociais fundamentais, sendo elas: ação social racional com relação a fins, ação social racional com relação a valores, ação social afetiva e ação social tradicional.
A ação social racional com relação a fins  é orientada pelo resultado final da sua ação, como por exemplo um estudante que passa o ano inteiro estudando para obter o seu fim, que é garantir uma vaga no curso e na faculdade que deseja, se outras pessoas não estivessem estudando não haveria concorrência e a preocupação com o estudo não estaria muito presente; ação social racional com relação a valores: a ação é determinada pelos princípios do ator da mesma, podendo ser desde um valor político até um religioso; ação social afetiva, que é movida pelos sentimentos, podendo ser percebida em uma ação determinada pelo ciúmes, como por exemplo uma briga, ou uma ação determinada pelo carinho, como um abraço; o ultimo tipo ideal de ação seria a ação social tradicional, que traz os valores da onde você nasceu, da sua religião, da sua cultura, como por exemplo a cerimônia de um casamento.

Pragmatismo social


Bacon em sua obra “Novum Organum” aponta uma nova forma de filosofia e para tanto uma nova visão. O filósofo critica enfaticamente o uso da filosofia apenas para a dialética e propõe o seu uso pratico empírico. Ao adotar esse método, permite-se que a filosofia não se esterilize e sirva como instrumento para melhorar a condição humana de vida. Uma materialização da filosofia, a qual é transposta em obras facilitadoras para a sociedade.
Essa versão empírica de filosofia e ciência, contemporaneamente, é vista em diversas esferas da vida em sociedade. Buscam-se cada vez mais soluções praticas para o cotidiano e esquece-se do estudo para contemplação, por exemplo, como nos estudos das artes, ou um estudo que acrescente conhecimento que não seja usado na pratica, apenas teoricamente. Com isso deixa-se de apreciar diversas obras, tanto filosóficas, artísticas, quanto literárias, as quais acrescentariam muito para toda a sociedade.
Marina Precinotto da Cruz, Direito Diurno.

Visão Social de Marx Weber

              É natural ao homem o uso de valores próprios para analisar o que o cerca. E embora seja o senso crítico importante para a emancipação do ser, ao tratarmos de pesquisas cientificas este é prejudicial. Weber tinha conhecimento disso ao afirmar que o Juízo de Valor é o ponto de partida da ciência, pois é a partir dele que o estudioso inicia seu trabalho, mas que esse não deve ser utilizado durante o desenvolvimento da pesquisa, para que a análise pessoal não interfira na busca da verdade. 
            Nossa presente dificuldade em nos livrarmos do julgamento pessoal nos impede de analisar com precisão o mundo social. Sendo este uma complexa mistura de mentalidades, culturas e valores, é necessário uma visão 'limpa' e livre de preceitos. Método quase que inalcançável pela maioria dos homens, já que nossa forma natural de análise se baseia em comparação e desconsideração de pluralidades. 
         O que ainda menos pessoas enxergam, é que essa forma de visão prejudica o crescimento e desenvolvimento social positivo. Amarras de pensamento como essas geram preconceito e depreciação de pessoas que por não se encaixarem na percepção de 'adequado' socialmente acabam por serem excluídas, julgadas. Fato este que pode ser observado a qualquer momento na presente sociedade. Frente a isto é importante que a humanidade mude sua forma de análise e exclua preceitos que impedem a visão de mundo real, assim como proposto por Weber.

Nicole Gouveia Martins Rodrigues

Weber critica a ideia determinista da ciência e o dogmatismo do materialismo histórico pois ele a afirma que a função da sociologia é a compreensão dos indivíduos e dos valores na sociedade. Ele critica o "denominador comum" e propõe o "tipo ideal", que seria não um "dever ser", mas uma organização da complexa realidade. O confronto entre os fatos e o tipo ideal originaria a verdade científica.
Se analisarmos a nossa atual sociedade sob a ótica de Weber, encontraremos muita razão. Generalizar uma classe social, um grupo de indivíduos segundo um parâmetro não expressam a verdade, nem tão pouco a realidade. Isso porque as pessoas se distinguem em diversos fatores, e não em apenas um. Temos, dentro de uma mesma classe social diferenças gritantes entre as pessoas, temos diferenças físicas, culturais, ideológicas, e muitas outras. Por isso generalizar os grupos humanos adotando como critério uma única característica é um erro que nos afasta da verdadeira realidade.
Weber, ao propor que a ciência social compreendesse cada caso isoladamente, independentemente dos outros entendia que essa generalização era um equívoco, e portanto que o conhecimento do geral não deveria ser tomado como objeto de análise.


