domingo, 24 de junho de 2012

Teoria de Weber em "A Onda"




A produção cinematográfica alemã “A Onda” (Die Welle), de 2008, baseia-se em um fato ocorrido na Califórnia, EUA, no ano de 1967. O filme relata um experimento prático feito por um professor de ensino médio para tentar explicar aos seus alunos o fenômeno da autocracia de uma forma mais atrativa. Inicialmente, os próprios alunos defendiam, em sala de aula, a impossibilidade de se ocorrer outro regime autoritário semelhante ao fascismo. Contudo, em um pequeno espaço de tempo o movimento proposto torna-se realmente um mecanismo de controle. Aquele que não aderisse ao movimento “A Onda” era punido e excluído; padronizaram-se roupas, e estipularam gestos e desenho simbólicos.
                Ao analisar o longa-metragem por um olha weberiano, podemos identificar a crítica que o sociólogo faz da liderança carismática baseada na devoção do poder pessoal. Para Weber, o próprio indivíduo e a sua subjetividade são o fundamento da ação social, que se dá entre as pessoas. O controle de um sobre o outro é exercido pelos próprios sujeitos sociais. Para a sua sociologia, o motivo do sujeito e quem o mesmo tem como referencia são objetos de estudo essenciais.  Além disso, a história e a sociedade também seriam consequências da ação intencional desse controle de um ser sobre outro.
Para o sociólogo, o sentido social da ação pode ser de caráter racional (fins e valores) ou pode ter natureza irracional (emoção e tradição). Dessa maneira emergiriam vários tipos de dominação (racionais, tradicionais, carismáticas), sendo que, muitas vezes, é a própria irracionalidade das massas que resultará na obediência das normas estabelecidas, como afirma o Gansel, o diretor: "se o líder é forte, carismático, as pessoas se anulam cada vez mais. É fácil seduzi-las com ideias de superioridade. Elas terminam por se eximir de sua responsabilidade. Passam a cumprir ‘ordens’, que são legitimadas pelo senso comum, como ocorreu na Alemanha, no passado. A Onda é sobre educação, deseducação, sobre responsabilidade social”.
                Além da análise dos tipos de poder apresentados na teoria de Weber, há a possibilidade de compreensão (de acordo com passagens do filme) dos sentidos que as ações de um indivíduo contêm, e não apenas o aspecto exterior das mesmas. O fato em questão não deve se esgotar em si mesmo, pois ele poderá apontar para um complexo de significações sociais, carregadas de sentido. 

Para quem ainda não assistiu o filme, segue abaixo o link com o trailer, vale a pena.http://www.youtube.com/watch?v=ZbyCJEIRBaA

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