domingo, 24 de junho de 2012

Ingrid Betancourt e Max Weber


O Individualismo Metodológico para Max Weber é a análise comportamental de uma sociedade através dos valores, da cultura, do local de moradia daquela comunidade, entre outros aspectos que devem ser considerados, afim de compreender a forma de agir dos seus indivíduos.

Considerando a Sociologia como uma ciência social, assim como Weber pretende defender, essa análise extra condenatória, que visa a compreensão da ação social alheia, sem o confrontamento de culturas, é um meio imparcial de enxergar outras comunidades.
Um estudo sociológico, que embora não o busque ser, mas que pode ser considerado como tal é o livro auto-biográfico “Não há silêncio que não termine” de Ingrid Betancourt, ex-senadora franco-colombiana que passou cerca de 7 anos como sequestrada das FARC na Colômbia. Embora seja um estudo sociológico compulsório, ela não estava naquele meio por vontade própria, tendo muitas vezes tentado fugir, sem sucesso como se vem a saber, seu relato é válido na compreensão daquela comunidade terrorista, como é considerada no meio internacional.

Não sendo ela uma socióloga e nem pretendendo o ser enquanto em cativeiro, seu relato não é imparcial, mas sua análise dos guerrileiros e do movimento em si vai se alterando conforme ela compreende melhor como funciona sua estrutura e ela passa a enxergá-los como pessoas cruéis, sim, muitas vezes, mas que trazem por trás de si uma história. Grande parte do quadro de guerrilheiros é composto por colombianos de baixa renda que viram nas FARC uma forma mais digna e com certo embasamento ideológico, embora hoje completamente corrompido, de viver do que a vida de criminoso, porque essas eram suas opções majoritárias, para não dizer únicas.

Ingrid Betancourt certamente faz juizos de valor, o que é compreensível pela sua situação, mas ela se permite analisá-los, entendê-los como comunidade e indivíduos, demonstrando que o Tipo Ideal formado principalmente na mídia sobre os guerrileiros nem sempre corresponde à realidade. Sendo assim, ela se utiliza do Tipo Ideal como proposto por Weber, que não é o fim da pesquisa sociológica, ou seja, não é o que o sociólogo visa buscar, mas o que ele tem como hipótese inicial, que pode ou não ser comprovada. E se tratando de seres humanos, nunca é 100% confirmada; mas isso não é ruim, só demostra que nós, seres humanos, somos mais complexos que meras fórmulas e os “desvios comportamentais” são na realidade nossa individualidade e personalidade aflorando. 

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