A Influência Revolucionária do Materialismo Histórico


   A compreensão do materialismo histórico e sua dogmática, na análise de Max Weber, sofreram criticas no que condiz a estagnação das relações entre trabalho e formas de produção sendo que, para ele, essa dogmática acaba por não explicar os fatos sociais. Daí sua critica a proposição marxista da luta de classes como forma de integrar esses fenômenos.

  Marx trata o materialismo histórico como a ferramenta capaz de incitar revoluções, sendo esse inspirado nas relações entre sujeitos pelas quais fica evidente a exploração de homens por outros homens, tornando evidente a necessidade de mudança na ordem social. Assim sendo, fica claro para Marx, que a única maneira de se realizar uma revolução é a revolta das classes oprimidas contra as opressoras, a chamada luta de classes, que segundo ele historicamente, sempre regeram as mudanças de regime.
   
  Mas de que forma então realizar as mudanças sociais sem que o materialismo histórico de Marx interfira no proceder revolucionário? É necessária para Weber uma ponderação a respeito das influências que as formas culturais exercem sobre a estrutura política e econômica da sociedade. Sendo inevitável a implementação de ideias como forma de alcançar uma ordem burocrática que atendesse as necessidades do mundo moderno.  





Weber, Durkheim e Marx pela genocídio das teorias absolutas.


       Não só as ciências exatas, mas todos os ramos do conhecimento estão fadados a corrosiva ação do tempo, entenda-se tempo como fator que concebe novos pensadores com habilidade e disposição ímpar na refutação de teorias que o antecederam. Presume-se então a impossibilidade da existência de leis, quando a mesma apresenta caráter de plenitude, nada é eterno, inclusive as teorias.
        Tomo como base o pensamento weberiano, dialogando criteriosamente no sentido de complemento ou negação para com os pensamentos marxista e durkheimiano, em uma complexa e fluida dança de retóricas , na construção dos parágrafos que se seguem, com perdão da metalinguística.
      Weber constrói o conceito de ação social embasado na figura do agente, de suas ações e do significado que elas apresentam, carregadas de propósitos e intenções, enquanto Durkheim constrói o conceito de fato social embasado no corpo letivo da sociedade e em como este corpo modifica e determina as ações de um ser, que perde o posto de agente para o de subordinado à ações que lhe são incutidas coercivamente pelo meio social que o rodeia.
       No aspecto supracitado , é notável a divergência  no foco de ação para esses dois autores, enquanto o primeiro individualiza, o segundo não o faz , além de reduzir tudo à coletivização.
        Marx era adepto à teoria determinista, quase dogmática, da economia como fator único na geração de todos os fenômenos sociais , a história era movida pela luta de classes, as relações entre os homens se resumiam no fator explorador/explorado e o fatalismo revolucionário era quase certo, mediante ao estagio de alienação que o homem estava alcançando.
      Diferentemente de Marx, Weber até concebe o critério econômico como de grande, se não de maior, relevância na determinação de outros fatos, mas não o limita como único. Ele se apega ao capitalismo como fator racionalizador da vida, a sociedade capitalista representaria o horizonte de sua época, queria por isso se aprofundar acerca de suas origens e fundamentos e assim o tentou fazer, foi onde Marx não fora, em “O espirito capitalista e a ética protestante”.
      Dada brevidade propiciada pela proposta de espaço por meio do qual veiculo, concluo, sem mais delongas, que a riqueza do pensamento sociológico se dá justamente pela sua ampla capacidade de reinvenção. O irrefutável matutino tornar-se-á o ultrapassado vespertino.







