domingo, 24 de junho de 2012

Uma História do Subúrbio


                Joaquim foi um menino do morro carioca, de condições financeiras escassas, mulato, filho de operário. Perdeu a mãe muito cedo e foi criado pelo pai e madrasta. Logo perde também seu pai. Sua madrasta, para sustenta-lo, trabalha como doceira na porta da escola pública onde ele frequentaria as aulas regularmente se não tivesse que auxiliar a madrasta no trabalho. Todos esses revezes no contexto político do século XIX, em que os olhos do Estado dificilmente se voltavam a pessoas como ele.
                A história de Joaquim se assemelha a de muitos jovens em condições semelhantes. Que alternativa resta a esse mulato do morro carioca, se não a marginalidade, a miséria, a ignorância e a alienação? Pobre indivíduo à margem da sociedade, certamente mais um dentre muitos outros jovens pobres que serão estatisticamente tratados como  a escória da sociedade brasileira.
                Para Weber, essa análise precoce não é o bastante para se compreender as ações sociais dos indivíduos. Embora as condições sócio econômicas de Joaquim pareça nos levar a crer que a ele não resta nada além da pobreza e marginalidade, Weber proporia uma análise mais minuciosa, tentando afastar os nossos valores da investigação social e levar em conta vários outros fatores culturais e individuais da pessoa humana, de forma que a análise deve compreender o ser de maneira holística e individual.
                Evidência, leitor, de que essa análise parece mais pertinente está no fato de Joaquim ter se tornado o maior escritor brasileiro de que se tem notícia. Presidente perpétuo da Academia Brasileira de Letras, Joaquim Maria Machado de Assis escreveu por diversos gêneros textuais e é reverenciado até hoje pelos leitores e escritores de todo o país.

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