Uma História do Subúrbio


                Joaquim foi um menino do morro carioca, de condições financeiras escassas, mulato, filho de operário. Perdeu a mãe muito cedo e foi criado pelo pai e madrasta. Logo perde também seu pai. Sua madrasta, para sustenta-lo, trabalha como doceira na porta da escola pública onde ele frequentaria as aulas regularmente se não tivesse que auxiliar a madrasta no trabalho. Todos esses revezes no contexto político do século XIX, em que os olhos do Estado dificilmente se voltavam a pessoas como ele.
                A história de Joaquim se assemelha a de muitos jovens em condições semelhantes. Que alternativa resta a esse mulato do morro carioca, se não a marginalidade, a miséria, a ignorância e a alienação? Pobre indivíduo à margem da sociedade, certamente mais um dentre muitos outros jovens pobres que serão estatisticamente tratados como  a escória da sociedade brasileira.
                Para Weber, essa análise precoce não é o bastante para se compreender as ações sociais dos indivíduos. Embora as condições sócio econômicas de Joaquim pareça nos levar a crer que a ele não resta nada além da pobreza e marginalidade, Weber proporia uma análise mais minuciosa, tentando afastar os nossos valores da investigação social e levar em conta vários outros fatores culturais e individuais da pessoa humana, de forma que a análise deve compreender o ser de maneira holística e individual.
                Evidência, leitor, de que essa análise parece mais pertinente está no fato de Joaquim ter se tornado o maior escritor brasileiro de que se tem notícia. Presidente perpétuo da Academia Brasileira de Letras, Joaquim Maria Machado de Assis escreveu por diversos gêneros textuais e é reverenciado até hoje pelos leitores e escritores de todo o país.

Quantidade e qualidade

A visão de Weber sobre a sociologia e como ela deveria ser empregada é uma mudança bem-vinda ao método científico. Antes dela, a ideia de classes e de seus interesses predominava sobre a importância do indivíduo como atuante na sociedade.
É pertinente que o estudo da sociedade tenha um enfoque maior no coletivo e em interesses que sejam comuns a uma classe. No entanto, não se deve deixar de lado os diversos outros fatores que compõem o desenvolvimento do indivíduo. É o estudo desses fatores que é defendido por Weber.
O estudo do direito não só se enriquece com o método weberiano, mas tem nele algo fundamental que eleva a disciplina a um patamar ainda mais humanístico. Ser capaz, como jurista, a entender os fatores que levam a pessoa a cometer determinadas ações levam a um julgamento mais profundo e mais responsável que configure parte da luta em direção à transformação social.
A dificuldade do método é de se encaixar em um sistema que demanda celeridade de processo e julgamentos rápidos. Dessa forma, muitos juristas optam por não utilizar da ciência de Weber por estarem afogados em processos ou ainda por se sentirem incapazes de alterar o sistema no qual estão inseridos. Falham, então, em enxergar a importância de uma sentença mal embasada e no que ela resulta no meio social.
Desconsiderar o passado do réu, a sua educação e sua origem, o meio em que está inserido e as dificuldades pelas quais ele passa é ser mero operador do direito, atuar como máquina produtora de sentenças. Não há, portanto, transformação social, muito menos qualquer tipo de real ajuda ao indivíduo julgado, o qual possui grandes chances de reincidência por causa disso.
Essa inefetividade do direito em se posicionar diante das questões sociais é o que gera o preconceito e a desconfiança popular em relação à disciplina afastando, assim, ainda mais as camadas populares do acesso à justiça.
Assimilar Weber ao estudo do direito é trazer qualidade à disciplina e às suas ações.

Generalizar é válido?



A função da Sociologia, para Weber é compreender o sentido da ação social, a qual não é determinada por um mecanismo único e sim por uma rede complexa de mecanismos do indivíduo, que inclui valores, cultura, emoção, razão, entre outros.
Dessa forma, ele cria uma metodologia compreensivista, criticando o determinismo científico e o materialismo dialético vulgar (generalizações), como se observa na seguinte passagem: “jamais pode ser tarefa de uma ciência empírica proporcionar normas e ideais obrigatórios dos quais se possa derivar ‘receitas’ para a prática”. Para entender uma ação social deve-se levar em conta mais do que conceitos pré-determinados, estereótipos e formulações genéricas, como a ideia de que as forças econômicas são sempre as determinantes das ações. Sempre que a ciência usa das generalizações, ela perpassa por caminhos mais práticos, mas que, ao abstrair, dissolve as características mais singulares de um objeto.
O sociólogo classifica a ação social em 4 tipos: ação racional com relação a um objeto ou a um valor, ação afetiva ou ação tradicional. Nota-se, portanto, que a ação não depende de apenas um fator, mas de vários interligados entre si, ou seja, há uma pluralidade de condicionamentos.
Para fazer sua análise, Weber também busca a objetividade e, para isso, ele acredita que o investigador, que não é neutro, deve se despir de valores próprios e analisar mediante valores do próximo. Sua ferramenta metodológica é o confronto entre o tipo ideal, um estereótipo, e os fatos, chegando a constatação de que ele não existe.
Seus estudos deveriam ser assimilados pelos estudantes de direito, pois cada vez mais se tornam meros operadores do direito, não conseguindo pensar além de categorias. Assim, a simples aplicabilidade das leis não permite o vislumbramento da complexidade do ator social, gerando problemas maiores não só para ele, mas como também para a sociedade observada como um todo.

Críticas weberianas para a sociedade contemporânea

      Somos seres dotados de valores e certas convicções  e  estes são elementos indispensáveis para a nossa formação enquanto humanos dotados de opiniões e de capacidade crítica. Nossa personalidade é arraigada em nossas convicções, o que inevitavelmente influencia em nossas análises sobre os outros e sobre as situações cotidianas. Por isso, se torna tão complicado afirmar que realmente exista alguém que faça uma análise da sociedade com  total neutralidade. Max Weber afirmava que não existe neutralidade, e essa afirmação por diversas vezes tem uma forte carga de veracidade.
      Segunda a análise weberiana a ação social possui uma complexidade, uma vez que esta é determinada por um sentido e movida por valores. Essa combinação de sentido e valores torna a ação social um objeto de estudo complexo, pois a sua análise deverá ser feita com os valores que orientaram tal ação e excluindo os valores de quem está a analisando. No entanto, essa regra da análise social pregada por Weber possui uma grande dificuldade em ser seguida. Nós procuramos sempre adequar, ou no mínimo comparar, tudo com as nossas definições de certo e errado e desconsideramos as percepções alheias que não nos agradam, e assim, nos julgamos os donos da verdade desconsiderando o fato de que a sociedade é formada por uma pluralidade da qual fazemos parte. Sendo assim, somos incapazes de promover uma verdadeira análise social, pois não nos desprendemos de nossos valores. Tal fato, possui diversas outras consequências. É possível afirmar que a grande intolerância que possuímos ao que é diferente do que julgamos como bom tem uma relação intrínseca com a dificuldade que temos em compreender e aplicar o método de análise weberiano.
     Incapazes de compreender os valores de outrem, acabamos por generalizar as diferentes opiniões e as diferentes maneiras de agir. Se alguém contesta alguma situação que julga estar errada, logo vem a "parcela generalizante" para classificá-lo como "revoltado". O mesmo acontece quando vemos alguém escutando uma música relacionada com a vida nas favelas, e essa mesma "parcela generalizante" vem taxá-lo de "bandido favelado". A generalização é um dos grandes obstáculos para uma melhor compreensão da sociedade e das diferenças; para Weber a generalização destroí as características singulares do objeto.
    Ao comparar alguns de nossos comportamentos com algumas análises weberianas, é perceptível que tais análises funcionam como críticas ao comportamento contemporâneo. Cabe a nós, após estudar a ideologia de Weber mudarmos a nossa maneira de analisar o mundo e parar de procurar sempre um "tipo ideal" em tudo, uma vez que este não existe na realidade, ou seja, precisamos nos desapegar do objetivamente possível e aceitarmos a realidade, que também pode ser agradável, se pararmos de tentar enquadrar tudo na nossa concepção de perfeito.
     Para Weber a função primordial da sociologia é a compreensão do sentido da ação social, na qual esta é determinada por um sentido e movida por valores. Assim ele faz crítica à ideia determinista da ciência, dizendo que a ciência e a política são distintas e cada uma com a sua vocação.   
     Weber também critica o dogmatismo do materialismo histórico, pois não há como a história explicar todos os fatos sociais não tendo esta um denominador comum. Assim o autor, preocupado com a difusão do socialismo nas universidade, faz crítica ao método marxista de utilizar a luta de classes como denominador comum.
      A respeito do tipo ideal suas considerações revelam que este não corresponde a algo que "deve ser", mas ao objetivamente possível, tendo sua atuação como formação de organizar o caos e a complexidade do real. A partir do tipo ideal temos a comparação com os fatos chegando assim a verdade científica.
      Enfim, Weber classifica a ação social em quatro tipos possíveis: 1) Ação racional com relação a um objeto; 2) Ação social com a relação a um valor; 3) Ação afetiva ou emocional; 4) Ação tradicional. Dessa maneira ele constrói os tipos ideais que norteiam as relações sociais, que a Sociologia estuda, na medida em que a realidade é infinita. 
      
Guilherme Paim

Resultado emocional


Segundo Max Webber, a os valores do pesquisador não devem interferir no resultado da pesquisa. Um pesquisador que seja egresso da sociedade soviética russa, quando analisar o contexto no qual o capitalismo social se desenvolveu, não deve colocar utilizar o socialismo como base de sua avaliação. 
Além disso, ele também divide as ações sociais em quatro tipos, sendo uma delas a ação afetiva, quando o ator social baseia-se em suas emoções para efetuar a ação. Podemos identificar tal ação na mundialmente famosa hexalogia “Star Wars”, de George Lucas, mais especificamente no filme “Star Wars – A vingança dos Sith”, quando a esperança do fim da guerra, um jovem chamado Anakin Skywalker, trai tudo que acredita ser certo para aliar-se com o vilão, tentando, dessa maneira, obter poderes para salvar sua esposa da morte.
Dessa forma, toda uma sociedade foi prejudicada porque o jovem Anakin não mediu as consequências de sua atitude perante aqueles que colocavam nele sua esperança. Assim é também com as ações sociais; podem ter resultados tanto positivos quanto negativos, sendo, agora sim, fundamental os valores do ator social.

A ciência e o real

Na convivência humana produzem-se diversos preconceitos, julgamentos baseados no vago, sem o cuidado de conhecer e experimentar. O determinismo é o pior caminho para se obter o real, a verdade, a ciência, pois não se fundamenta na pesquisa de campo, não se importa em analisar profundamente a ideia geral ou o pré-conceito para poder comprová-los ou negá-los.

Essa postura de aceitar verdades incondicionais sem questionar parece-se com uma postura religiosa, quando o conhecimento aproxima-se da religião. Porém, fazer religião não é fazer ciência, fechar julgamentos e pensamentos sem estudá-los não é fazer ciência.

Para Max Weber, a análise social não deve ser um choque de valores, deve-se compreender os valores do outro. Os indivíduos são complexos e suas ações são de acordo com várias determinantes, eles são resultados de múltiplos valores. Essa é a teoria do individualismo metodológico, em que compreender a partir dos valores do indivíduo é a melhor forma de se atingir o real, a objetividade da ciência.

É natural que se tenha pré-conceitos embutidos na cultura e nos costumes dos povos, porém o que não se deve é aceitá-los como verdade, pois a ideia geral, o tipo ideial, não é o fim da análise, é o início, é o princípio da análise, o ponto de partida, portanto não corresponde a algo que deve ser, mas ao objetivamente possível. A ciência e o real não são tão rápidos de se obter quanto a linha isntantânea dos preconceitos aninhados na sociedade, é preciso o mínimo de esforço para conhecer o outro.

Ingrid Betancourt e Max Weber


O Individualismo Metodológico para Max Weber é a análise comportamental de uma sociedade através dos valores, da cultura, do local de moradia daquela comunidade, entre outros aspectos que devem ser considerados, afim de compreender a forma de agir dos seus indivíduos.

Considerando a Sociologia como uma ciência social, assim como Weber pretende defender, essa análise extra condenatória, que visa a compreensão da ação social alheia, sem o confrontamento de culturas, é um meio imparcial de enxergar outras comunidades.
Um estudo sociológico, que embora não o busque ser, mas que pode ser considerado como tal é o livro auto-biográfico “Não há silêncio que não termine” de Ingrid Betancourt, ex-senadora franco-colombiana que passou cerca de 7 anos como sequestrada das FARC na Colômbia. Embora seja um estudo sociológico compulsório, ela não estava naquele meio por vontade própria, tendo muitas vezes tentado fugir, sem sucesso como se vem a saber, seu relato é válido na compreensão daquela comunidade terrorista, como é considerada no meio internacional.

Não sendo ela uma socióloga e nem pretendendo o ser enquanto em cativeiro, seu relato não é imparcial, mas sua análise dos guerrileiros e do movimento em si vai se alterando conforme ela compreende melhor como funciona sua estrutura e ela passa a enxergá-los como pessoas cruéis, sim, muitas vezes, mas que trazem por trás de si uma história. Grande parte do quadro de guerrilheiros é composto por colombianos de baixa renda que viram nas FARC uma forma mais digna e com certo embasamento ideológico, embora hoje completamente corrompido, de viver do que a vida de criminoso, porque essas eram suas opções majoritárias, para não dizer únicas.

Ingrid Betancourt certamente faz juizos de valor, o que é compreensível pela sua situação, mas ela se permite analisá-los, entendê-los como comunidade e indivíduos, demonstrando que o Tipo Ideal formado principalmente na mídia sobre os guerrileiros nem sempre corresponde à realidade. Sendo assim, ela se utiliza do Tipo Ideal como proposto por Weber, que não é o fim da pesquisa sociológica, ou seja, não é o que o sociólogo visa buscar, mas o que ele tem como hipótese inicial, que pode ou não ser comprovada. E se tratando de seres humanos, nunca é 100% confirmada; mas isso não é ruim, só demostra que nós, seres humanos, somos mais complexos que meras fórmulas e os “desvios comportamentais” são na realidade nossa individualidade e personalidade aflorando. 

Relativismo weberiano


“E quanto mais ‘gerais’, isto é, abstratas, são as leis, tanto menos contribuem para as necessidades da imputação causal dos fenômenos individuais e, indiretamente, para a compreensão da significação dos acontecimentos culturais”
Max Weber

Na compreensão sociológica de Weber, há o conceito de “tipo ideal”, um instrumento metodológico para a análise de um fato ou ação social. Como afirma Weber, esses “tipos ou “leis” não devem ser colocados como fim que se deseja alcançar, mas algo que seja objetivamente possível, provável, dentro da experiência comum de um fato social. O “tipo ideal” atua como organização das hipóteses, a primeira perspectiva em relação ao objeto e é da comparação entre ele e a realidade que se oriunda a verdade cientifica.
Esse método de Weber encontra lugar na discussão de como implantar os direitos humanos na ordem contemporânea, tendo como referência a Declaração Universal de 1948. A partir dessa Declaração, o Direito Internacional dos Direitos Humanos inicia seu desenvolvimento, criando tratados internacionais de proteção que refletem a atual consciência ética dos Estados e o consenso acerca dos direitos humanos, na busca dos parâmetros mínimos aplicáveis a todas as nações.
Consolidam-se assim os desafios do sistema global da ONU (Organizações das Nações Unidas) em conviver com a enorme diferença cultural e de valores que alguns países possuem em relação à própria fundamentação dos direitos humanos. O debate entre universalismo e relativismo cultural origina-se no dilema a respeitos dos fundamentos supramencionados: as normas podem ter sentido universal ou são culturalmente relativas?
Segundo a autora Flávia Piovesan, para os que defendem o universalismo, os direitos humanos são intrínsecos à condição humana digna e é essencial se estabelecer o mínimo de regras internacionais para a tutela da dignidade humana. Os relativistas afirmam que os fundamentos desses direitos e valores decorrem da visão política, econômica, social e cultural vigente em cada cultura, que possuem seus aspectos históricos particulares e seus direitos fundamentais. Na crítica dos relativistas, o universalismo prega os interesses eurocêntricos ocidentais e as culturas não são homogêneas para se aplicar o mesmo conceito de direito, de ético, de digno.
Assim, para Weber, o “tipo ideal” proveniente da teoria geral dos direitos humanos no caso da implantação destes seria abandonado. Deve-se buscar um método investigativo para que se aproxime da verdade científica. Ou seja, Weber descreve o que pode ser chamado de relativismo, quando aplicado ao debate dos direitos humanos, cultural.
Nessa direção, o autor Bhikhu Parekh, citado por Flávia Piovesan, defende um universalismo pluralista, que se aproxima muito das concepções relativistas, ainda que coloque a existência de valores mínimos de direitos humanos a todos, afirmando: “O objetivo de um diálogo intercultural é alcançar um catálogo de valores que tenha a concordância de todos os participantes. A preocupação não deve ser descobrir valores, eis que os mesmos não têm fundamento objetivo, mas sim buscar um consenso em torno deles. (...) Valores dependem de decisão coletiva. Como não podem ser racionalmente demonstrados, devem ser objeto de um consenso racionalmente defensável. (...) É possível e necessário desenvolver um catálogo de valores universais não-etnocêntricos, por meio de um diálogo intercultural aberto, no qual os participantes decidam quais os valores a serem respeitados. (...) Esta posição poderia ser classificada como um universalismo pluralista.” Esse poderia ser um caminho seguido pela sociologia de Weber, o mais próximo da verdade científica dessa discussão.


REFERÊNCIAS:

PIOVESAN, Flávia. Declaração Universal de Direitos Humanos: Desafios e Perspectivas. Rev. TST, Brasília, vol. 75, nº 1, jan/mar 2009.
BHIKHU, Parekh. Non-ethnocentric universalism, In: Tim-Dunne e Nicholas J. Wheeler, Human Rights in Global Politics, Cambridge, Cambridge University Press, 1999, p.139-140.

Teoria de Weber em "A Onda"




A produção cinematográfica alemã “A Onda” (Die Welle), de 2008, baseia-se em um fato ocorrido na Califórnia, EUA, no ano de 1967. O filme relata um experimento prático feito por um professor de ensino médio para tentar explicar aos seus alunos o fenômeno da autocracia de uma forma mais atrativa. Inicialmente, os próprios alunos defendiam, em sala de aula, a impossibilidade de se ocorrer outro regime autoritário semelhante ao fascismo. Contudo, em um pequeno espaço de tempo o movimento proposto torna-se realmente um mecanismo de controle. Aquele que não aderisse ao movimento “A Onda” era punido e excluído; padronizaram-se roupas, e estipularam gestos e desenho simbólicos.
                Ao analisar o longa-metragem por um olha weberiano, podemos identificar a crítica que o sociólogo faz da liderança carismática baseada na devoção do poder pessoal. Para Weber, o próprio indivíduo e a sua subjetividade são o fundamento da ação social, que se dá entre as pessoas. O controle de um sobre o outro é exercido pelos próprios sujeitos sociais. Para a sua sociologia, o motivo do sujeito e quem o mesmo tem como referencia são objetos de estudo essenciais.  Além disso, a história e a sociedade também seriam consequências da ação intencional desse controle de um ser sobre outro.
Para o sociólogo, o sentido social da ação pode ser de caráter racional (fins e valores) ou pode ter natureza irracional (emoção e tradição). Dessa maneira emergiriam vários tipos de dominação (racionais, tradicionais, carismáticas), sendo que, muitas vezes, é a própria irracionalidade das massas que resultará na obediência das normas estabelecidas, como afirma o Gansel, o diretor: "se o líder é forte, carismático, as pessoas se anulam cada vez mais. É fácil seduzi-las com ideias de superioridade. Elas terminam por se eximir de sua responsabilidade. Passam a cumprir ‘ordens’, que são legitimadas pelo senso comum, como ocorreu na Alemanha, no passado. A Onda é sobre educação, deseducação, sobre responsabilidade social”.
                Além da análise dos tipos de poder apresentados na teoria de Weber, há a possibilidade de compreensão (de acordo com passagens do filme) dos sentidos que as ações de um indivíduo contêm, e não apenas o aspecto exterior das mesmas. O fato em questão não deve se esgotar em si mesmo, pois ele poderá apontar para um complexo de significações sociais, carregadas de sentido. 

Para quem ainda não assistiu o filme, segue abaixo o link com o trailer, vale a pena.http://www.youtube.com/watch?v=ZbyCJEIRBaA